rituais
O ritual é a sacralização da vida de cada dia e, ao mesmo tempo, a banalização do sagrado. É um conjunto de paradoxos sinalizados e eu sinto e experimento que nos podem fazer bem…
O ritual é a sacralização da vida de cada dia e, ao mesmo tempo, a banalização do sagrado. É um conjunto de paradoxos sinalizados e eu sinto e experimento que nos podem fazer bem…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 10, 25-37
«quem é o meu próximo?»
A réplica do doutor da lei, quando Jesus invocou o antigo mandamento (“…e ao teu próximo como a ti mesmo”) é uma pergunta que nos pode server como revisão existencial continua: “Quem é o meu próximo?”. Na teoria, conhecemos já a resposta, sabiamente transmitida por Jesus na parábola do bom samaritano. Mas, na prática, quantas vezes nos esquecemos dos nossos próximos?… Em particular, como pessoa religiosa, pergunto-me: quantas vezes há envolvimento em heroicas missões apostólicas e esquecemos os que vivem em nossa casa, no nosso bairro ou no nosso trabalho, precisando de nós?…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
As rápidas mudanças culturais a que estamos a assistir nas últimas décadas parecem indiciar uma verdadeira revolução cultural. O desenvolvimento económico em geral tem permitido a um crescente número de pessoas o acesso a níveis de educação cada vez mais elevados nos quais as ciências têm um papel crescente. Os desafios colocados à religião pelo desenvolvimento científico e, concretamente, pela perspetiva evolutiva da vida, ainda não foram suficientemente reconhecidos e trabalhados pelas religiões.
Karl Rahner, um dos mais brilhantes teólogos do século XX, arriscou um intervalo numérico percentual quando disse, com alguma ironia: “o que 60% a 80% dos homens entendem e dizem sobre Deus, não existe, graças a Deus” (louvo esta nota de otimismo final “graças a Deus…”). A este propósito, recordo, também com ironia, algumas homilias a que assisti…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 10, 1-12
“Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias”
A sugestão de envio, de missão, tem na expressão de leveza “Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias“, bons significados. Sim, pode ser uma crítica ao excesso de prevenção e ao controlo mas é, sobretudo, um convite à confiança e à abertura face à surpresa. Viver cristãmente é este envio para abertura e para a leveza. Pelo contrário, ontem e hoje, enchemos a mochila da viagem de profilaxias. Que seguranças prescindíveis levo ainda na minha mochila? Tal carga me inibe de mais caminho e de mais leveza…
DOMINGO XIV DO TEMPO COMUM
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
L1: Is 66, 10-14c; Sal 65 (66), 1-3a. 4-5. 6-7a. 16 e 20
L2: Gal 6, 14-18
Ev: Lc 10, 1-12. 17-20 ou Lc 10, 1-9
O que oferece os critérios da vida no sentido biológico: o holismo ou o reducionismo? Tenho simpatia, na fase em que me encontro, pelo holismo: é o todo, o sistémico, o interligado, o relacional. É por essas bandas que mora a vida…
É fundamental assegurar que um professor de Química domine e progrida no conhecimento da ciência que ensina. Convém que lide bem com átomos, moléculas, transformações e tudo mais que se teça com a coisa química. Mas na escola para todos é fundamental um horizonte que ultrapasse a própria ciência e que aponte para objetivos mais latos, horizontes mais ousados no alcance universal que pode ter o ato educativo. Se o que faz correr um professor de Química for, exclusivamente, a química que ensina, pode haver riscos de limitação. A Química é o pretexto, a literacia científica ou o gosto mais aprofundado pela ciência são bases de um bem maior, de um olhar e de um desejo mais cosmológico. Uma melhor humanidade, encarnada na versatilidade e na originalidade de cada aluno é, provavelmente, o que faz correr o professor. Vai-se no barco da Química, de onde se não desembarca, para um porto que é mais do que um laboratório, num mar que tem muito mais que reagentes… O fascínio é o aluno, não a matéria!
O fruto mais gratuito das boas paragens é o próprio processo de abertura e captura da surpresa. Assim é na vida corrente, também…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 16, 13-20
Há uma pergunta muito central no cristianismo, que nos visita em espiral, sempre com aprofundamentos renovados: quem é Jesus, o Cristo, para mim? Para Pedro, discípulo especial, Jesus é o Messias, o ‘salvador escolhido’. Embora a fé vivida na Igreja sublinhe o “nós necessário”, o caminho conjunto (a Igreja pode ajudar-me a que eu “me livre de mim mesmo”, concentricamente…), esta pergunta é muito pessoal e dinâmica. Para os cristãos, é uma pergunta que se vai fazendo e que vai tendo como respostas sucessivas a nossa própria vida (con)formada nessa mesma percepção (assim vivida) de Cristo em nós.
NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.
SANTOS PEDRO E PAULO, apóstolos – SOLENIDADE
L 1 At 12, 1-11; Sl 33, 2-3. 4-5. 6-7. 8-9
L 2 2Tm 4, 6-8. 17-18
Ev Mt 16, 13-19
NÃO SEI PORQUE AMO
Não sei porque amo.
Se por precisar
se, tão só, por amar.
Amarei por egoísmo
porque não sei não amar?
Porque amarei eu
neste lugar?
Amar para ser amado
É também amar,
mas é mistério
este amar.
Ser amado para amar
ou amar para ser amado
porquê amar?…
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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