graça a pedir…
Uma boa graça a pedir – sempre melhor que pedinchar – é a de me assustar menos face ao que falta, dentro de mim, fora de mim e no mundo. A confiança reside aqui: o que falta é matéria prima da obra que se vai esculpindo…
Uma boa graça a pedir – sempre melhor que pedinchar – é a de me assustar menos face ao que falta, dentro de mim, fora de mim e no mundo. A confiança reside aqui: o que falta é matéria prima da obra que se vai esculpindo…
A Química é mesmo uma ciência dual: empírica mas racional, pragmática mas puxando pela imaginação. A Química, ao mesmo tempo, estuda objetos mas cria objetos, aproxima-se de leis gerais mas pulvilha-se de excepções. Talvez por isto goste de Química… porque também eu sou assim…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 1, 35-42
Que procurais? (…) Vinde ver. (…) Encontrámos o Messias
O diálogo que Jesus trava com os discípulos de João Baptista resume, em certo sentido, a história da revelação de Deus por intermédio de Jesus Cristo. Esta prosa alimenta-se da tríade procurar-ver-encontrar que, de alguma forma, resume também a nossa sede, a nossa história e a nossa vida pessoal: o desejo de alegria de alegria faz-nos procuraralgo que dê sentido à existência. Jesus, pela forma como vive, como perdoa e como ama, faz-nos verum estilo de vida que tem sentido e nos torna gente encontrada. Se houver um trilho de caminho no cristianismo (depois, pleno de variantes), talvez seja por aqui: procurar, ver, encontrar…
No tempo de pandemia e nos desejos de estar e abraçar fisicamente tantos outros que há muito não tocamos, talvez se possa dar um pequeno mergulho místico e dizer: “até breve pois se um instante é a eternidade contida e a eternidade são instantes inteiros e integrados, daqui até ao Verão é um eterno instante…
O poeta romano Horácio deixou-nos uma simples combinação inspiradora: carpe diem. Talvez ousasse traduzir com linguagem atual como “curte o dia”. Entendida na sua versão inteira e com dimensão espiritual, resume um apelo suficiente para encontros verdadeiramente humanos.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 1, 7-11
Depois de mim virá alguém…
Na celebração do Batismo de Jesus (que se colocou na fila, no melhor sentido do termo), fixamo-nos na personagem de João Batista e na auto-percepção humilde que interiorizou da sua própria missão. Há um lado único, original e irrepetível em todos nós mas, ao mesmo tempo, espreita certa liberdade quando conseguimos assumir a nossa não autossuficiência e caminhamos para um encontro existencial que passa por apontar para um outro, Jesus Cristo. Este que veio, vem e virá, completa-nos naquilo que somos. Ser Cristão é, como celebramos quotidianamente na missa, ser por Cristo, com Cristo e em Cristo…
É relevante, face ao erro pessoal, promover, por ordem crescente de importância:
1- ampliar a atenção e os métodos para errar menos adiante;
2- tirar proveito no sentido de aprender a conviver melhor com o erro pessoal;
3- ampliar a compreensão e a misericórdia face aos erros dos outros;
4- reparar o erro e, principalmente, as consequências junto de outros (se for o caso, claro está, pedir perdão).
Para todo este dinamismo, convém uma confiança prévia de que, mesmo errando, somos sempre amados e amáveis…
Buda diz sobre o Nirvana que, em vez de falar, se ofereça uma flor. As realidades oriental e ocidental são mesmo vasos comunicantes: aquilo que é verdadeiramente, só pode ser recebido (não descrito). A cultura ocidental, de que sou feito e que, com gosto, vivo, valoriza mais a palavra e o conceito. A cultura oriental, que visito com gosto e de que bebo com proveito, valoriza mais este gesto silencioso de ser… Mas no fundo, bem sabemos, há muito de orientalidade na cultura ocidental…
Em ambiente de pandemia, notemos com reparo agradado que talvez se tenha globalizado alguma ética: nas prioridades da vacinação, um pouco por todo o mundo, vão primeiro os mais velhos, os mais frágeis, os mais inseguros (ou quem cuida deles). Esta preferência pelos ‘últimos’ deve orgulhar a humanidade.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 2, 2-32
Ofereceram-Lhe presentes
Ainda no dinamismo da época de Natal, somos conforntados com a entrega dos presentes ao Menino Jesus. Em Espanha, como é sabido, é mesmo esta a altura reservada para a troca de presentes. Foquemo-nos na cumplicidade semântica da palavra ‘presente’ dizer respeito a uma prenda e, ao mesmo tempo, a este tempo que que vivemos, que não ´ontem nem amanhã. E se o nosso verdadeiro presente (a Deus – Menino – e aos homens) fosse este tempo presente que temos para viver e que queremos viver. Haverá presente mais valioso do que o tempo presente bem vivido?