razão
A razão é fundamental, o logos nos alimenta. Mas há um toque de insuficiência na razão. As rodas dentadas da razão, fundamentais na ingrenagem humana, não operam no vazio…
A razão é fundamental, o logos nos alimenta. Mas há um toque de insuficiência na razão. As rodas dentadas da razão, fundamentais na ingrenagem humana, não operam no vazio…
A atitude de acreditar ou não em Deus, tem uma base racional, mas esta base não é suficiente. Não é do mesmo género da base racional da filosofia ou da ciência. Não existe nenhuma prova filosófica ou científica da existência de Deus. Toma-se aqui «prova» no sentido em que se demonstra, sem margem para dúvidas, por exemplo, que a Terra tem uma forma aproximadamente esférica e gira à volta do Sol. A racionalidade da fé baseia-se, entre outras coisas, no testemunho que chega a cada geração a partir dos primeiros crentes. Este é o género de prova que é normalmente aceite, por exemplo, nos tribunais. Além da evidência empírica (um corpo morto, por exemplo, no caso de um assassínio, uma arma com que foi realizado o crime, etc.), há a evidência testemunhal. O tribunal aceita em geral o testemunho das pessoas que poderão ajudar a chegar a uma conclusão objetiva sobre o autor do crime, conclusão em que se baseia o juiz para pronunciar a sentença. É claro que as testemunhas podem mentir, mas isto não significa que a prova testemunhal não seja considerada seriamente. A experiência religiosa de quem acredita em Deus tem por isso uma base testemunhal: é a relação que tenho com os outros cristãos e com Deus que me leva a dar-lhes crédito, isto é, a acreditar neles. O cristão não tem razões para não os acreditar, naquilo que constitui o núcleo central da sua fé. Tem, pelo contrário, todas as razões para lhes dar crédito, mesmo tendo em conta que a história do cristianismo é feita de luzes e sombras…
Embalado pela quase perfeita analogia de que a espiritualidade é o vinho e as religiões são os copos, a gestão apostólica, não sendo displicente, é da ordem do copo… Todo o gesto apostólico, portanto, deverá apontar para o verdadeiramente espiritual. Reconheço a utilidade do copo, mas convém notar, em certa moderação religiosa, que vinho sem copo tem valor enquanto copo sem vinho é vazio estéril e infecundo…
Uma das respostas que poderíamos chamar a inúmeros problemas da vida era esperar pacientemente. Em muitos casos, aliás, o problema está no carimbo da situação como problema. E se em vez de problema, rotulássemos apenas tal cenário como um desafio?
Um Feliz Natal para cada um e para todos!
Que cada um consiga “re-significar” da melhor forma os tempos, os gestos, as tradições e os sentidos deste maravilhoso tempo que passa.
Nietzsche, que era tudo menos religioso, lamentava a falta de sentido contemplativo do seu tempo. Dizia que esta circunstância (final do século XIX…) “terá provavelmente a sua época e calar-se-á por si própria, um dia, quando se der o regresso em força do génio da meditação”…
Um véu translúcido antevê sem total nitidez o mistério de Deus. Por isto há REvelação… a acontecer…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 1, 39-45
pôs-se a caminho
Em tempos de Advento recentramo-nos em Maria, que explicita três aspetos fundamentais: fé, aceitação e risco. Maria colocou os meios ao serviço da sua missão: saiu do sofá e foi ter com alguém… a quem ajudou e através de quem foi ajudada. Seduz-nos este estilo de Maria, singelo, alegre e descomplicado. Muitas vezes estamos bloqueados e não nos colocamos a caminho. Notar que também ai Deus está connosco. Ele não está presente com condições e como resultado dos nossos méritos mas porque nos ama, sempre. Com esta confiança, podemos também fazer a nossa parte e buscar os recursos que precisamos para ser o que podemos ser. Raramente o conseguimos sozinhos. Há neste texto um duplo movimento, inspirado em Maria: pedir ajuda sempre que precisamos, indo ao encontro das pessoas certas, que nos acolhem como nós somos. Por outro lado, sermos também nós abertos a sermos ajudadores de quem nos procura…
Os analistas de dados são a profissão do futuro, dizem. Fala-se até em ‘dataísmo’, como paradigma do conhecimento. A ciência, na senda de uma tradição sua, desenvolve padrões e dá indicações daquilo que serão as profissões da chamada quarta geração. A meta-questão e o meta-desafio continuarão, mesmo nestes outros paradigmas dataistas: importará sempre, conhecendo mais e melhor, promover a criatura humana…
Na cultura zen identifica-se uma certa força/energia, diante da qual todos se inclinam. É chamada “ki” pelos japoneses e “chi” pelos chineses. Pela minha formação em ciências exatas, tenho certa antipatia pelo uso dos termos energia e força no campo espiritual. Prefiro energia como, por exemplo, o produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz e força, por exemplo, como a capacidade de alterar o estado de repouso ou movimento de um corpo ou de o deformar. Mas são só palavras… Seja lá o que for, em “ki”, “chi”, “espírito” ou o que as palavras não abarcam, intuo um “qualquer coisa” experimentável, que move também a minha confiança e que me desenha como pessoa de fé…