pequenas coisas que libertam
É uma sabedoria dos tempos: cada pequena coisa com grande amor será sempre o que nos libertará!
É uma sabedoria dos tempos: cada pequena coisa com grande amor será sempre o que nos libertará!
Estou onde estou e como estou. Às vezes, de facto, não estou, porque não estou onde estou nem como estou…
Tudo o que nos acontece, por dentro e por fora, é sagrado em potência. Para ser verdadeiramente fecundo, esse tudo que nos acontece de potencialmente sagrado tem de ser: 1-encarado, 2-interpretado e 3-integrado. Não é uma picadora moulinex 1-2-3 mas o seu oposto, pois precisa de tempo e de silêncio…
Rezar é difícil…
Queremos e cremos uma oração centrada em Deus.
É precioso, este tempo que Lhe damos.
É uma fonte de calma e de encontro…
É já bom tomar consciência deste tempo que passa
…e em que queremos estar mais de perto com Deus…
difícil… mas possível, como a vida…
Os argumentos e o raciocínio, são ingredientes fundamentais à sustentabilidade existencial e à crença ou não-crença no transcendente. No que concerne a fé, porém, é bom sublinhar que é difícil «chegar a Deus apenas com a cabeça». Acreditar na existência de Deus nunca é um dado adquirido, mas um processo dinâmico. Importante é viver como crente e confiar, como uma criança ao colo da sua mãe, que mais do que questionar a sua existência «goza» o seu afecto.
Usar em relação a si próprio e aos outros a racionalidade é um caminho útil para o cristão. Mas se a fé é uma procura para viver, será a vida a fornecer a maior luz. Neste sentido, a contemplação do mar, a amizade, uma criança, uma festa ou até uma contrariedade, um jogo ou lavar a louça, são experiências que, vividas com intensidade e entrega, poderão ser valiosas para um crente se deixar tocar pelo Deus de amor que nos está a criar.
A nossa vida interior tem algo de luta. Se assim for, a oração é um convite a pousar as preocupações, como o guerreiro pousa o arco e a flecha… e se rende…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 13, 44-52
O Evangelho fala-nos de uma das parábolas do Reino dos Céus. Este reino é, neste sentido, uma pérola, um tesouro, que justifica que tudo vendamos para o ter. É curioso ter este olhar de pérola para com o próprio tempo: “vender tudo para ter o tesouro”, é tornar precioso cada minuto que experimentamos, seja de dor ou alegria, seja com esta ou aquela pessoa, seja de luz ou de escuridão. O que importa, é que seja vivido intensamente, como se nada mais houvesse do que esse mesmo minuto…
O tempo
O tempo é também
quase capicua
que avança e recua…
Mas passa, o tempo.
E não há maior segredo
do que o agarrar
vivendo bem
cada momento
mesmo de dificuldade
sofrimento ou morte.
Porque sopra um
paradoxal vento
de instante e eternidade.
O tempo é lento
e saboroso,
mas corre…
14-03-2012
Há ainda, apesar de algum caminho, uma distância grande entre o que desejo ser e o que consigo ser. Tenho, em muitos casos, arrumado na cabeça o que ainda não vivo com competência. Por exemplo, sobre devoração (da comida e não só) ou sobre falta de atenção (a mim mesmo, aos outros e à beleza que grita). Rezo, elaboro, penso, organizo, estruturo e escrevo sobre isto, mas sou um medíocre praticante. Numa linha otimizante, oxalá não ingénua, acolho esta insuficiência pessoal para abrir o coração e ampliar a minha compreensão e aceitação das fragilidades dos outros…
Fazendo-me…
Sou um Homem
a fazer-se,
uma bilha em enchimento.
Sou um processo
em aberto,
ventoinha em movimento.
sou um livro
que se abre.
Sou escutante
de um recado.
Sou errante
procurante,
quando páro,
sou buscado.
Sou vivente
agradecido.
Sou morrente
renascido.