entre-tanto
Diz bem José Frazão na sua metáfora que valoriza o “entre-tanto” da vida: o processo tensional entre a difícil bênção da contingência e o desejo experimentado da esperança.
Diz bem José Frazão na sua metáfora que valoriza o “entre-tanto” da vida: o processo tensional entre a difícil bênção da contingência e o desejo experimentado da esperança.
És amado para o amor. A fé, por pequena que possa ser, é o reconhecimento desse amor.
A maior Graça, talvez, é aquele de termos nós mesmos, cada um, a possibilidade de determinarmos o que é novidade. Algo exterior a nós, que ocorra no espaço e no tempo, pode, se nós quisermos, ser uma Boa Nova. Viver em bem-aventurança, portanto, depende menos daquilo que acontece e mais da nossa interioridade…
O nosso desejo, a nossa fome de nos completarmos, é estrutural. Este desejo consubstancia-se, agudamente, no instante do corte umbilical. Essa falha de útero que nos confirma finitos e sedentos, nos marcará. E o que falta em nós marca esse desejo que nos move e comove. É complexo, este desejo, e talvez paradoxal: sem desejo não há movimento mas um regresso infantil ao útero, que só consome alimento, aproxima-se da perdição…
As circunstâncias são só o ‘acidente-dádiva’ onde o amor mais profundo, pré-existente e além do suporte, se pode realizar…
Somo seres “em circunstância”. Uma certa rendição às circunstâncias gera liberdade interior. Mas o que acontece muitas vezes é uma imersão cega nas circunstâncias. Acolher a circunstância, portanto, liberta. Mas ser refém da circunstância, sem visão de saída nem coragem para a mudança, oprime…
Apontaria assim a resignificação dos ‘pedidos de bênção’, tão usados em expediente religioso quando se inauguram espaços ou outras realidades: “ajuda-nos, Senhor, a reconhecer a bênção que já habita esta realidade, que está a ser criada, amada e desenvolvida, num amoroso texto de fios que integra a Tua graça e as nossas mãos”.
Há uma essência, há uma dádiva e uma vida que corre… mas às vezes distraímo-nos, em fazedismos e amuos…
A nossa vida tensional, sempre tensional (…) é tecida de carências e de excessos (de amor). Ainda bem que assim é. Pouco espaço, portanto, para “mornices”. Por isto são boas as águas vivas e fedam as águas paradas…
Como pessoas de fé, aspiramos a SER eternamente, começando pelo agora…