Hibridização
Hibridização
Na química,
os aromas mais nobres
são com eletrões de ninguém.
É tal ressonância
que emana
e se espalha em doação.
Na química,
como na química da vida,
é a partilha,
é a não pertença
que nos perfuma…
2019
Hibridização
Na química,
os aromas mais nobres
são com eletrões de ninguém.
É tal ressonância
que emana
e se espalha em doação.
Na química,
como na química da vida,
é a partilha,
é a não pertença
que nos perfuma…
2019
Não há nenhuma prova científica de que a nossa mãe nos amou desde que fomos concebidos dentro dela (pode ou não ter sido o caso…). Não temos nenhuma prova científica de que somos o fruto de uma relação de amor autêntico entre o nosso pai e a nossa mãe. Não temos nenhuma prova filosófica ou científica de que Picasso foi um pintor excepcional, ou de que a música de Beethoven é superior à de Wagner, ou de que a poesia de Sophia de Mello Breyner tem um enorme valor. Não há nenhuma prova científica de que a eutanásia é a melhor opção para quem quer terminar a sua vida em determinadas circunstâncias. Os críticos de arte não fazem qualquer apelo a testes empíricos realizados segundo a metodologia científica quando têm de atribuir um prémio ao melhor filme no festival de Veneza, ou ao melhor romance, ou livro de poemas num concurso literário. Poderíamos continuar a enumerar as áreas da vida humana nas quais a racionalidade científica não tem nem a única nem a última palavra. Em síntese, a ciência e a prova científica são muito valiosas mas há outras provas por provar. Destas provas, destaco povar a vida, vivê-la como ela é…
Reduzido
Toma lá,
dá cá,
electrão
já cá está.
Eu fico,
reduzo,
tu perdes,
oxidas,
tu largas
eu uso
electrão,
saltitão.
Reduzi,
oxidei-te
e daqui em
diante
serás oxidado,
e eu
oxidante.
Recebi,
reduzi,
mas também
te oxidei,
lei da vida
é assim:
recebi,
também dei…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
A Química é mesmo uma ciência dual: empírica mas racional, pragmática mas puxando pela imaginação. A Química, ao mesmo tempo, estuda objetos mas cria objetos, aproxima-se de leis gerais mas pulvilha-se de excepções. Talvez por isto goste de Química… porque também eu sou assim…
Seria desejável, para crentes e não-crentes, que questões e saberes se cruzassem numa malha de ciência e religião. À religião importa ajudar a Humanidade a saber viver, enquanto à ciência importa saber explicar os fenómenos da natureza. Neste sentido, religião e ciência não competem, antes se complementam. Talvez possam ambas cooperar no objectivo maior de compreender o mundo e o sentido da existência humana.
Dar sentido à vida não é só conhecer e compreender com a razão o que se passa à nossa volta. A religião continua a ter sentido porque, para quem acredita, sem ela faltaria sentido a muita coisa. Este facto, porém, não invalida que, no passado e, infelizmente, ainda no presente, haja quem use Deus para tapar os buracos da ignorância, científica e não só. Deus, está visto, não se agarra deste modo e não é um “tapa-buracos”.
Titulada
Pim, pim
cai,
assim,
na solução,
pim, pim
rumo
à neutralização.
No fim,
se indicador
se intromete,
nem sempre
vale
o pH sete.
Gráfico
escada,
subida,
escala andante.
Valor encontrado:
Sabia-se o titulante
Sabe-se o titulado…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
Os nomes dos elementos químicos e, mais ainda, as suas representações simbólicas (uma, duas ou três letras) têm também uma lógica, algumas vezes «escondida», que nos pode ajudar a entender melhor a natureza. O símbolo químico da prata, Ag, pode relacionar-se com Argentina, pois havia muitas minas de prata (argentium) naquelas terras da América do Sul (onde existe, aliás, o «Rio de la Plata»). A palavra platina é um diminutivo depreciativo de «plata» (prata) e o símbolo químico da platina é Pt (nada a ver com Portugal, bem entendido…).
Muitas críticas à Igreja Católica, de ontem e de hoje, são lúcidas, fundamentadas e úteis. Mas há que denunciar algum olhar viciado que muitos lançam sobre a Igreja, apenas sublinhando os aspectos negativos e, por vezes, anedóticos. O mundo está cheio de aspectos anedóticos, em todos os domínios. Para provar a inconsistência de uma realidade não chega enfatizar esses aspectos. Aliás, a própria ciência poderia ser alvo desse mesmo olhar (injusto): bastaria citar os muitos artigos publicados em revistas científicas e galardoados todos os anos com o Prémio Ignobel, que coloca a nu a inconsistência, por vezes mesmo fraude e desonestidade intelectual, que vão acontecendo no domínio científico. Caricaturar pessoas e eventos da ciência, assim como da religião, não invalida o seu sentido…
Cobre
Com sulfato
emparelhado,
em pedra
ou solução,
é belo de
azul
metal,
descrição.
Condutor
abraçado
isolante,
corrente
aqui
aparece
adiante.
Maleável,
valioso,
industrial,
abundante.
Ancestral
precioso
em moedas,
vibrante,
polido,
brilhante.
Não sei quem
é mais duro,
se sou eu
ou se és tu.
Gosto mais
do meu nome
pois teu
é feio
…é Cu…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)