salvação, ontem e amanhã
A ‘salvação’ (sentido mais-que-religioso…) é saber estar em processo. O amanhã e o ontem andam-nos sempre a distrair…
A ‘salvação’ (sentido mais-que-religioso…) é saber estar em processo. O amanhã e o ontem andam-nos sempre a distrair…
Em final de “coisas”, como em finais de ano, tendemos a balanços. Como foi este meu ano. Como posso melhorar? Que propósitos para o ano seguinte? Sou daqueles que entendo que todas estas perguntas devem ser feitas na cama da confiança, puxando sempre do lençol do agradecimento e com a almofada daquilo que de bom e bem vou fazendo…
O sentido possível do PODER, em cada um de nós, nas relações pedagógicas, em instituições como a Igreja ou o estado, só pode ser um: “poder para servir”. Todo o poder que não for para servir é desprezível.
Reconheço-me e reconheço-te, não por aquilo que faço ou fazes mas por aquilo que somos: liberdade garantida…
Talvez escolhesse para definição de humildade, essa virtuosa mas difícil meta, a seguinte: ser o que se é, aberto à novidade, assumindo limites…
Foi sempre das pequenas e frágeis coisas (pedaços de pão e peixe, sementes de mostarda, grãos de trigo, esterilidades…) que se fez, na senda bíblica, o Reino de Deus. Inspirador para quem, como eu, tem muito a crescer no profundo acolhimento da sua pequenez e da fragilidade do mundo…
Sou honestamente compreensivo face aos meus amigos em retirada das “coisas de Deus”. Eu próprio partilho o dilema, mais ou menos traumático, de propostas religiosas com muito ruído. Mas invoco o insuspeito Nietzsche que, perdoe-se-me o salto, coloco em confronto com palavras do Evangelho. Escreveu Nietzsche: “o desaparecimento de uma ilusão não proporciona necessariamente uma verdade”. Dizia o apóstolo Pedro, a propósito das complexidades de seguir o Mestre: “para onde iremos, Senhor, se só Tu tens palavras de vida eternal?”
Sou prudente no amparo da expressão, muito usada em contexto religioso, “escutar Deus” (pode derivar para “Deus disse-me”). No seu impulso metafórico, emprestando atenção, silêncio, cuidado aos sinais e inteireza, a expressão tem sentido e pode ser vivida como real. Mas já me deparei com a convocatória desta expressão para as mais infantis incorporações: mandatórias, excessivamente explícitas, e, principalmente, desresponsabilizantes…
Um dos tiques que poderíamos ter no exame de consciência é este: “como anda o meu queixímetro? Como anda o meu vitimímetro?”. Níveis altos destes ‘aparelhos’, são sempre sinal de alarme…
Algumas palmas que recebemos, se não forem bem embrulhadas, são solidão esguia e efémero divertimento…