Deus quer isto para ti…

Há uma frase proibida, mais comum do que o desejável nos corredores religiosos. Recomendo que, se alguém a ouvir, desconfie, torça o nariz e, porventura, se afaste. A perigosa frase é: “Deus quer isto para ti!” (especificação vedada a terceiros e sagradamente pessoal…)

JP in Sem categoria 6 Junho, 2023

prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Pd 2, 4-9

«Prontos sempre a responder, a quem quer que seja, sobre a razão da vossa esperança»

Em tempo de Santíssima Trindade, mistério da complexidade simples de um amor crucial circulante, Pedro, seguidor de Cristo, convida-nos a oferecer as razões da nossa esperança. O trabalho dinâmico de construção pessoal e comunitária das razões da nossa fé é essencial. Sendo a fé vivida uma adesão, passe-se o pleonasmo, de fé e de vida, não são irrelevantes as razões da nossa esperança. O curioso nesta referência da epístola de São Pedro é a nuance de estarmos sempre ‘prontos a responder’. Isso implica que o gesto para com os outros pode ser mais escutante, mais levantador das perguntas do que do lado do forçamento de afirmações categóricas e militantes. Para os cristãos, Jesus é a resposta. Mas percebe-se algo muito importante e nada óbvio, bem apontado por Tomás Halík: qual é a pergunta?…

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

L 1 At 6, 1-7; Sl 33 (34), 1-2. 4-5. 18-19
L 2 1Pd 2, 4-9
Ev Jo 14, 1-12

DOMINGO IX DO TEMPO COMUM – SANTÍSSIMA TRINDADE

L 1 Ex 34, 4b-6. 8-9; Sl Dn 3, 52.53-54.55acd-56
L 2 2Cor 13, 11-13
Ev Jo 3, 16-18

JP in Sem categoria 4 Junho, 2023

equilíbrios pedagógicos

Aspiro a um modelo pedagógico que não esconde as tensões, em que convergem os critérios salutares do ensino tradicional, como a exigência, o rigor, a disciplina e o trabalho, com ingredientes mais inovadores, como a criatividade, o jogo, o amparo emocional, a atenção à diversidade, a transdisciplinaridade e o trabalho de projecto.

JP in Sem categoria 2 Junho, 2023

criação…

Na criação de Adão, na capela Sistina, o dedo de Deus aponta do nada para o ser. Em linguagem de Ebner (filósofo austríaco pouco conhecido, mas cheio de potencial e lastro para o pensamento contemporâneo), o verdadeiro “tu” do nosso “eu”, é Deus. É o Eu Absoluto, esse Tu de que carecemos, que nos chama a partir da nossa insatisfação. Há uma convocação, que faz convergir a vocação e a Graça…

JP in Sem categoria 30 Maio, 2023

a paz esteja convosco

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-23

«a paz esteja convosco»

Em tempo de Pentecostes os cristãos celebram o Espírito Santo. É a transcendência amorosa que sopra no tempo e no espaço. Seria (quaisi) panteísta identificar o Espírito Santo com a realidade mas, por outro lado, vemos muitas vezes entendimentos etéreos de desproporção mística e (auto) engano, que fomentam uma esquizofrenia entre o corpo e o espírito, entre o transcendente e o imanente. Ora o que liberta e confere a Paz que Jesus quer dar é a integração amorosa das coisas e das essências, do Espírito que flui e que se torna vida real e concreta em nós. Neste sentido, o Espírito Santo, sopra no lastro amoroso da realidade amorosa acolhida.

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

DOMINGO DE PENTECOSTES


L 1 At 2, 1-11; Sl 103 (104), 1ab e 24ac. 29bc-30. 31 e 34
L 2 1Cor 12, 3b-7. 12-13
Ev Jo 20, 19-23

JP in Sem categoria 28 Maio, 2023

novidade espiritual…

Há alguns estados de vida em que nos instalamos um pouco no já tocado. Há que evitar esse sofá espiritual porque é anti-espiritual. Tudo o que é genuinamente espiritual abre-se constantemente à novidade do crescimento…

JP in Sem categoria 26 Maio, 2023

passados…

O passado tem um potencial imóvel (não se altera) e imobilizante (pode não fazer crescer). Depende da forma como nos colocamos diante dele (passado): ou nos constitui na rica memória e nos orienta por via de processos autocríticos construtivos, ou nos destrói e distrai, por via de comparações culpabilizantes. E se o passado é imóvel não é imóvel a forma como nos colocamos diante dele. Podemos sempre mudar de perspetiva e vê-lo a ele (passado), de outro ponto de vista. O mesmo passado pode esmagar ou libertar… O passado tem que ser trabalhado e integrado, o que se faz melhor na companhia de Alguém…

JP in Sem categoria 24 Maio, 2023

Padecendo

Olhando-me, padeço.
Morrente me encontro
e sempre assim fui.
Sacudo a vaidade.
Fui mais eu, quando
(estando)
me retirei…

JP in Sem categoria 22 Maio, 2023

de e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 28, 16-20

«ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»

O espírito missionário associado aos Cristãos (intrinsecamente apóstolos, porque discípulos) tem as marcas da história, nas suas luzes e nas suas sombras. Terá havido muitos ‘batismos forçados’ (ainda haverá mais vestígios do que julgamos?…). A proposta de batizar, de convidar a mergulhar no amor, carece da própria pedagogia cristã, sempre benévola, sempre conducente à liberdade. Por outro lado, a revalorização e resignificação dos batizados recentra-nos no essencial: a condição comunitária de viventes de uma Alegria que nos leva à liberdade. Permito-me uma nuance de ‘tradução forçada assumida’, consubstanciada na expressão: “ide e batizai-vos (vós mesmos) em nome…”. Quero dizer que Deus habita já de tal forma cada criatura humana, que o que vamos fazer (incluindo os ministros que servem o sacramento) é mergulharmos nós mesmos no amor de Deus… que (já e sempre) habita cada humano…

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

DOMINGO VII DA PÁSCOA

ASCENSÃO DO SENHOR – SOLENIDADE

L 1 At 1, 1-11; Sl 46 (47), 2-3. 6-7. 8-9
L 2 Ef 1, 17-23
Ev Mt 28, 16-20

JP in Sem categoria 20 Maio, 2023

grávidos…

Na imitação de Maria, inspiração fecunda da tradição Cristã, podemos entender-nos, também nós, como sendo “grávidos” de mundo e, assim, de Deus no mundo. Ao fazermos por ser útero vazio da realidade tal qual ela é, estamos a fazer por ser a própria alegria que exulta. A (pen?)última gravidez é a da própria morte: por isso, aceitar radicalmente, como treinado na vida, assim vivendo na própria morte, é eternizante…

JP in Sem categoria 18 Maio, 2023