criação e autonomia
O Deus a quem os cristãos dão crédito é a explicação última do universo e da vida, mas respeita a autonomia e a liberdade do Universo e dos seres que criou e está a criar. Não faz tudo porque toma a sério a nossa liberdade. Criou um universo em evolução e respeita a autonomia das suas leis e processos. “Saberá” tudo? Não saberá senão o que se pode saber? Saberá como vou decidir viver a minha vida nos próximos tempos? Espera para ver e respeita as decisões que eu tomar? (apesar da Sua realidade superar a nossa limitação espaço-temporal) … um mistério de Fé!…
Tiulada
Titulada
Pim, pim
cai,
assim,
na solução,
pim, pim
rumo
à neutralização.
No fim,
se indicador
se intromete,
nem sempre
vale
o pH sete.
Gráfico
escada,
subida,
escala andante.
Valor encontrado:
Sabia-se o titulante
Sabe-se o titulado…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
Não prejudicarás o estrangeiro, nem o oprimirás, porque vós próprios fostes estrangeiros na terra do Egito
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Ex 22, 20-26
Do livro do Êxodo temos a explicitação da nossa tradição hospitaleira face ao estrangeiro. Numa altura civilizacional em que as questões das migrações estão em cima da mesa, não tanto por serem novas mas porque circulam com rapidez e generalidade num mundo globalizado, resignificamos o gene do acolhimento que nos marca. Sempre fomos migrantes. Como é dito no Livro do Êxodo, nós mesmos já fomos estrangeiros. O mesmismo dos que se fecham e o medo da nossa clausura são a trincheira estéril que não gera nada. É na abertura, no acolhimento, nunca na opressão, que nos tornamos viajantes coerentes, crescentes e fecundos.
Morrer
Não fomos feitos para não sofrer nem para não morrer, mas para dar a vida.
sucção despreocupada…
Passar um dia com uma criança sem tom de obrigação e rotina, como às vezes me acontece agora, é conversor: observo, escuto, rio, amparo e contemplo… e aprendo que vale a pena imitar aquela sucção despreocupada de momento intenso e presente…
Dai a César o que é de César…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 22, 15-21
As perguntas difíceis a Jesus, tipicamente engendradas em chave de cilada, são as perguntas difíceis da nossa vida. Tocam as zonas nevrálgicas da existência. No caso presente, a relação com a posse. Na cena apontada pelo Evangelho estamos diante da posse (e do poder que tal representa) do dinheiro. Mas a extrapolação para outras posses é muito possível: posse de mérito, posse de posições, posse dos outros, posse de estatutos. Dar a César o que é de César (e a Deus o que é de Deus) é relevar a contingência de ter, seja o que for. Talvez se perceba melhor, a partir daqui, que amar é abrir mão, que amar é largar…
vistas de estudo na escola
Há quarenta anos, eu dormia mal na noite anterior a uma visita de estudo, com insónias características do entusiasmo. A minha mãe preparava um bolo estendido num tabuleiro, com aroma de limão, cortado aos quadradinhos e salpicado com açúcar, que depois metia num tupperware. Já no meu tempo, comprava alguma comida mais “plástica” que, naquele dia, me sabia a mel. Mentendo-se este entusiasmo dos alunos em maior ou menor grau, nos nossos tempos, entendo que vale a pena o esforço dos professores que se envolvem nestes dinamismos extraescola. Interessará capitalizar cultura e aprendizagem e, portanto, as visitas valem não só por esta adrenalina infantil e adolescente… mas também…
a ti, meu(minha) amigo(a)
Há muito valor, de facto, neste pedaço de Terra em que somos mais do que aquilo que fazemos e valemos mais do que a performance ou do que o (i)reconhecimento do que semeamos. Os perdedores definitivos dão-se conta de que não têm amigos e eu queria sublinhar que esse terreno não se pisa na tua vida enquanto eu existir…
ouro, aurora e alquimia…
A palavra «aurora» pode relacionar-se com o símbolo do ouro, Au (que reluz como o nascer do Sol…). Curiosa é a procura alquímica de transmutar metais vis, como o ferro, em ouro. É que o ouro nunca morre e percebe-se que os alquimistas achassem que se eles próprios ingerissem a pedra filosofal, não morreriam e permaneceriam para sempre, como o ouro, que não corrói facilmente…