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Apresentam mais parecenças do que julgam, os descrentes categóricos e os crentes autoconvencidos: ambos não parecem ser buscadores de Deus…
Apresentam mais parecenças do que julgam, os descrentes categóricos e os crentes autoconvencidos: ambos não parecem ser buscadores de Deus…
Nas religiões cristãs é centralíssima a máxima de Jesus na cruz, normalmente enunciada como: “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonaste?”. Há duas nuances de tradução/interpretação que são em si próprias estimulantes à reflexão e, porventura, a alguma reteologização da cruz: “Meu Deus, Meu Deus, para que me abandonaste?” e “Meu Deus, Meu Deus, a que me abandonaste?” …
Dar ao outro a liberdade de me largar é muito exigente, mas em si mesmo, libertador. Do lado crente, é importante reconhecer que é essa mesma liberdade de largar, e também de largar Deus, que o mesmo Deus nos oferece…
Falar com Deus e escutar Deus é sempre tateante. Desconfiemos sempre dos arautos excessivamente certos dessas comunicações…
É esse o mais, mais espaço, que nos dá Deus. Um mais que nada subtrai à humanidade… Não é bem um extra que se soma ao que sou…é um Ser rasgado que me habita e pode ser reconhecido, ele próprio cheio de amplitudes…
A distância a que Deus está é paradoxalmente a excessiva proximidade onde habita…
A liberdade de Deus e a liberdade do homem encontram a sua convergência no paradoxal lugar do tempo e do espaço. Aí, na história, na minha história, na nossa história, na história de Deus, se tece o dom da vida.
É inspiradora a máxima de não sei quem, que nos afasta do autocentrismo: “Existe Deus… e não sou eu…”
Há uma anedota simplória que corrobora: “certo dia no Céu alguém andava a descobrir quem seria Deus no meio de toda aquela panóplia de gente. Às tantas, jogando às cartas, descobriu. Levantou-se o parceiro de jogo e disse “então até amanhã, se eu quiser”…
Na criação de Adão, na capela Sistina, o dedo de Deus aponta do nada para o ser. Em linguagem de Ebner (filósofo austríaco pouco conhecido, mas cheio de potencial e lastro para o pensamento contemporâneo), o verdadeiro “tu” do nosso “eu”, é Deus. É o Eu Absoluto, esse Tu de que carecemos, que nos chama a partir da nossa insatisfação. Há uma convocação, que faz convergir a vocação e a Graça…
Agradeço o tempo, o espaço e neles a transcendência que habito. Agradeço também o tempo, o espaço e a transcendência que habitam em mim…