meios e fins…

Os meios não são fins, mas é difícil, senão impossível, caminhar em direção a finalidades sem meios… São exemplo de meios a disciplina, os rituais, o direito, o dinheiro, etc. Percebemos bem a fulcralidade destes meios se ensaiarmos viver ou imaginar o progresso sem eles. Entenderemos também o equívoco de fazer dos meios, fins, se observarmos as caricaturas que se desenham quando estes mesmos meios se tornam fins: algumas instituições e pessoas (alguns lados de nós?…) encarnamos esta desfocagem quando colocamos a disciplina, o ritual ou a lei como se fossem a meta. Não são! São balizas para o caminho essencial…

JP in Sem categoria 6 Maio, 2024

a vossa alegria seja completa

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 15, 9-17

a vossa alegria seja completa

A alegria que Jesus nos propõe, a mesma que experimenta na confiança de um amor garantido, é a alegria completa. Todos nós já experimentámos alegrias incompletas, isto é, superficiais e provisórias. Há coisas que nos dão satisfação fazer, que nos dão contentamento, mas, passado algum tempo, nos trazem nostalgia ou mesmo vazio ou solidão, porque parecem trazer o selo de alguma superficialidade e porventura, também de autocentralidade. Estar numa festa, por exemplo, pode ser palco de dois tipos de alegria: se se cultiva certo prazer, mais ou menos excêntrico, mas autocentrado, sem preocupação com os outros, gera-se contentamento… mas depois, possivelmente, solidão. Se se goza, igualmente, se se faz festa na festa mas pensando nos outros, filtrando os gestos e palavras pela peneira do amor, talvez haja alegria…completa!

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

L 1 At 10, 25-26. 34-35. 44-48; Sl 97 (98), 1. 2-3ab. 3cd-4
L 2 1Jo 4, 7-10 ou 1Jo 4, 11-16
Ev Jo 15, 9-17 ou Jo 17, 11b-19

JP in Sem categoria 4 Maio, 2024

trabalho

A palavra trabalho, no seu sentido primeiro, associa-se a um labor árduo e escravo. Podemos até encontrar na arqueologia da palavra o tripé onde se torturavam alguns humanos. Nos últimos séculos o conceito e a prática foram mudando e hoje, na nossa cultura, o trabalho seria um valor e, em termos político-económicos, um bem essencial. Também do ponto de vista psico-espiritual são muito estimulados trilhos de associar ao trabalho sentido, gozo, privilégio. Penso que este é o caminho mas falta construir o espaço e o tempo em que muitos outros possam abandonar os trabalhos pesados, dolorosos, desvocacionados, com mau ambiente ou com despotismo e, ao fim e ao cabo, se possa fazer convergir no trabalho a liberdade, o serviço e a alegria.

JP in Frases 2 Maio, 2024

Emaús acontecendo…

Emaús nunca aconteceu -Emaús está a acontecer. …A ressurreição de cristo e a nossa convergem: a cronologia dá lugar à ontologia.

JP in Sem categoria 30 Abril, 2024

toda a vara que em mim não dá fruto…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 15, 1-8

toda a vara que em mim não dá fruto…

A linguagem da videira, do fruto e da poda, tem uma coerência internainteressante e pode com grande facilidade ser antropoligizada. Sabemos que damos fruto se estivermos ligados à videira, que, na linguagem da nossa fé, é Deus-amor. A poda que é necessário fazer, nos ramos que precisamos de deitar fora, é uma constatação importante. Quando alguém nos aponta um defeito, uma atitude menos correta, um vício, temos natural tendência de “deitar as garras de fora”, de nos defendermos e até de contra-atacar. Inspirados neste Evangelho podemos ter um entendimento e um acolhimento diferentes das críticas que nos são feitas: possam ser (nem sempre são, bem entendido) instrumentos de reflexão para crescimento, para eventual poda e para dar mais fruto. Neste dinamismo de abertura à melhoria há uma verbo de fé importante: permanecer…

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

L 1 At 9, 26-31; Sl 21 (22), 26b-27. 28. 30. 31-32
L 2 1Jo 3, 18-24
Ev Jo 15, 1-8

JP in Sem categoria 28 Abril, 2024

a partir do trabalho quotidiano…

Os discípulos de Cristo acolhem o ressuscitado a partir das mãos calejadas do que sabiam fazer: pescar. Assim a esperança cristã se tece no palco do trabalho ordinário da vida quotidiana.

JP in Sem categoria 26 Abril, 2024

viver e morrer

Uma simples troca de palavras faz a Páscoa: não há como VIVER senão MORRENDO por amor…Não há como MORRER senão VIVENDO por amor…

JP in Sem categoria 24 Abril, 2024

tudo cá dentro de mim…

Quase todas as parábolas evangélicas que lançam dicotomias de tensão são para as colocar dentro do “eu” crente. O trigo e o joio, os lobos e os cordeiros, as virgens insensatas e as prudentes, o céu e o inferno… tudo isso mora, convive e luta dentro do mesmo “eu” crente…

JP in Sem categoria 22 Abril, 2024

Eu conheço as Minhas ovelhas e elas seguem-Me

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 10, 11-18

Eu conheço as Minhas ovelhas e elas seguem-Me

Os apóstolos têm no Apóstolo dos apóstolos, o Bom Pastor, o
seu modelo. Jesus conhece as suas ovelhas, o que no sentido metafórico pastorício é de uma grande relevância e dá um tom muito personalista à nossa Fé. Entendemos que Deus, em Jesus, conhece, “está com” e ama cada um de nós. Inspirador também para os cristãos, eles próprios apóstolos, é conhecer os outros: ouvir, “perder tempo” com eles, saber da sua vida, interessar-se pelos seus problemas (sem invasões, claro…). Esta atitude – e escreve quem a deseja, mas quem reconhece inúmeras dificuldades – não pode ser voluntarista e superficial. Esta atenção ao outro terá de brotar de uma atenção ontológica, ao que se é, onde se está e ao que se vive… Ninguém ama o desconhecido e conhecer os outros humanos é um aspeto incontornável da vida de todos. Conhecer os outros e interessar-se genuinamente por eles é, além de um mandato humano, um estilo agudamente cristão…

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

L 1 At 4, 8-12; Sl 117 (118), 1 e 8-9. 21-23. 26 e 28cd e 29
L 2 1Jo 3, 1-2
Ev Jo 10, 11-18

JP in Sem categoria 20 Abril, 2024

revelação participada

A revelação precisa do homem como o pão sem boca não seria alimento. Há uma apropriação dialética da comunidade face à revelação, onde dançam a interioridade e a tentativa de explicitação.

JP in Sem categoria 18 Abril, 2024