preces…
A prece é uma triangulação: eu (ou nós), a realidade e Deus… mas um Deus nem marioneteiro, nem manipulável, nem surdo…
A prece é uma triangulação: eu (ou nós), a realidade e Deus… mas um Deus nem marioneteiro, nem manipulável, nem surdo…
Deus não nos leva ao colo, digo eu. Dá-nos “colo” e depois mete-nos no chão, como a Mãe da criança que promove a cria…
Quanto aos milagres, precisam claramente da nossa fé para o serem. Espreitam, tais milagres participados, muito mais no vulgar do que no espetacular, muito mais no ordinário do que o extraordinário…
A fé relaciona-se com uma convicção paciente. Por confronto, o agnosticismo seria a entrega apenas a uma hipótese e o ateísmo seria refém de uma desilusão. Em cada um de nós, temos de reconhecer, haverá áreas de crença, agnosticismo e ateísmo. Talvez esteja na nossa mão estimular diferentemente essas áreas…
Não me posso criar mas posso cuidar-me, cuidar (de outros) e, assim, ser co-cuidador..
Uso com algum risco o termo ‘insignificância’, quando me ‘entalam’ com perguntas, face a episódios descritos na Bíblia, do tipo: “aconteceu ou não, fisicamente falando?’. O que quero dizer é que a fisicalidade de alguns relatos nuca será o mais relevante. Porque as questões de fé pedem sempre fé, com maior ou menor apoio nas convicções que determinado acontecimento se processou tal e qual nos chega hoje nos relatos das escrituras. Note-se que até os apóstolos que “viram o Senhor” (e o que será ‘ver’?), não são dispensados de fé, para crerem e, principalmente, para viverem a Ressurreição de Jesus…
Mesmo se o nascimento do método científico se consubstanciou com Francis Bacon, já no século XVII, até lá alguns progressos de natureza científica e tecnológica realizaram-se a par da filosofia e da religião.
Naquele tempo, as ideias de Aristóteles eram o cenário de todo o conhecimento e um certo fundamentalismo do seu pensamento terá impedido o progresso. Mas grande parte do conhecimento na Idade Média deu-se, de alguma forma, no seio de um ambiente religioso. Sobretudo na Astronomia e na Matemática, mas também na Medicina e noutras áreas, o progresso era associado a instituições religiosas, sendo protagonizado essencialmente por monges. Este facto, aliás, terá marcado a cultura ocidental, em comparação com a China ou o mundo árabe, por exemplo. Foi crucial todo o trabalho desenvolvido no seio da Igreja Católica na Idade Média para se darem os maiores passos na ciência. Foi a Europa Ocidental e a sua cultura que constituíram o palco dos grandes eventos científicos. É o caso da Física, por exemplo: Galileu na Itália, Newton em Inglaterra e Einstein (Alemanha e Estados Unidos). Foi a Idade Média (e no seu seio uma forte presença católica), o terreno histórico que, a montante, suportou estes três gigantes…
A cena bíblica dos irmãos Abel e Caim é plena de complexidades e contém ingredientes de clara violência (como a vida…). Há uma pergunta arrepiante que é lançada, absolutamente crucial e cheia de potencial ecuménico. É a pergunta de onde podemos partir para nos situarmos no plano pessoal, histórico, cultural e teleológico. É uma questão simples: “onde está o teu irmão?”…
A ideia de pessoa, que deriva de “persona”, relaciona-se com o teatro grego e seria, “o que está por trás da máscara…”. É, em todo o caso, mesmo no seu dinamismo etimológico, o “único e irrepetível”. Expoente máximo de pessoa, contudo, encontro-o na complexa mas inspiradora tensão da Trindade cristã: mais do que indivíduo, ali se sublinha a relação. Tal inter-alteridade, em que nos projetamos nós mesmos, é o cerne da pessoa que se É…
Ontem foi dia do trabalhador. Celebre-se o trabalho!
A palavra trabalho tem uma semântica e uma evolução civilizacional impressionantes. Nas suas origens, deriva de tripé, um tripé para tortura, esforço, sacrifício. Tem-se vindo a tornar uma regalia… um direito. No caso de muitos de nós, o trabalho é um ‘presente’ de exceção: o trabalho pode dar-nos prazer, mesmo que pedindo algum suor… Penso também no trabalho como um processo, incluindo o de crescimento pessoal. Trabalhar, pois, é um caminho e é um privilégio. Oxalá consigamos uma sociedade mais justa, onde todos possam trabalhar, também no sentido total, solidário, interior e global…