falar e ouvir Deus…
Falar com Deus e escutar Deus é sempre tateante. Desconfiemos sempre dos arautos excessivamente certos dessas comunicações…
Falar com Deus e escutar Deus é sempre tateante. Desconfiemos sempre dos arautos excessivamente certos dessas comunicações…
O que talvez a Igreja Católica romana ainda não tenha percebido, é que terminou o dinamismo socio-eclesial em que a proposta cristã funcionaria por via da autoridade. O terreno, atualmente e já há algum tempo que se insiste em não encarar, estará recetivo a alguma boa nova, mas noutra base, a da dicotomia igualdade/liberdade. Teremos de ser mais criativos mas, convenhamos, se falamos de igualdade e liberdade, estamos, justa e felizmente, a regressar ao Evangelho.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 1, 35-42
Que procurais? (…) Vinde ver. (…) Encontrámos o Messias
O diálogo que Jesus trava com os discípulos de João Baptista resume, em certo sentido, a história da revelação de Deus por intermédio de Jesus Cristo. Esta prosa alimenta-se da tríade procurar-ver-encontrar que, de alguma forma, resume também a nossa sede, a nossa história e a nossa vida pessoal: o desejo de alegria faz-nos procurar algo que dê sentido à existência. Jesus, pela forma como vive, como perdoa e como ama, faz-nos ver um estilo de vida que tem sentido e nos torna gente encontrada. Se houver um trilho de caminho no cristianismo (depois, pleno de variantes), talvez seja por aqui: procurar, ver, encontrar…
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 1Sm 3, 3b-10. 19; Sl 39 (40), 2 e 4ab. 7-8a. 8b-9. 10-11
L 2 1Cor 6, 13c-15a. 17-20
Ev Jo 1, 35-42
Passei a proibir-me de dizer ‘a igreja isto… a Igreja, aquilo’. Mantenho e quero manter a lucidez crítica mas precedida, sempre, da palavra nós, que me inclui e responsabiliza: Começo então a frase por ‘nós, Igreja…’ e digo o que (auto)criticamente ajude a iluminar e a melhorar.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 2, 1-12
«ouro, incenso e mirra»
Os presentes dos reis magos a Jesus podem apresentar uma simbologia curiosa na epifania: o ouro era um apontamento dos reis, o incenso era usado para louvores a Deus e a mirra ajudava no embalsamento dos corpos. Esta tríada de rei-Deus-morte pode ser útil para uma aproximação cristã: em Jesus Cristo está, na nossa fé, um Rei especial que é filho de Deus e que é precisamente Rei, de forma original, por servir amorosamente até à morte. Assim, libertando a morte e libertando-nos da morte, a vida cristã é (um) presente.
Este texto é adaptado em parte ou na totalidade de palavras anteriores já publicadas.
L 1 Is 60, 1-6; Sl 71 (72), 2. 7-8. 10-11. 12-13
L 2 Ef 3, 2-3a. 5-6
Ev Mt 2, 1-12
Quando falamos do envelhecimento da Igreja poderíamos estar a falar de aspetos magníficos e ternurentos da terceira idade: a experiência acumulada que gera uma sabedoria prudente, mas confiante no futuro; um laivo de essencialidade nutrido pela força de um passado batido; as mãos cansadas, mas abertas; uma entrega que sorri à esperança. Mas temo que não, que a velhice da igreja possa apresentar-se rabugenta, rígida, desanimada, frustrada, inconformada com a dádiva, fechada e bolorenta. Em resumo, quieta no mesmo lugar, qual múmia a perder vida.
Há um pequeno texto de Tolentino Mendonça, onde ele repesca uma conversa coloquial numa barbearia, que dá bom mote aos anos que começam, com aquele apontamento saudável que importa… Permito-me explorar esse pensamento numa forma mais gráfica. Seja um segmento composto pelos extremos A e B. O extremo A chama-se ‘consciência de benção’ e o extremo B chama-se ‘ação e responsabilidade’. Não é fundamentalista quem está em A e B (é positivamente radical e corresponde, aliás, ao que desejo ser). Mas A ou (não ‘e’) B é coxo. Vejamos. Estar só em A tem o perigo da passividade, da submissão irresponsável e, não raras vezes, dum auto-martírio que poderia ser evitado. Uma deficiente teologia da cruz pode alimentar ainda mais este extremo solitário e des-inteiro. Diríamos que há consciência de benção mas de forma pouco madura, como se a graça não precisasse do trabalho da terra que somos…. É uma posição muito típica em terrenos religiosos. No lado do ‘só B’ está um ativismo auto-suficiente, com grande risco de falta de esperança, de sentido de ‘nós’ e de reduto contemplativo que dê alma (anima) à vida, que não é fácil…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 2, 22–40
«Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor»
Dando cumprimento à Lei de Moisés, Maria e José levaram o Menino ao templo. O gesto central de Maria e de José, é o de oferecer o seu filho e, desta forma, estabelecer uma cumplicidade com a missão salvadora de Jesus e a sua doação a todos nós. Opõem-se ao gesto de oferecer, as atitudes de possuir, manipular, controlar, chantagear e construir expectativas formatadas. Quantas vezes, nas nossas relações (os pais em relação filhos mas não só), não teremos esta atitude de possuir, em vez de oferecer?… Apresentar, oferecer, largar, são bons verbos de inspiração para as relações dentro de tantas (sagradas) famílias que florescem no mundo.
Sagrada Família de Jesus, Maria e José – FESTA
L 1 Sir 3, 3-7. 14-17a (gr. 2-6. 12-14); Sl 127 (128), 1-2. 3. 4-5
L 2 Cl 3, 12-21
Ev Lc 2, 22-40 ou Lc 2, 22. 39-40
ou:
L 1 Gn 15, 1-6; 21, 1-3; Sl 104 (105), 1b-2. 3-4. 5-6. 8-9
L 2 Heb 11, 8. 11-12. 17-19
Ev Lc 2, 22-40 ou Lc 2, 22. 39-40
Rezar não é magia nem “pedinchisse”: é uma atitude que, principalmente, me prepara para receber…
És amado para o amor. A fé, por pequena que possa ser, é o reconhecimento desse amor.