criação…

Na criação de Adão, na capela Sistina, o dedo de Deus aponta do nada para o ser. Em linguagem de Ebner (filósofo austríaco pouco conhecido, mas cheio de potencial e lastro para o pensamento contemporâneo), o verdadeiro “tu” do nosso “eu”, é Deus. É o Eu Absoluto, esse Tu de que carecemos, que nos chama a partir da nossa insatisfação. Há uma convocação, que faz convergir a vocação e a Graça…

JP in Sem categoria 30 Maio, 2023

a paz esteja convosco

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-23

«a paz esteja convosco»

Em tempo de Pentecostes os cristãos celebram o Espírito Santo. É a transcendência amorosa que sopra no tempo e no espaço. Seria (quaisi) panteísta identificar o Espírito Santo com a realidade mas, por outro lado, vemos muitas vezes entendimentos etéreos de desproporção mística e (auto) engano, que fomentam uma esquizofrenia entre o corpo e o espírito, entre o transcendente e o imanente. Ora o que liberta e confere a Paz que Jesus quer dar é a integração amorosa das coisas e das essências, do Espírito que flui e que se torna vida real e concreta em nós. Neste sentido, o Espírito Santo, sopra no lastro amoroso da realidade amorosa acolhida.

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

DOMINGO DE PENTECOSTES


L 1 At 2, 1-11; Sl 103 (104), 1ab e 24ac. 29bc-30. 31 e 34
L 2 1Cor 12, 3b-7. 12-13
Ev Jo 20, 19-23

JP in Sem categoria 28 Maio, 2023

novidade espiritual…

Há alguns estados de vida em que nos instalamos um pouco no já tocado. Há que evitar esse sofá espiritual porque é anti-espiritual. Tudo o que é genuinamente espiritual abre-se constantemente à novidade do crescimento…

JP in Sem categoria 26 Maio, 2023

passados…

O passado tem um potencial imóvel (não se altera) e imobilizante (pode não fazer crescer). Depende da forma como nos colocamos diante dele (passado): ou nos constitui na rica memória e nos orienta por via de processos autocríticos construtivos, ou nos destrói e distrai, por via de comparações culpabilizantes. E se o passado é imóvel não é imóvel a forma como nos colocamos diante dele. Podemos sempre mudar de perspetiva e vê-lo a ele (passado), de outro ponto de vista. O mesmo passado pode esmagar ou libertar… O passado tem que ser trabalhado e integrado, o que se faz melhor na companhia de Alguém…

JP in Sem categoria 24 Maio, 2023

Padecendo

Olhando-me, padeço.
Morrente me encontro
e sempre assim fui.
Sacudo a vaidade.
Fui mais eu, quando
(estando)
me retirei…

JP in Sem categoria 22 Maio, 2023

de e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 28, 16-20

«ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo»

O espírito missionário associado aos Cristãos (intrinsecamente apóstolos, porque discípulos) tem as marcas da história, nas suas luzes e nas suas sombras. Terá havido muitos ‘batismos forçados’ (ainda haverá mais vestígios do que julgamos?…). A proposta de batizar, de convidar a mergulhar no amor, carece da própria pedagogia cristã, sempre benévola, sempre conducente à liberdade. Por outro lado, a revalorização e resignificação dos batizados recentra-nos no essencial: a condição comunitária de viventes de uma Alegria que nos leva à liberdade. Permito-me uma nuance de ‘tradução forçada assumida’, consubstanciada na expressão: “ide e batizai-vos (vós mesmos) em nome…”. Quero dizer que Deus habita já de tal forma cada criatura humana, que o que vamos fazer (incluindo os ministros que servem o sacramento) é mergulharmos nós mesmos no amor de Deus… que (já e sempre) habita cada humano…

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

DOMINGO VII DA PÁSCOA

ASCENSÃO DO SENHOR – SOLENIDADE

L 1 At 1, 1-11; Sl 46 (47), 2-3. 6-7. 8-9
L 2 Ef 1, 17-23
Ev Mt 28, 16-20

JP in Sem categoria 20 Maio, 2023

grávidos…

Na imitação de Maria, inspiração fecunda da tradição Cristã, podemos entender-nos, também nós, como sendo “grávidos” de mundo e, assim, de Deus no mundo. Ao fazermos por ser útero vazio da realidade tal qual ela é, estamos a fazer por ser a própria alegria que exulta. A (pen?)última gravidez é a da própria morte: por isso, aceitar radicalmente, como treinado na vida, assim vivendo na própria morte, é eternizante…

JP in Sem categoria 18 Maio, 2023

entropia e tempo

A Segunda Lei da Termodinâmica, na sua interpretação simples e qualitativa, diz-nos que a entropia (medida de desordem dos sistemas) está sempre a aumentar. De alguma forma, esta lei dá-nos «a seta do tempo», o que é bem curioso, pois a ciência responde assim a uma pergunta que um filósofo tem grande dificuldade em encarar: “o que é o tempo?”. O tempo é então uma função que aumenta quando a entropia aumenta. Por outras palavras, hoje é hoje e não é ontem, porque há mais desordem no universo. E ontem era ontem e não hoje porque ontem havia mais ordem no universo…

JP in Ciência Educação Frases Química 16 Maio, 2023

Pai, chegou a hora

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 17, 1-11

«Pai, chegou a hora»

A experiência de Jesus, que só parcialmente podemos compreender, é marcada por uma entrega radical, um tónus de fidelidade a uma esperança amorosa sobre a existência e a unidade de tudo o que existe. Na expressão ‘Pai, chegou a hora’, está o primado da aceitação da realidade, não sem trabalho, não sem luta, não sem custo e não sem processo, no entretanto. Era bom, por esta inspiração espiritual, que cada um de nós dissesse vivendo, a cada momento que se torna dádiva e que podemos abraçar, seja ele qual for: “chegou a hora”. Chegou a hora de acolher, de contemplar, de aceitar, de gozar, de contemplar, de trabalhar, de agir, de amar cada momento…

L 1 At 8, 5-8. 14-17; Sl 65 (66), 1-3a. 4-5. 6-7a. 16 e 20
ou At 1, 12-14; Sl 26 (27), 1. 4. 7-8a
L 2 1Pd 3, 15-18
Ev Jo 14, 15-21 ou Jo 17, 1-11a

JP in Sem categoria 14 Maio, 2023

Fátima e simplicidade

Sem ter feito nada por isso, por circunstâncias familiares de certa constelação, tive o privilégio de conviver, com alguma regularidade, com a irmã Lúcia. Nunca vi, (nunca) senti nem (nunca) toquei nada que me soasse a contranatura ou contraciência. Foi sempre a sua radical simplicidade e humanidade, pelo contrário, que me impressionou. Retenho como inspiradora essa inteireza e como inspirador esse milagre.

ler mais em

Fátima e Ciência (Brotéria Maio Jun 2017) (1)

J. C. Paiva, «Fátima e a ciência»Brotéria, 184, 706-720, 2017

JP in Espiritualidade Frases Textos 12 Maio, 2023