pão
Não há pão de comunhão sem pão de alimentação… (e fartei-me de rimar…)
Não há pão de comunhão sem pão de alimentação… (e fartei-me de rimar…)
Às vezes falamos (ou gritamos?) como se não tivessemos noção dos limites da nossa voz. Onde terminará? Será sempre limitada? Inspiram-me os místicos em duas frentes sobre o sentido da voz: 1) convergir para que a nossa voz seja uma melodia da transcendência amorosa (já não a minha voz, apenas); 2) dar voz à grande força do silêncio…
Um bom feedback deve atender à necessidade de quem o recebe e não ao capricho de quem o emite e, portanto, centra-se no recetor (tantas vezes estamos desatentos a este princípio quando procuramos brilhar nos nossos comentários…).
Olhando para uma árvore gigante, com a copa recortada perguntei-me: quem podou aquela beleza? Trabalhei duas respostas, dois caminhos. Uma das vias dizia-me, e bem: “o evolucionismo podou, na racional compreensão da luta pelo Sol, rumo à fotossíntese eficaz”. Outra via me dizia, com menos palavras, mas mais espanto: “foi a beleza, a gratuita beleza a podou.” Este esmagamento estético, embrulhado em mistério, confortou-me o andamento. A imponência do belo ganhou.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 16, 19–31
«havia um homem rico, que se vestia de púrpura e linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias»
O confronto do homem rico (de quem não sabemos o nome, porque seremos todos nós, possuidores das nossas riquezas…) com Lázaro (o pobre com feridas por cuidar) é central no desafio cristão. O problema do homem rico não era vestir púrpura e linho fino. O seu problema, era que Lázaro estava no seu horizonte e ele não o olhava. A riqueza de saúde, dons e bens torna-se infernal se nos auto-centra e se nos enche de insaciedade. Há “lázaros” para estarmos atentos, aproximarmos e cuidarmos. Seremos sempre medíocres na atenção aos mais pobres, seja qual for a sua pobreza. Mas é precisamente aí, na chaga do que falta, que as nossas mãos ganham sentido e que a riqueza se pode converter em doação.
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
L1: Am 6, 1a. 4-7; Sal 145 (146), 7. 8. 9. 10
L2: 1 Tim 6, 11-16
Ev: Lc 16, 19-31
O perigo do dogma é perder o sentido de totalidade: desequilibrar do lado teológico-material para o lado jurídico-formal…
Um envelope saído da Igreja com uma qualquer missiva, só poderia ser expedido com um selo muito especial: o selo do amor.
A síntese que importa:
o tempo,
o espaço
… e as coisas
tudo em caldo
de uma essência amorosa
que espreita entrelaçada
em aquilo que é.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 16, 1-13
«quem é fiel nas coisas pequenas»
O convite é simples mas radical: ser fiel nas pequenas coisas, como nas grandes. Na realidade, num olhar de unidade e totalidade, não há pequenas nem grandes coisas, pequenas nem grandes causas. Há um desafio global e uno à coerência, em todos os momentos, em todos os desafios. Cada Segundo e cada gesto são, neste sentido, sagrados. Talvez um dos nossos grandes equívocos de auto-perceção e olhar do mundo seja avaliar metricamente de mais. Por isto, a maioria dos místicos fazem referência ao detalhe, ao tempo e à própria natureza. Grande causa a merecer a nossa fidelidade amorosa pode ser lavar a louça, andar, cuidar, respirar…
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
L1: Am 8, 4-7; Sal 112 (113), 1-2. 4-6. 7-8
L2: 1 Tim 2, 1-8
Ev: Lc 16, 1-13 ou Lc 16, 10-13
Um ato de fé: Nada, mas mesmo nada, pode ser considerado insuperável pelo Amor!