Eu, quasi-ateu me confesso. Deus, é de tal maneira indizível, de tal forma “totalmente Outro” que eu tenho de reconhecer as minhas (muitas) zonas de ateísmo, em que não O sei expressar, em que não O sei viver. Sou ateu quando digo apenas deus(es). Por vezes (quando eu deixo…) há luz e só luz. Mas em risco, em fé. Negar o nosso auto-ateísmo crítico, mesmo sendo pessoas de fé, é talvez perigoso. Como se pudesse haver certeza ou prova científica da existência de Deus. Não, a aventura é de outra ordem: é uma ponte de corda que faz passagens, desde logo entre a morte e a vida (qual Páscoa), mas corda de fios tecidos de incerteza, de mistério, de não palavra, de mergulho. É deste batismo que precisamos sempre.