saborear e comer

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 21, 1-19

«Jesus aproximou-Se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com os peixes»

Os tempos litúrgicos pós-Páscoa relatam-nos sucessivas (re)aparições de Jesus aos discípulos. Permito-me relevar (dar importância secundária…) ao dilema hermenêutico-teológico de saber se apenas os discípulos “viram e comeram com o Senhor” ou se existiu uma fisicalidade síncrona espaço-temporal dos acontecimentos relatados nos evangelhos. O mais importante para a fé, penso, é penetrar vivencialmente nestas duas dimensões: 1- Deus revela-se na abundância (de peixes); 2- Deus radica-se no mais ordinário e essencial, em ciclos de vida dinâmicos e de dádiva (comer). Se “pescássemos” e “comêssemos” com este ‘toque de ressurreição’, a vida poderia ser mais intensa…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO III DA PÁSCOA


L1: At 5, 27b-32. 40b-41; Sal 29 (30), 2 e 4. 5-6. 11-12a e 13b
L2: Ap 5, 11-14
Ev: Jo 21, 1-19 ou Jo 21, 1-14

JP in Sem categoria 4 Maio, 2025

disciplina e festa

Ser professor é aspirar a construir espaços educativos equilibrados, onde o rigor se mistura com os afetos e a exigência anda a par da compreensão. Onde as regras existam, mas se projetem na atenção personalizada, onde em certo sentido, a necessária disciplina na sala de aula não trave alguma «festa».

JP in Sem categoria 2 Maio, 2025

controlar

Eu seria mais livre se o meu controlar e o meu conduzir dessem asas à entrega e à fruição…

JP in Sem categoria 28 Abril, 2025

pedra angular

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 117 (118)

A pedra que os construtores rejeitaram
tornou-se pedra angular

 Jesus como pedra rejeitada… e pedra angular, é a profecia cristã entre-aberta no salmo 117. O fracasso da cruz ressuscitado pelo rasgar da desmedida misericórdia marca o centro da Páscoa cristã. Muitos ventos das mais variadas correntes psicológicas lançam o reconhecimento do trauma como um autêntico potencial de revolução pessoal. Todos nós somos tecidos de traumas marcantes, dentro da família, na escola, na sociedade. Reconhecer essas ‘mortes amorosas’ é fundamental. Uma vez reconhecidos e abraçados, amados e alavancados tais desamores, nós mesmos, pedras vivas de uma construção maior, tal qual somos, com as nossas fraturas, podemos ser não pedras (auto) rejeitadas… mas pedras angulares… como Jesus.

Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.

DOMINGO II DA PÁSCOA ou da Divina Misericórdia


LL 1 At 5, 12-16; Sl 117 (118), 2-4. 22-24. 25-27a
L 2 Ap 1, 9-11a. 12-13. 17-19
Ev Jo 20, 19-31

JP in Sem categoria 26 Abril, 2025

utilidade da ciência…

Há matérias científicas a saber que não têm aplicabilidade prática imediata nem relação com a tecnologia, a sociedade ou o ambiente e são verdadeiramente importantes. Na matemática há exemplos bem óbvios, mas também se encontram na química. Na investigação em química-física, por exemplo, avança-se na determinação experimental de parâmetros termodinâmicos e muitos desses valores não são usados por qualquer indústria farmacêutica ou de materiais, mas são resultado de ciência genuína. O saber em geral e a ciência, em particular, devem cuidar de si para não caírem num qualquer utilitarismo preocupante…

JP in Sem categoria 16 Abril, 2025

meter-se na cena

Na (tentativa de…) oração a partir da leitura bíblica, há um implícito e eterno convite a “meter-se na cena”. Significa que o leitor vira ator na sua imaginação orante. Poder-se-ia expressar assim, por exemplo: “certo dia Jesus seguia para Emaús e dele se abeiraram três pessoas (dois mais eu, que leio…)”.

JP in Sem categoria 14 Abril, 2025

desejo(s)

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 22, 14-23, 56

«Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa»

Em domingo de Ramos, os cristãos recordam o trajeto final da vida de Jesus, que antecede o fulcro da Sua entrega radical. O início do texto longo que hoje se medita nas celebrações poderia marcar toda a leitura da Páscoa: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa”, isto é: falo-vos, vivo e ofereço-vos, a cada um de vós, um Deus que se quer relacionar, que quer estar, que se propõe “entranhável” na vida ordinária, no ‘comer’. Um Deus “comestível”, poderíamos dizer, numa linguagem tão ousada quanto eucarística…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO DE RAMOS NA PAIXÃO DO SENHOR


L1: Is 50, 4-7; Sal 21 (22), 8-9. 17-18a. 19-20. 23-24
L2: Filip 2, 6-11
Ev: Lc 22, 14 – 23, 56

JP in Sem categoria 12 Abril, 2025

primeiro ser humano…

Quando surgiu então o ser humano, no processo evolutivo? Nem a ciência, nem a filosofia, nem a teologia podem determinar o momento exacto da aparição dos primeiros seres humanos. A resposta a esta questão só poderá ser dada, segundo Ratzinger, em termos relacionais, não meramente em termos da ciência biológica ou de uma metafísica substancialista: «a argila tornou-se ser humano no momento em que uma criatura, pela primeira vez, mesmo de forma muito velada, foi capaz de for- mar uma ideia de Deus. O primeiro tu que o ser humano — por mais balbuciado que fosse — dirigiu a Deus é o momento em que o espírito se levantava no mundo. Aqui foi ultrapassado o rubicão da criação humana. Não é a utilização de armas ou do fogo, nem novos métodos de barbárie que caracterizam o ser humano, mas a sua capacidade de estar frente a frente com Deus. É isto o que significa a criação especial do ser humano… Aí está também a explicação porque é impossível à paleontologia fixar o momento da criação do ser humano: a criação do ser humano é o ressurgimento do espírito, que nenhuma pá de investigador pode detectar».

JP in Sem categoria 10 Abril, 2025