Vim trazer a divisão
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 49-53
«Vim trazer a divisão»
As palavras de Jesus escritas no Evangelho de Lucas parecem um equívoco. O mesmo que diz “Eu dou-vos a minha paz” anuncia também que a sua vida-morte-ressurreição vem trazer uma divisão entre os homens. Este aspecto da proposta de Cristo deve-nos fazer pensar que a postura, afinal passiva, do tipo “está sempre tudo bem”, pode não ser a mais indicada. Por vezes, em nome do amor, importa não ser ingénuo, separar o “trigo do joio” e, nesse sentido, dividir. A liberdade dos homens abre espaço ao bom e ao mau e podemos esperar, face a muitos gestos e posturas, que algumas propostas cristãs, feitas em nome da paz, gerem a divisão dos homens.
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
DOMINGO XX DO TEMPO COMUM
L1: Jer 38, 4-6. 8-10; Sal 39 (40), 2-3. 4. 18
L2: Hebr 12, 1-4
Ev: Lc 12, 49-53
o mal e a paciência
Perante o (complexo e universal) problema do mal (latus sensus) arrisco uma metodologia:
1- Aceitar como condição intrínseca à vida humana.
2- Ao mesmo tempo que “me rendo”, pois também “luto” e interpreto a minha existência como certo combate ao mal, promotor do bem, em mim e à minha volta.
3- Faço por distinguir entre o mal (em mim e nos outros) que tem o selo da minha responsabilidade e o que francamente me supera. Posso trabalhar mais o primeiro…
4- … Mas sinto-me convocado em promover o bem num dinamismo que me ultrapassa, focado em sarar as feridas do ‘nós’.
Nota: pessoalmente, teria dificuldade em protagonizar os itens acima sem: esperança, contemplação da beleza que espreita… e paciência…
Ciência, religião e educação
Muitos equívocos de fronteira entre ciência e religião e o seu ensino prejudicam uma ciência moderna e contextualizada e podem contribuir para uma religião infantilizante. Do lado religioso, muita ignorância e inflexibilidade têm alimentado imagens de Deus menos boas, incapazes de serem compreendidas e acolhidas na nossa cultura de conhecimento. Do lado da ciência, por outro lado, existem também inúmeros fundamentalismos, como se a ciência fosse resposta a todas as questões da Humanidade. A par da abordagem científica que interroga e tenta entender o cosmos, está sempre em cima da mesa a questão do sentido da vida, para o qual a religião trilha caminhos.
vadio
Se eu fosse genuinamente vadio, como quereria, não teria lugar nem hospedaria. Andaria na estrada a procurar quem me habita…
estai vós também preparados
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 32-48
«Estai vós também preparados»
O Evangelho conta-nos a parábola de um Senhor que pode vir quando menos espera o seu servo (que somos cada um de nós). O estilo de preparação a que um Cristão está convidado, não é da ordem do medo do castigo infernal, do prémio ou do mérito. A preparação da vida espiritual, pessoal e comunitária é um trabalho da ordem do já, do aqui e do agora. É um processo… Há um Encontro que se pode fazer, que se pode antecipar desde já. Esse Encontro, que se vai fazendo e que só pode crescer na intensidade, é o Encontro que importa.
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM
L1: Sab 18, 6-9; Sal 32 (33), 1 e 12. 18-19. 20 e 22
L2: Hebr 11, 1-2. 8-19 ou Hebr 11, 1-2. 8-12
Ev: Lc 12, 32-48 ou Lc 12, 35-40
Enquanto orava, alterou-se o aspecto do Seu rosto
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 9, 28b-36
«Enquanto orava, alterou-se o aspecto do Seu rosto»
A transfiguração de Jesus é algo que fascina e perturba os Seus companheiros, como nos fascina e perturba também a nós. A transfiguração simboliza uma passagem, uma ponte, uma Páscoa, entre o provisório e o definitivo, entre o humano e o divino, entre “o hoje” e “o sempre”, de alguma forma, entre a transcendência e imanência. Uma ideia que podemos levar para a vida, é o entendimento de que vivemos para, também nós, nos transfigurarmos. Pelo amor, pela forma como olhamos e vivemos, cada um de nós se vai transfigurando e vai sendo ator da transfiguração do mundo, querida e sonhada por Deus…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
DOMINGO XIX DO TEMPO COMUM
L1: Sab 18, 6-9; Sal 32 (33), 1 e 12. 18-19. 20 e 22
L2: Hebr 11, 1-2. 8-19 ou Hebr 11, 1-2. 8-12
Ev: Lc 12, 32-48 ou Lc 12, 35-40
vazio provisório
O vazio, na sua vertente científica, é sempre provisório. Depende fortemente da detetabilidade, quer instrumental quer teórica. Dizemos que é vazio, face à física e à matemática que ainda não temos para perceber o que talvez exista e a que, provisoriamente, chamamos nada…
amar-te-ei
A mais comprometida
e libertadora forma de amar
pode exprimir-se
numa simples palavra
exigente
confiante e
promissora:
amar-te-ei!
a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 13-21
«A vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens»
O Evangelho fala-nos do desprendimento e do desapego espiritual dos bens. É uma linha de rumo que serve para os bens materiais, mas não só. Certos dons, relações, afectos são também para serem partilhados. No olhar Cristão, tudo serve para irradiar, nada serve para possuir. A parábola do agricultor que, em vez de partilhar a sua abundância, constrói maior celeiro para mais acumular, é de uma grande força, pela explicitação de quanto é estéril “guardar para si”. E nós, quando temos as nossas “colheitas”, tendemos a partilhar ou construímos “novo celeiro”?…
NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog
DOMINGO XVIII DO TEMPO COMUM
L1: Co (Ecle) 1, 2; 2, 21-23; Sal 89 (90), 3-4. 5-6. 12-13. 14 e 17ac
L2: Col 3, 1-5. 9-11
Ev: Lc 12, 13-21