quiasma
Chama se quiasma à figura de estilo com elementos semânticos de forma cruzada. Tenho certa simpatia por este, que um dia me ocorreu, como duplo quiasma:
“sair da prisão de fazer o que quero e prender-me à liberdade de querer o que faço”
Chama se quiasma à figura de estilo com elementos semânticos de forma cruzada. Tenho certa simpatia por este, que um dia me ocorreu, como duplo quiasma:
“sair da prisão de fazer o que quero e prender-me à liberdade de querer o que faço”
Para a crença pagã os trovões eram a ira divina. Hoje sabemos que há electroestática que explica… Em salto metafórico, os trovões da nossa vida não são dramas: a existência madura e adulta concilia-se com esses feixes abruptos e pode até reconhecer-lhes, não sem estrondo ou mesmo dor, certa beleza luminosa…
Há uma concepção alternativa – porventura de raiz mais escolar do que quotidiana – segundo a qual os sólidos são mais frios do que os líquidos e estes mais frios do que os gases. Basta queimar os dedos numa panela (que é sólida) para verificar que assim não é… A génese deste equívoco tem a ver com a interpretação da experiência do aquecimento de um cubo de gelo, aquecimento este que origina a água líquida e depois, se o aquecimento continuar, vapor de água. De facto, à medida que se fornece energia ao sistema, as suas partículas agitam-se mais e, porventura, ocorre mudança de estado. Mas temperatura, no olhar “zoom” dos corpúsculos que constituem a matéria, relaciona-se sempre com agitação média das partículas e não com a mobilidade dessas partículas…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Sf 3, 14-18a
«O Senhor exulta de alegria por tua causa»
As leituras do Antigo Testamento são por vezes áridas e difíceis, mais carentes de exegese. Por mais que se compreenda e viva fascinado pela novidade de Jesus, Ele mesmo só se compreende enquanto contínuo da tradição judaica. Em certo sentido, se Jesus é a chave, o judaísmo é a porta… Este texto de Sofonias coloca-nos no cerne da fé, na alegria de Deus pela existência de cada um. É, em certo sentido, a fé de Deus nos homens. É Deus que arrisca em nós. E que libertador pode ser ter esta matriz de doação, de bênção. Sim, uma bênção com um custo. Uma rosa com espinhos. Mas, ter fé, aceitar a fé de Deus em nós, é escolher, focar-se e viver a beleza da rosa, apesar dos espinhos…
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Sf 3, 14-18a; Sl Is 12, 2-3. 4bcd. 5-6
L 2 Flp 4, 4-7
Ev Lc 3, 10-18
Assim como há ‘uma Eva’ dentro de nós (que busca a autossuficiência e a pressa na tentação de possuir a maçã) há também um Noé dentro de nós: temos dilúvios na nossa vida, podemos construir barcas onde caibamos nós mesmos e mais ainda, levar na viagem umas coisas e largar outras, ver e valorizar arco-íris no céu…
Tenho algum sentido autocrítico quando me situo, não raras vezes, principalmente no fórum religioso, em certo local progressista (a menos de melhor palavra). Sem ser suficiente para me transformar em alguém fechado e conservador (a menos de melhor palavra), recordo o que me fez lembrar Halik. Este autor do século XXI colocou em cima da mesa um importante provérbio popular: “quem se casa com o espírito da época, depressa fica viúvo…”
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 1, 26-38
«Faça-se em mim segundo a tua palavra»
Maria realiza em si aquilo que também nos convida a fazer a nós: abrir-se aos desafios do Criador. Maria não é calculista, mas aventura-se, não pergunta mas realiza, não duvida mas acredita, não se recusa mas oferece-se. A maior inspiração mariana radica na abertura à novidade, na criação de um certo ‘nada’ interior, capaz de acolher como dom o ‘tudo’ que o tempo traz.
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Gn 3, 9-15. 20; Sl 97, 1. 2-3ab. 3cd-4
L 2 Flp 1, 4-6. 8-11 [Leitura II do Domingo]
Ev Lc 1, 26-38
Comparo o assincronismo histórico (esse vício de principiantes que leva a ler com os olhos de hoje o que é passado) com aquele processo personológico, tão frequente quanto estéril, de lermos o nosso ontem e, sabendo o que sabemos hoje, nos dizermos: “que cavalgadura que eu fui” …
Nenhum Santo converteu ninguém porque ninguém converte ninguém, só Deus e o próprio se convertem… se vão convertendo…
O purgatório saiu de moda e talvez ainda bem: tinha resquícios muito óbvios de crivo apertado, jugo pesado, métrica de mérito e jogo de prémio e castigo. Mas conseguiria recuperar pelo menos parte desse contexto conceptual se o purgatório fosse uma destilação amorosa da fusão entre a nossa humanidade experimentada e a Essência de Bem sempre contida… Assim sendo, não se espere mais e vamo-nos então destilando purgatoriamente…