compaixão

Jesus é para mim muito inspirador na relação com os outros, principalmente porque fita a fragilidade e o sofrimento de cada humano. Jesus não mobiliza o pecado… esse, que existe, é para redimir pela compaixão, não para agudizar pela acusação… É isto, libertar(-me) na compaixão, o que nem sempre faço, que desejo ardentemente ser.

JP in Sem categoria 8 Novembro, 2023

ainda Jornada Mundia da Juventude

Ainda a propósito da JMJ elaborei uns dizeres na publicação abaixo*.

“Sou daqueles que não ferve de entusiasmo por grandes eventos, com grandes multidões. Por
isso mesmo, acompanhado das mesmas limitações que me autocoibem de ir a jogos de futebol,
grandes espetáculos musicais ou feiras, acompanhei de casa e a distância a Jornada Mundiais da
Juventude. Para mim, valeu assim. Sei até que, sem corresponder à experiência indizível de quem
esteve em Lisboa, fruí de algumas vantagens na perceção das mensagens e na captura detalhada de algumas performances.
(…)

O evento superou o programa e também as minhas expectativas. Esteve bem quem organizou, esteve bem quem colheu e, claro está, deu luz muito expressiva o Papa Francisco. Os discursos do Papa e os gestos de simplicidade foram de uma Igreja em saída. Mas também as celebrações, as danças, a estética global. A Igreja, porque se abriu e foi o que é chamada a ser, falou para fora e foi reconhecida pelos mais variados quadrantes como uma casa porosa, capaz de congregar para a paz, para a humanidade, para a essência das coisas.
‘Chamando os bois pelos nomes’, para dentro e para fora da barca que somos, Francisco soube
apontar enganos, recentrar a vida e apresentar sinais de muita esperança. Poderemos elencar os
highlights muito fortes do Papa, que valem por si e apresentam futuro: a Igreja de todos, todos, todos, o olhar para baixo apenas para ajudar a levantar, o encorajamento à superação do medo, o combate ao clericalismo, a devolução que nos é devida pelos privilégios da formação e da educação, a assunção da fragilidade, a atenção aos mais pobres, o último lugar como sítio cristão, etc. Mas, no meio de tantos elogios à Jornada em geral e aos dizeres e ao ser do Papa Francisco, vou destacar um elemento, que pode ter passado mais despercebido e que se revela muito inspirador: o Papa fala pouco de cada vez e na mancha temporal dos discursos, fala uns bons noventa por cento ou mais, diria eu, de forma simples e para toda a gente, para fora (e assim para dentro), com muito pouco paleio beatífico, desse que ainda abunda na barca e que quase ninguém entende (nem fora nem dentro) … e que está gasto, desgastado, cansado…

(…)

Diz a sabedoria veiculada na espiritualidade inaciana que em tempos de desolação não se
tomam grandes decisões. Ora, na Igreja em Portugal e no mundo, depois desta Jornada Mundiais da Juventude em Lisboa, sopram ventos de consolação. Ótimo tempo de mudança, abertura e arejamento, portanto, como profetizado por Francisco no nosso país. Trabalho sério, prolongado, mas urgente. Nada precisa de ser inventado pois já temos um nome para este caminho: sinodalidade vivida, de forma autêntica e aberta. Vamos a isto!”

*

Não temos medo. Refelexões sobre a JMJ e o caminho sinodal

Perfácio de Paulo Portas e coordenação de Rui Sariava. Paulinas. 2023.

JP in Sem categoria 6 Novembro, 2023

impõem leis difíceis de cumprir e obrigam os outros a suportá-las, mas eles próprios não fazem nada para as cumprir

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 23, 1-12

O trecho do Evangelho que este fim de semana se lê nas missas merece ser colocado na forma de espelho da Igreja. Bastaria que ministros e outros leigos às vezes mais clericais que muitos clérigos, escutassem, interiorizassem e auto-criticassem como mola de transformação, algumas das palavras diretas de Jesus, sempre muito “de pé atrás” com a hipocrisia religiosa: “Gostam de ocupar os lugares mais importantes nos banquetes e os assentos de mais destaque nas casas de oração” ou “é que eles dizem uma coisa e fazem outra. Impõem leis difíceis de cumprir e obrigam os outros a suportá-las, mas eles próprios não fazem nada para as cumprir”. Ganhemos todos lucidez crítica sobre o que a Igreja não deve ser e tentemos aberturas outras, mais verdadeiras, humildes e, assim, radicalmente amorosas…

DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM


L 1 Ml 1, 14b – 2, 2b. 8-10; Sl 130 (131), 1. 2. 3
L 2 1Ts 2, 7b-9. 13
Ev Mt 23, 1-12

JP in Sem categoria 4 Novembro, 2023

mortes…

Tenho vindo a realizar que deverá ser certo que Deus acolha no seu amor todos os que partem deste mundo (sem prejuízo de poder haver quem, até pós-morte, por imperativo de liberdade, possa recusar esse Abraço). Nas nossas liturgias fúnebres, em particular, ainda estamos muito na teologia de mérito quando o que verdadeiramente salva é a teologia da graça. A misericórdia rasga-se e será excessiva, mais ainda do que já é. Que nós mesmos, enquanto andamos a tentar realizar o sonho de Deus por aqui, nos animemos com o Alegria que já se antecipa.

