dogmas e ortodoxia…
Rhaner diz-nos que o apego obstinado aos dogmas nos leva mais à heresia do que à ortodoxia…
Rhaner diz-nos que o apego obstinado aos dogmas nos leva mais à heresia do que à ortodoxia…
Há um lado meu que esteve, está e estará solenemente só…
É também aí, principalmente aí, que faço duas convocatórias:
a dos outros e a do totalmente Outro.
… e vivo menos só a minha soledade…
Entregue a este exercício, brotante da minha carente solidão, reconheço-me habitado por uma paradoxal e eterna Companhia…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se o Slm 32
«A Terra está cheia da bondade do Senhor»
Sermos capazes de ver e saborear as coisas boas é um elemento fundamental do nosso crescimento espiritual. Os Santos, em particular, são contemplativos, isto é, tentam ver com os olhos de Deus. Podemos olhar a nossa vida, os outros, a História, as situações e a Terra, salientando no que vemos “a bondade do Senhor”, conforme as palavras do Salmo. Não somos ingénuos e sabemos da existência do mal, dentro e fora de nós. Mas não conseguimos caminhar sem “atestar o depósito” da alegria, com a “bondade do Senhor”. Há uma palavra curiosa, neste contexto, que se pode convocar: a “abundancialidade” (da criação contínua…).
PS: Há uma linguagem própria das escrituras e da religiosidade, que pode precisar de resignificação. A expressão “Senhor”, por exemplo, pode ser encarada e vivida espiritualmente como um caminho de recentramento no que é essencial, num “qualquer coisa Outro” (O Senhor – amoroso), que não eu próprio…
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Is 53, 10-11; Sl 32 (33), 4-5. 18-19. 20 e 22
L 2 Heb 4, 14-16
Ev Mc 10, 35-45 ou Mc 10, 42-45
A nossa arte de ‘matutar’ não é necessariamente má. O que pode haver, é bons e maus ‘matutamentos’. O matutar para o empreendimento ético e de serviço é saudável. O matutar muito autocentrado e controlador será menos candidato a bons frutos…
As ciências, em geral, mas a biologia, em particular, no seu percurso histórico, começam a prescindir da metafísica. Melhor, substitui-se a metafísica filosófica por uma outra metafísica: a da crença na ciência, a da crença nas coisas… ainda que coisas com vida…
A química não foi semelhante à física ou a outras ciências no que concerne à sua história. Não se pode falar numa ‘revolução do tipo galilaica’, no caso da química. Pelo contrário, de forma muito contínua, a química vai-se instituindo enquanto ciência à medida que são tornados públicos os processos alquímicos e outras técnicas e procedimentos de misturas e produções. É desta popularidade, muito ligada ao quotidiano (aos metais e aos boticários, aos sabões e à cozinha…), de boleia com a imprensa e outros facilitadores de certa globalização, que a química se vai tecendo… Agrada-me participar numa ciência que nasceu tão participada…
Fico com a sensação que nos bastaria tomar o tempo como uma dádiva que existe sempre, até nós existirmos e porventura mais além. Ora, muitas vezes, antecipamos ou adiamos o tempo, em vez de ‘surfar’ nele como um dom…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se o texto Mc 10, 17-30
«Vende o que tens e segue-Me»
O repto lançado por Jesus ao jovem rico é, também hoje, lançado a cada um de nós. Ao cristão que se encanta e se aproxima de Jesus, querendo segui-Lo, é sempre pedido mais, como convite de liberdade e não como jugo pesado. As riquezas de que fala Jesus não representam essencialmente, embora também, o dinheiro e as coisas. Temos riquezas quando estamos cheios: de objetos, de projetos, de instintos possessivos, de nós mesmos. E alguém cheio de coisas dificilmente passa por uma porta estreita. O sentido espiritual da entrega é ‘o depósito’ do nosso jugo no colo de Deus, deixando-nos leves para o amor. Para este exercício, há que praticar o verbo largar…
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Sb 7, 7-11; Sl 89 (90), 12-13. 14-15. 16-17
L 2 Heb 4, 12-13
Ev Mc 10, 17-30 ou Mc 10, 17-27
Num trilho de humildade, a ciência colocar-se-ia numa perspectiva segundo a qual não tem o mundo na mão, nem sequer um pedaço dele… A ciência, antes constrói uma interpretação do cosmos que é, em certo sentido, provisória e parcial. Por isso, talvez felizmente, se possa dizer que há muito a saber além da ciência…
A profundidade busca-se na solidão, na quietude e no silêncio, mas, também, na relação, no gesto e na palavra. Importará um justo equilíbrio onde estar só qualifique a atenção ao outro, parar potencie o agir e silenciar abra espaço ao dizer ligante.