vésperas de pontes
A ponte adiante, no dia seguinte, é já de si uma esperança que valoriza a terra que piso e o tempo que me envolve. Ver a ponte, é já viver um futuro cheio de futuro…
A ponte adiante, no dia seguinte, é já de si uma esperança que valoriza a terra que piso e o tempo que me envolve. Ver a ponte, é já viver um futuro cheio de futuro…
Sem retirar qualquer valor à ciência, de entre as novas inquisições contemporâneas, veja-se a de génese cientificista. É feita pelos inquisidores da classe científica fundamentalista, que censuram tudo o que não seja dito com a linguagem “própria” da ciência. Mais ainda, queimam o que não for metodologicamente científico e condenam na praça pública todos os que tangerem o politicamente incorreto de não se vergarem à “sacra verdade científica”…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 22, 14-23, 56
«Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa»
Em domingo de Ramos, os cristãos recordam o trajeto final da vida de Jesus, que antecede o fulcro da Sua entrega radical. O início do texto longo que hoje se medita nas celebrações poderia marcar toda a leitura da Páscoa: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa”, isto é: falo-vos, vivo e ofereço-vos, a cada um de vós, um Deus que se quer relacionar, que quer estar, que se propõe “entranhável” na vida ordinária, no ‘comer’. Um Deus “comestível”, poderíamos dizer, numa linguagem tão ousada quanto eucarística…
Disciplina: não esperava, no meio de tanta vida solta e cultura de liberdade intelectual e pessoal eleger esta como palavra importante, que me auto-imponho para crescer. Mas ela aqui está, a provocar-me e a fazer-me aderir…
Santo Agostinho — Aurélio Agostinho viveu entre 354 e 430. Nasceu e morreu na Argélia. Bispo, escritor, teólogo, filósofo, bispo de Hipona e Doutor da Igreja, as suas concepções sobre o pecado original e sobre a Igreja enquanto cidade de Deus influenciaram profundamente toda a Idade Média. Combateu vivamente as heresias do seu tempo. A si se devem influências mais platónicas com marcas ainda hoje menos interessantes na cristandade como, por exemplo, a dicotomia alma-corpo ou a concupiscência, na sua versão de “carne como inimiga da alma”… Uma frase de Santo Agostinho me marca profundamente, como janela de liberdade: “ama e faz o que quiseres”.
Moisés, por exemplo, não é considerado absolutamente simbólico e mítico (como Eva, Caim ou Noé) embora a sua historicidade seja polémica, localizando-se, contudo, nos séculos XIII-XIV a.C. Há uma tensão bíblica ‘historicidade-literatura-simbolismo’, de alguma forma equivalente à tensão ‘fisicalidade-simbolismo’, em toda a chamada “história da Salvação”. A Bíblia não é, com toda a certeza, algo “caído do céu aos trambolhões”. Também não é, para os crentes, apenas mais um livro de histórias. São livros (um plural importante…) que contêm a semente de um dinamismo de revelação, que carece sempre da leitura da fé, para o encontro com a fé…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 8, 1-11
«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra»
A história da mulher adúltera é das mais expressivas da vida de Jesus. Revela facetas da sabedoria cristã (desmontagem da cilada dos fariseus) e de grande misericórdia (“também eu não te condeno”). A analogia popular de que quando apontamos aos outros um dedo, são três dedos que se apontam a nós, pode ser convocada: todo o exercício critico pode ser feito com consciência autocrítica. Não julgarmos os outros sem estarmos atentos às nossas próprias fragilidades é um bom caminho para viver uma lucidez crítica misericordiosa.
Há uma frase frequente que é a pura ironia da humildade. Esta frase revela, de alguma forma, que a humildade é intrinsecamente indizível… (apenas vivível). A expressão proibida, paradoxal e eternamente sem sentido é esta (alguém dizer, na primeira pessoa, de si mesmo): “sou muito humilde!”…
Estamos num tempo difícil para os professores. Espreitam elementos de grande desmotivação. Mas há – tem que haver – uma chama mais funda que resgata o sentido da profissão e resignifica o quotidiano da vida na escola. O mais importante é e será sempre a paixão de ensinar. Haja o que houver nas escolas e nas reformas educativas, o fascínio será sempre a mola do professor. O fascínio do professor é o eixo que faz mover a escola e, assim, anima o mundo!
É impressionate o facto de, no espaço sideral interestelar, haver cerca de uma partícula por centímetro cúbico. Com este espaço tão rarefeito, estima-se que a colisão entre partículas ocorra de 10 em 10 milhões de anos. Química fugaz, imensidão de quase vazio… Torna-nos pequenos, a nós e à nossa escala…