habitarei para sempre na casa do Senhor

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 22

habitarei para sempre na casa do Senhor

«Habitarei para sempre na casa do Senhor», proclama o refrão do salmo. Este convite à fidelidade (para sempre) é dos dons mais preciosos da fé. O compromisso, a fidelidade e o ‘para sempre’ podem soar a monótono e a ‘sem aventura’. Ser fiel, porém, pode ser um permanecer que conduz a saborear terrenos de abundância. As tensões paradoxais em que vivemos (e que somos!) conduzem-nos a uma possibilidade dos extremos se tocarem. Um desses jogos dicotómicos acontece com a liberdade e com o compromisso. E se ‘ficar para sempre’ fosse uma abertura? E se a obediência fosse uma liberdade?…

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO XVI DO TEMPO COMUM


L 1 Jr 23, 1-6; Sl 22 (23), 1-3a. 3b-4. 5. 6
L 2 Ef 2, 13-18
Ev Mc 6, 30-34

JP in Sem categoria 20 Julho, 2024

hibridizações…

Há um conceito químico crucial que tem grande potencial analógico na nossa cultura. Trata-se da hibridização. Sabemos que os eletrões que autenticamente ‘colam’ os átomos em estruturas mais complexas a que chamamos moléculas, pertencem sempre a mais do que um átomo. Os espaços onde é provável encontrar esses eletrões (chamamos-lhes orbitais) são muitas vezes misturados e não pertencem a nenhuma entidade em exclusivo. Assim é, analogicamente, com os territórios culturais em que vivemos: ciências, artes, humanidades, religiões, estão absolutamente hibridizadas…

JP in Sem categoria 16 Julho, 2024

ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 6, 7-13

ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão

As palavras que Jesus dirige aos Seus companheiros, por ocasião do envio (da missão, da missa…), são de importância vital. Ele prepara os discípulos e estabelece algumas condições para o apostolado. Enquanto apóstolos de Jesus, há que meditar nestas palavras e afinar o estilo apostólico, que deve ser o de Jesus. Lembremo-nos, nomeadamente, que o caminho deve ser feito de mãos vazias, só com o bastão, prontos a acolher os outros e as suas vidas. A ideia de esvaziar a mochila e partir de mãos mais abertas é uma inspiração de vida, neste tempo em que a contingência se entrelaça com excessos securitários. Deixemos em casa o que nos pode pesar… Mais ainda, “nada levar”, significa também, no lastro apostólico, estarmos prontos a receber (nunca a ‘despejar’…) daqueles com quem nos vamos cruzar.

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO XV DO TEMPO COMUM

L 1 Am 7, 12-15; Sl 84 (85), 9ab-10. 11-12. 13-14
L 2 Ef 1, 3-14 ou Ef 1, 3-10
Ev Mc 6, 7-13

JP in Sem categoria 14 Julho, 2024

na nossa mão…

Há que apostar no que está na nossa mão (alimentar a paciência, a receção, o silencio, a leitura, o estudo, o crescimento e, principalmente, o ânimo, que é tanto trabalho quanto graça…). Depois, quando a realidade vier (e está sempre a vir), seja qual for, tecer com essa mesma realidade qualquer coisa de belo…

JP in Sem categoria 12 Julho, 2024

bioética e vida humana

Uma cultura bioética procura sempre a melhor solução para problemas relacionados com a vida humana. Por isso, a sua necessidade vem da importância em dignificar a vida humana em todas as formas, incluindo a forma do embrião, assim como dar um sentido a toda a vida humana, incluindo o sofrimento. A vida é a expressão mais bela de uma humanidade que «cresce e se multiplica» (Gn, 1, 28) e, do meu lado, a reflexão bioética só tem futuro se tomar a vida, a menos de palavra melhor, como sagrada e ‘inegociável’…

JP in Sem categoria 10 Julho, 2024

para vós, Senhor, levanto os meus olhos

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 122

para vós, Senhor, levanto os meus olhos

Aquilo que nós somos e fazemos tem muito a ver com o que vemos… No sentido inverso, é também verdade que as nossas ações influenciam a forma como vemos o mundo. Muitas vezes, não vemos bem e é um gesto de amor ou um mergulho na caridade que nos abre os olhos. De manhã, quando acordamos, a luz invade as nossas pálpebras e desperta-nos para o dia. Para quem levantamos os nossos olhos? Inspirados no salmo e embalados por uma fé que experimenta o suporte de um amor que nos cria e acolhe, vamos treinando o olhar. Que seja, neste sentido, um olhar para o Senhor, para um Cristo de braços abertos que nos chama a um dia vivido, intensa e significativamente na Sua companhia.

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO XIV DO TEMPO COMUM

L 1 Ez 2, 2-5; Sl 122 (123), 1-2a. 2bcd. 3-4
L 2 2Cor 12, 7-10
Ev Mc 6, 1-6

JP in Sem categoria 6 Julho, 2024

verdade móvel…

Pode soar um pouco frustrante a procura da verdade, sabendo que ela mesma, a verdade, tem algo de inalcançável (seja na aproximação filosófica, como na religiosa, como na científica). A analogia mais evidente é interpretar a verdade como a linha do horizonte: quando se julga lá ter chegado, a verdade foge e avança. Ao mesmo tempo, a procura da verdade serve muito, serve para avançar…

JP in Sem categoria 4 Julho, 2024

processo, produto e vida

Há uma tensão entre o processo e o produto que atravessa a nossa vida toda. Na expressão artística, por exemplo, muitas vezes, admite-se um processo mais ou menos sacrificial que culmina numa (também auto…) gozosa explosão da beleza. A atividade docente é daquelas que conheço com mais potencial de valorização do gozo (logo) no processo. Porque durante a relação pedagógica (independentemente dos frutos que sairão) há logo o prazer da interação transformante. Também uma lição de vida, até porque a vida é pedagogia: recriar o valor e o gozo do processo…

JP in Sem categoria 2 Julho, 2024