sabedoria e sabor
Sabedoria é uma palavra onde a ciência bebe etimologicamente. Tanto tange a origem sapere como algo relacionado com ‘sabor’. Confronta-nos com a evidência de que conhecer, também pela via científica, é saboroso…
Sabedoria é uma palavra onde a ciência bebe etimologicamente. Tanto tange a origem sapere como algo relacionado com ‘sabor’. Confronta-nos com a evidência de que conhecer, também pela via científica, é saboroso…
Na (tentativa de…) oração a partir da leitura bíblica, há um implícito e eterno convite a “meter-se na cena”. Significa que o leitor vira ator na sua imaginação orante. Poder-se-ia expressar assim, por exemplo: “certo dia Jesus seguia para Emaús e dele se abeiraram três pessoas (dois mais eu, que leio…)”.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 22, 14-23, 56
«Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa»
Em domingo de Ramos, os cristãos recordam o trajeto final da vida de Jesus, que antecede o fulcro da Sua entrega radical. O início do texto longo que hoje se medita nas celebrações poderia marcar toda a leitura da Páscoa: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa”, isto é: falo-vos, vivo e ofereço-vos, a cada um de vós, um Deus que se quer relacionar, que quer estar, que se propõe “entranhável” na vida ordinária, no ‘comer’. Um Deus “comestível”, poderíamos dizer, numa linguagem tão ousada quanto eucarística…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: Is 50, 4-7; Sal 21 (22), 8-9. 17-18a. 19-20. 23-24
L2: Filip 2, 6-11
Ev: Lc 22, 14 – 23, 56
Quando surgiu então o ser humano, no processo evolutivo? Nem a ciência, nem a filosofia, nem a teologia podem determinar o momento exacto da aparição dos primeiros seres humanos. A resposta a esta questão só poderá ser dada, segundo Ratzinger, em termos relacionais, não meramente em termos da ciência biológica ou de uma metafísica substancialista: «a argila tornou-se ser humano no momento em que uma criatura, pela primeira vez, mesmo de forma muito velada, foi capaz de for- mar uma ideia de Deus. O primeiro tu que o ser humano — por mais balbuciado que fosse — dirigiu a Deus é o momento em que o espírito se levantava no mundo. Aqui foi ultrapassado o rubicão da criação humana. Não é a utilização de armas ou do fogo, nem novos métodos de barbárie que caracterizam o ser humano, mas a sua capacidade de estar frente a frente com Deus. É isto o que significa a criação especial do ser humano… Aí está também a explicação porque é impossível à paleontologia fixar o momento da criação do ser humano: a criação do ser humano é o ressurgimento do espírito, que nenhuma pá de investigador pode detectar».
O credo cristão católico romano tem, logo no seu início, um potencial ecuménico e inter-religioso, que costuma passar despercebido. “Creio em um só Deus”, levado a sério, é uma profecia radicalmente inclusiva, também religiosamente.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 8, 1-11
«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra»
A história da mulher adúltera é das mais expressivas da vida de Jesus. Revela facetas da sabedoria cristã (desmontagem da cilada dos fariseus) e de grande misericórdia (“também eu não te condeno”). A analogia popular de que quando apontamos aos outros um dedo, são três dedos que se apontam a nós, pode ser convocada: todo o exercício critico pode ser feito com consciência autocrítica. Não julgarmos os outros sem estarmos atentos às nossas próprias fragilidades é um bom caminho para viver uma lucidez crítica misericordiosa.
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado anteriormente, neste blog.
L1: Is 43, 16-21; Sal 125 (126), 1-2ab. 2cd-3. 4-5. 6
L2: Filip 3, 8-14
Ev: Jo 8, 1-11
A fé é principalmente confiança… mas abandono, também. Por isso, sustenta… mas também custa…
Mesmo tendo no ensino uma atitude de horizonte afetivo, humanista e, em certo sentido, progressista, assumo que, em educação, prefiro um sistema mais tradicional, mas seguro e coerente, do que um sistema «prá-frentex», mas inconsistente, frágil e inseguro. No diálogo entre o «prá-frentex» e o «prá-trasex», deveria imperar um equilíbrio tensional entre o criativo, o pragmático, o sonhador e o realista.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 15, 1-32
«Ele ficou ressentido e não queria entrar»
A parábola do filho pródigo é muito rica e permite múltiplas abordagens. Esta história tem como centro a desconcertante medida do amor de Deus, sempre aberto a acolher cada um como ele é, com a sua história e o seu deslize. Mas centremo-nos na pessoa do irmão do filho pródigo. A sua reação é natural e todos nós temos um pouco da lógica deste irmão ressentido. Quantas vezes achámos injusto que aquela pessoa tão rude tivesse tantos benefícios? Quantas vezes pensámos ser injusto a saúde ou a vida fugir a “gente boa”, deixando outras pessoas “menos boas”, segundo os nossos critérios, sorrindo ao sol? Há nesta passagem do Evangelho um convite para gestos que nem sempre conseguimos mas que são portas de liberdade: alegrarmo-nos francamente com a alegria dos outros, sejam eles quem forem…
Nota: Este texto é reutilizado/adaptado a partir de um post já publicado neste blog
L1: Jos 5, 9a. 10-12; Sal 33 (34), 2-3. 4-5. 6-7
L2: 2 Cor 5, 17-21
Ev: Lc 15, 1-3. 11-32
Quando consigo caminhar lento e tocar conscientemente com os pés o chão que piso, como que me permito sentir a inteireza da realidade.