a pérola é saber dar
Conta-se que um monge deu uma pérola a uma mendigo. Passado algum tempo, este mendigo, saciado mas exausto, voltou atrás a pedir a maior pérola: “dá-me – dizia o mendigo ao monge – a pérola de saber dar”.
Conta-se que um monge deu uma pérola a uma mendigo. Passado algum tempo, este mendigo, saciado mas exausto, voltou atrás a pedir a maior pérola: “dá-me – dizia o mendigo ao monge – a pérola de saber dar”.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 1, 1-4: 4, 14-21
«restituir a liberdade aos oprimidos»
Na sinagoga, local religioso da Sua própria cultura, Jesus proclama ao que vem, fazendo pontes (páscoas…) antecipadas entre a tradição e a Sua própria novidade. Podemos centrar-nos no apelo à liberdade, aqui invocada como uma restituição, apelando a certa potencialidade, liberdade e bondade originais que nos constituem. Jesus e a(s) sua(s) igrejas, entretanto tecidas no tempo e no espaço, nem sempre sublinharam devidamente esta essência de liberdade. Mas certa opressão existencial, que pessoal e coletivamente carregamos, tem uma saída em Cristo. A(s) igreja(s), ou apontam esta liberdade, ou não serão de Cristo…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado anteriormente, neste blog.
L1: Ne 8, 2-4a. 5-6. 8-10; Sal 18 B (19), 8. 9. 10. 15
L2: 1 Cor 12, 12-30 ou 1 Cor 12, 12-14. 27
Ev: Lc 1, 1-4: 4, 14-21
Deus não domina, tece…com fios que transportam a nossa própria liberdade.
Reparei noutro dia que há uma subtileza interior no olhar do mundo que nos pode ajudar: (talvez careça de fé, mas…) e se em vez de “más notícias” eu apenas colhesse tão só como “notícias”, tudo o que me chega e que me devolve uma realidade a partir da qual posso crescer?
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 2, 1-11
«Não têm vinho»
O relato do Evangelho que hoje nos inspira diz respeito às Bodas de Caná, onde se saboreia o primeiro carente mas depois abundante néctar do vinho. Podemos fazer uma pergunta de paragem: “que vinho nos falta?” (na família, no trabalho, na rua…). Valorizar esse desejo e tomar nota que não é tendo tudo que se está bem. Não é necessariamente cheio que se está pleno. Há que viver o processo de transformação: assim como o da água em vinho, o da rotina em sabor, o da carência em saciedade, o da morte em vida…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: Is 62, 1-5; Sal 95 (96), 1-2a. 2b-3. 7-8a. 9-10ac
L2: 1 Cor 12, 4-11
Ev: Jo 2, 1-11
O outro, na nossa cultura, tem uma importância vital. As relações, a ética, as organizações, as religiões, a política, convocam o outro para se dizerem a si mesmas. Mas convém não escamotear a radical necessidade de conviver com a solidão (pessoal). Esse espaço de soledade nasceu connosco e com ele mesmo morreremos. Aprender a estar em soledade, aliás, é condição fundamental para conseguir estar com o outro, ir ao encontro do outro e acolher o outro.
A razão é fundamental, o logos nos alimenta. Mas há um toque de insuficiência na razão. As rodas dentadas da razão, fundamentais na ingrenagem humana, não operam no vazio…
A atitude de acreditar ou não em Deus, tem uma base racional, mas esta base não é suficiente. Não é do mesmo género da base racional da filosofia ou da ciência. Não existe nenhuma prova filosófica ou científica da existência de Deus. Toma-se aqui «prova» no sentido em que se demonstra, sem margem para dúvidas, por exemplo, que a Terra tem uma forma aproximadamente esférica e gira à volta do Sol. A racionalidade da fé baseia-se, entre outras coisas, no testemunho que chega a cada geração a partir dos primeiros crentes. Este é o género de prova que é normalmente aceite, por exemplo, nos tribunais. Além da evidência empírica (um corpo morto, por exemplo, no caso de um assassínio, uma arma com que foi realizado o crime, etc.), há a evidência testemunhal. O tribunal aceita em geral o testemunho das pessoas que poderão ajudar a chegar a uma conclusão objetiva sobre o autor do crime, conclusão em que se baseia o juiz para pronunciar a sentença. É claro que as testemunhas podem mentir, mas isto não significa que a prova testemunhal não seja considerada seriamente. A experiência religiosa de quem acredita em Deus tem por isso uma base testemunhal: é a relação que tenho com os outros cristãos e com Deus que me leva a dar-lhes crédito, isto é, a acreditar neles. O cristão não tem razões para não os acreditar, naquilo que constitui o núcleo central da sua fé. Tem, pelo contrário, todas as razões para lhes dar crédito, mesmo tendo em conta que a história do cristianismo é feita de luzes e sombras…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 3, 15-16
Também Jesus foi baptizado
Este gesto de Jesus ‘se colocar na fila’ para o batismo (em teoria, prescindível para o Messias…) valoriza-nos a humildade e a procura de realização no ‘ordinário’ de cada dia. O batismo de Jesus é o mergulho no mundo como ele é, em cada um de nós e nas nossas vidas. A forte simbologia da água marca o sinal positivo do batismo como uma imersão voluntária e comunitária no risco da fé, no usufruto do acolhimento, no amparo da água que limpa, purifica e refresca…
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
FESTA
Branco – Ofício da festa. Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. próprio.
L1: Is 42, 1-4. 6-7; Sal 28 (29), 1-2. 3ac-4. 3b e 9b-10
L2: At 10, 34-38
Ev: Lc 3, 15-16. 21-22
Embalado pela quase perfeita analogia de que a espiritualidade é o vinho e as religiões são os copos, a gestão apostólica, não sendo displicente, é da ordem do copo… Todo o gesto apostólico, portanto, deverá apontar para o verdadeiramente espiritual. Reconheço a utilidade do copo, mas convém notar, em certa moderação religiosa, que vinho sem copo tem valor enquanto copo sem vinho é vazio estéril e infecundo…