JP in Sem categoria 2 Novembro, 2023

Igreja aberta

Javier Melloni, no seu livro “Cristo interior” lança um lastro tão cristão quanto radicalmente aberto e ecuménico, que me descansa, enquanto crente católico Romano: “A Igreja é um jardim de surpresas onde germinam sementes antigas que não germinaram na sua altura mas não morreram, e onde árvores de outrora são hoje lenha esquecida. A Igreja á maior que ele própria, mas não o sabe. Põe limites às suas possibilidades. Sempre o fez e continua a fazê-lo. Mas as sementes do evangelho não sabem destas demarcações e por isso há Igreja para lá da Igreja, como há evangelho para lá do texto e há Cristo a nascer em todo o coração desalojado de si mesmo. O Cristo nascente está albergado em cada interior humano. Há sementes de divindade – o chamamento a viver a existência como plenitude do receber e do dar-se, tal como acontece no interior de Deus – espalhadas por toda a parte. Jesus de Nazaré veio despertar-nos e, desde então, estamos a amanhecer apesar de tanto adormecimento nosso.”

JP in Sem categoria 30 Outubro, 2023

mandamentos…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 22, 34-40

Pode ocorrer-nos, em nome de certa liberdade, a palavra e a ideia de ‘mandamentos’. “Ninguém manda em mim”, poderemso exclamar, não sei razão. Mas há mandatos que contemplam a nossa liberdade, sentido e sentidos. Há mandamentos que nos levam a encontros e ao Encontro. Os mandamentos relembrados em contexto evangélico, que dão continuidade e resignificado ao lastro judeu, quase que poderiam ser um só, pois Deus é amor. Que estas duas “sugestões mandatórias” sejam balizas de estradas de liberdade: “Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo mandamento é semelhante a este: ‘Ama o teu próximo como a ti mesmo’. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas”.

DOMINGO XXX DO TEMPO COMUM


L 1 Ex 22, 20-26; Sl 17 (18), 2-3. 7. 47 e 51ab
L 2 1Ts 1, 5c-10
Ev Mt 22, 34-40

JP in Sem categoria 28 Outubro, 2023

fé e afetos

Convém estarmos a par de certos ventos teológicos que sublinham os afetos no território da fé. Para Sequeri (que nos convida a uma imersão mais óbvia da arte e da imaginação na reflexão sistemática das coisas de Deus), a confiança afetiva e relacionável é a base da fé.

JP in Sem categoria 26 Outubro, 2023

conservadores e progressistas…

Na tensão entre conservadores e progressistas, que vale o que vale, convém reconhecer que a maioria de nós convive com dialéticas de rutura e de continuidade. Se me escandalizo com o excesso do progressista, sou um conservador escandalizado. Mas se me escandalizo com o ponto de vista do conservador, sou um progressista escandalizado…. Evitar o escândalo interior face ao outro é um bom insight de abertura…

JP in Sem categoria 24 Outubro, 2023

dai a César o que é de César…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 22, 15-21

As perguntas difíceis a Jesus, tipicamente engendradas em chave de cilada, são as perguntas difíceis da nossa vida. Tocam as zonas nevrálgicas da existência. No caso presente, a relação com o poder. Na cena apontada pelo Evangelho estamos diante da posse (e do poder que tal representa) do dinheiro. Mas a extrapolação para outras posses é muito possível: posse de mérito, posse de posições, posse dos outros, posse de estatutos, posse de salvação religiosa. Dar a César o que é de César (e a Deus o que é de Deus) é relevar a contingência de ter, seja o que for. Talvez se perceba melhor, a partir daqui, que amar é abrir mão, que amar é largar…

NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.

DOMINGO XXIX DO TEMPO COMUM



L 1 Is 45, 1. 4-6; Sl 95 (96), 1 e 3. 4-5. 7-8. 9-10a.c
L 2 1Ts 1, 1-5b
Ev Mt 22, 15-21

JP in Sem categoria 22 Outubro, 2023

ética

A ética, em si mesma, é uma aspiração a um bem maior e justo para todos. Pode basear a moral, mas supera-a…

JP in Sem categoria 20 Outubro, 2023