aderir…

Os seres humanos vivem numa complexa rede de relações interpessoais, no interior da qual se estabelecem relações de confiança, que nos levam a acreditar em muitas coisas que não são demonstráveis nem filosófica nem cientificamente. O cristianismo surgiu precisamente de uma teia de relações que se estabeleceu entre os primeiros cristãos, com base nos profetas do Antigo Testamento e em experiências dos contemporâneos de Jesus. Os cristãos acedem a Deus com base na experiência de encontro com Cristo ressuscitado feita pelos primeiros cristãos, experiência que fundamenta toda a tradição cristã e que se prolonga, nos nossos dias, na celebração comunitária da fé e na vida de oração pessoal, com as exigências práticas que daí derivam. A este lastro de sustentação racional da fé cristã há que somar outra condição crística: a alegria de aderir e o sentido de liberdade que se pode viver no processo da existência.

JP in Sem categoria 10 Fevereiro, 2025

deixar…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 5, 1-11

«Deixaram tudo e seguiram Jesus»

Os cristãos, em última análise, são frágeis seguidores de Jesus, o Cristo. O relato de Lucas fala-nos de pesca, de abundância, de deixar tudo e seguir Jesus. A pesca corria mal mas a presença de Jesus trazia abundância. Fascinados com essa plenitude resultante da amizade com Jesus, os discípulos mudaram a orientação da sua pesca, deixaram tudo e tornaram-se “pescadores de homens”. Os critérios de Cristo convidam-nos a uma recentralidade humanista: são os outros homens e mulheres que nos importam. Os cristãos podem provocantemente perguntar-se: Que pesca fazemos? Como “convocamos” Jesus para nos acompanhar naquilo que nos importa? Como sentimos a abundância da Sua presença? Que mudanças somos capazes de fazer para O seguir, “pescando” de outra forma?…

NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO V DO TEMPO COMUM


L1: Is 6, 1-2a. 3-8; Sal 137 (138), 1-2a. 2bc-3. 4-5. 7c-8
L2: 1 Cor 15, 1-11 ou 1 Cor 15, 3-8. 11
Ev: Lc 5, 1-11

JP in Sem categoria 8 Fevereiro, 2025

narrativa cristã

Podemos ter uma boa sistematização da narrativa cristã se a entendermos nas suas três grandes dimensões, a programática, a performativa e a interpretativa. Seria assim, na fé: Deus precede a história, Deus intervém no rumo da história e Deus revela o sentido da história.

JP in Sem categoria 6 Fevereiro, 2025

Igreja de primeiros tempos


Será sempre difícil entender e renovar a Igreja (é ontologicamente próprio da Igreja renovar-se, por mandato evangélico) sem um olhar histórico, límpido e crítico das mentalidades reais das grandes épocas, desde os primeiros cristãos. E um regresso crítico aos primórdios, na dádiva de todos os tempos, é e será inevitável. Ali, no início, não sem confusão, havia sempre mais fraternidade do que hierarquia, mais serviço do que poder.

JP in Sem categoria 4 Fevereiro, 2025

largar…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 2, 2240

«Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor»

Dando cumprimento à Lei de Moisés, Maria e José levaram o Menino ao templo. O gesto central de Maria e de José, é o de oferecer o seu filho e, desta forma, estabelecer uma cumplicidade com a missão salvadora de Jesus e a sua doação a todos nós. Opõem-se ao gesto de oferecer, as atitudes de possuir, manipular, controlar, chantagear e construir expectativas formatadas. Quantas vezes, nas nossas relações (os pais em relação filhos mas não só), não teremos esta atitude de possuir, em vez de oferecer?… Apresentar, oferecer, largar, são bons verbos de inspiração para as relações dentro de tantas (sagradas) famílias que florescem no mundo.



Ev Lc 2, 22-40 ou Lc 2, 22. 39-40

JP in Sem categoria 2 Fevereiro, 2025

olhar como Deus

De todos os ‘mergulhos divinos através dos homens’ (sermos Seus pés, Suas mãos e Seus olhos) impressiona-me o olhar. Deus arrisca olhar através de mim e eu olharei como Deus olha se me souber tomar pela compaixão universal…

JP in Sem categoria 30 Janeiro, 2025

Sara: a estéril fecunda

Na experiência mais ou menos mitológica da centenária Sara, a estéril que tem um filho, não é o espetáculo obstétrico que importa: é a abertura ao futuro que – a convite da Bíblia – embala a humanidade…

JP in Sem categoria 28 Janeiro, 2025

libertar

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 1, 1-4: 4, 14-21
«restituir a liberdade aos oprimidos»

Na sinagoga, local religioso da Sua própria cultura, Jesus proclama ao que vem, fazendo pontes (páscoas…) antecipadas entre a tradição e a Sua própria novidade. Podemos centrar-nos no apelo à liberdade, aqui invocada como uma restituição, apelando a certa potencialidade, liberdade e bondade originais que nos constituem. Jesus e a(s) sua(s) igrejas, entretanto tecidas no tempo e no espaço, nem sempre sublinharam devidamente esta essência de liberdade. Mas certa opressão existencial, que pessoal e coletivamente carregamos, tem uma saída em Cristo. A(s) igreja(s), ou apontam esta liberdade, ou não serão de Cristo…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado anteriormente, neste blog.

DOMINGO III DO TEMPO COMUM


L1: Ne 8, 2-4a. 5-6. 8-10; Sal 18 B (19), 8. 9. 10. 15
L2: 1 Cor 12, 12-30 ou 1 Cor 12, 12-14. 27
Ev: Lc 1, 1-4: 4, 14-21

JP in Sem categoria 26 Janeiro, 2025

sinodalidade

A teologia, a cristologia e a eclesiologia terão de ser triangular mais harmoniosamente. Falo de entrelaçar ainda melhor a expressão racional das experiências de Deus, de Cristo e da Igreja, que tem como charneira a sinodalidade. Processo lento e custoso, mas fundamental.

JP in Sem categoria 24 Janeiro, 2025

excessividades…

Todos nós precisamos de um lado de excessos, por assim dizer. Do que experimentei, o lugar de excesso mais prazoroso e promissor é o da mística. Ali, sem limites, se pratica o excesso de gratidão, o excesso de valorização da abundância, o excesso de rendição, o excesso de entrega, o excesso de autenticidade, o excesso de abertura, o excesso de amor.

JP in Sem categoria 22 Janeiro, 2025