tomando banho…
Quantas vezes me dei ao luxo de tomar banho sem saborear, valorizar, significar e agradecer a água que corre e me limpa?…
Quantas vezes me dei ao luxo de tomar banho sem saborear, valorizar, significar e agradecer a água que corre e me limpa?…
Julgo estar consciente das minhas limitações, mas muitas vezes me esqueço disso, com prejuízo para mim mesmo, para os outros e para o mundo. Há que treinar a abertura ao meu ser precário, há que lubrificar o convívio com a minha intrínseca insuficiência…
A eternidade é tão absurda como o fim (sempre abrupto) da vida. O tudo é tão absurdo quanto o nada. A Ressurreição é tão absurda quanto a finitude humana. Ter fé é escolher e viver o risco nesse ‘qualquer coisa mais’… da eternidade, do tudo e, no caso cristão, da Ressurreição.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 66
«Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra»
O salmo que hoje se reza nas celebrações católicas romanas tem um significado de grande potencial contemplativo, dialogante e ecuménico: «Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra». Um olhar profundamente universal, positivo e generoso sobre todas as pessoas e todas as realidades, é, desde logo, pacificador. Tomar o outro e os outros povos, não como obstáculos mas como alavancas do meu crescimento e da minha liberdade, é uma porta que se abre. O grande caminho, que vai rasgando novos horizontes no mundo, é o de me abrir ao outro, à sua cultura e à sua religião, no sentido de valorizar, na diferença, sempre no respeito radical por essa diferença, do que é “louvável” na sua existência…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: At 15, 1-2. 22-29; Sal 66 (67), 2-3. 5. 6 e 8
L2: Ap 21, 10-14. 22-23 ou Ap 22, 12-14. 16-17. 20
Ev: Jo 14, 23-29 ou Jo 17, 20-26
Teima em mim
Este suspiro gritantemente surdo:
Viver mais um bocadinho…
Acolho
amparo
recebo
.. e sacudo
tal suspiro.
Sussurro-lhe alto:
viver aqui e agora
quando, onde e como estiveres.
É esse o bocadinho
que importa…
…Porque a aposta/promessa cristã não é “não morrer”. É ressuscitar…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 13, 31-35
“Nisto toda a gente reconhecerá que vocês são meus: discípulos: se tiverem amor uns aos outros”
O toque do discípulo (porque amigo) de Cristo é, no embalo do Evangelho, o amor recíproco. Convictos disto- até porque o sabor da vida o enfatiza – os cristão terão aqui um filão de exame de consciência muito acutilante. Seremos reconhecidos, na família, no trabalho, na rua, pelo amor recíproco? Particular lastro autocrítico merece o olhar para dentro da própria Igreja: a sua vida e os seus membros, são reconhecidos pela interioridade vital do amor recíproco? ou por exterioridades como vestes, ritos, palavras vãs ou precários poderes?…
L1: At 14, 21b-27; Sal 144 (145), 8-9. 10-11. 12-13ab
L2: Ap 21, 1-5a
Ev: Jo 13, 31-33a. 34-35
A velocidade e a capacidade de processamento dos computadores aumentam de dia para dia. A física e a química teóricas, em particular, usufruem destas potencialidades computacionais para modelar no computador as interacções atómico-moleculares.
A evolução robótica é igualmente impressionante. Fala-se nos nossos dias em máquinas superinteligentes. O conceito de inteligência artificial, embora algo difuso, aponta para possibilidades de resolução de problemas e, em certo sentido, possibilidades criativas da máquina. É hoje um dado aceite pela ciência que no período Câmbrico (há cerca de 542 milhões de anos) houve uma explosão de vida que levou a que aos seres unicelulares então existentes sucedessem seres multicelulares. A causa desta súbita e acelerada mudança é ainda hoje objecto de debate. Mas, ao tomarmos consciência da súbita e acelerada mudança em duas áreas fundamentais, a biologia e a computação, bem como da crescente interacção e fusão de ambas, ficamos com a sensação de que estamos a testemunhar uma nova e extraordinária explosão de novas formas de vida.
A literalidade bíblica é também insuficiente por causa dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos. A frase bíblica: “cairão sobre as ruínas com dores de parto”, pode carecer de hermenêutica com subsídios histórico- críticos por causa de uma coisa contemporânea chamada anestesia epidural…
Weltre distingue quatro formas de ateísmo que podem clarificar a nossa colocação no segmento crença-descrença: 1) o ateísmo negativo (ou apateísmo), que não se importa; 2) o ateísmo crítico (rejeita Deus mas não o mistério em si); 3) o ateísmo militante (que catequisa a desconversão) e o 4) ateísmo sofredor (que bloqueia face à dura realidade da ferida). De todos estas formas, o potencial de maior diálogo fecundo está no tipo 2).