cócegas nas pegadas da areia
Há um poema de Khalil Gibran bastante conhecido, intitulado “pegadas na areia”. No remate da história, Deus leva-nos ao colo. Tenho algumas cócegas na areia… É que vejo e experimento mais Deus a acompanhar-me no deserto do que a levar-me ao colo…
Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 21, 28-32
Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi
Há muitos de nós, há partes de nós (…), que dizem que fazem e não fazem. Outras vezes, pelo contrário, dizemos que não fazemos e fazemos… As palavras do Evangelho, em formato parabólico, valorizam mais o fazer do que o anúncio, mais o gesto do que a palavra, mais a ação do que a intenção. De outra forma, podemos ainda apontar para evitar as justificações palavreadas, substituindo-as por um agir silencioso e coerente. Esta valorização da ação remete-nos pois, também, para o valor da contenção verbal, para o concurso de mais silêncio consolador…
pequenas coisas que libertam
É uma sabedoria dos tempos: cada pequena coisa com grande amor será sempre o que nos libertará!
Inscrever-me em sonho maior…
Muitas vezes me perguntam “para quê meter Deus na equação”, pois que a Humanidade e pela Humanidade, bastaria. Compreendo o dilema, que também partilho. Mas algo me atrai, na conceção, no desafio e na vivibilidade, para me inscrever num sonho maior. Mais ainda, tal sonho, também mas não só meu, contempla toda a humanidade… e muito mais.
Os últimos serão os primeiros
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 20, 1-16
Os últimos serão os primeiros
Lemos do Evangelho de Mateus a célebre parábola do “trabalha dor da última hora”, um dos mais desconcertantes ensinamentos de Jesus. A lógica de Deus, de facto, não é a nossa. A contabilidade do amor não é produtivista. É excessiva! A Deus importa o encontro de cada um consigo próprio e com o Criador. Ter inveja de quem recebe o mesmo, apesar de chegar mais tarde, é fazer contas mesquinhas. Há também um certo tom de aviso nesta passagem, principalmente para as pessoas religiosas: não há estatutos adquiridos de validade superior… dito de outra forma, para entender apenas neste contexto: ninguém merece mais do que ninguém…
prata
Os nomes dos elementos químicos e, mais ainda, as suas representações simbólicas (uma, duas ou três letras) têm também uma lógica, algumas vezes «escondida», que nos pode ajudar a entender melhor a natureza. O símbolo químico da prata, Ag, pode relacionar-se com Argentina, pois havia muitas minas de prata (argentium) naquelas terras da América do Sul (onde existe, aliás, o «Rio de la Plata»). A palavra platina é um diminutivo depreciativo de «plata» (prata) e o símbolo químico da platina é Pt (nada a ver com Portugal, bem entendido…).
onde estou e como estou
Estou onde estou e como estou. Às vezes, de facto, não estou, porque não estou onde estou nem como estou…
super-humanidade…
Uma das tensões pessoais mais complexas é o confronto das muitas solicitações com a nossa ‘não super-humanidade’. Alguns ingredientes: saber dizer não mas aventurar-se, preservar-se mas expôr-se, descansar mas entregar-se, cuidar-se mas não se autocentrar…
Não te digo sete vezes mas até setenta vezes sete
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 18, 21-35
Não te digo sete vezes mas até setenta vezes sete
A dimensão radical de perdão constitui marca cristã. Per-doar setenta vezes sete (mais do que quarenta e nove…), é perdoar infinitas vezes. Este precioso e original convite de Jesus significa, para cada um de nós, um enorme dom de liberdade, já que perdoar é ser livre. O cerne do perdão está no não ressentimento, está na oportunidade que continuamos a dar ao outro que nos ofendeu. Quem perdoa pode repreender, afastar-se ou até punir. Exteriormente, pode até ser duro ou tanger a violência, mas no coração de quem perdoa, como no de Jesus, há espaço para (re)acolher de novo quem se quiser aproximar por bem.