afirmação cristã

Há uma tensão entre a afirmação identitária de uma crença, como a cristã, e a abertura sem limites a uma verdade ainda mais ampla. O meu sublinhado, porventura também com alguma irreverência, é se não somos mais Igreja por esta via (vou chamar-lhe via larga…) do que por qualquer outra defensividade afirmativa, militante e eclesialmente ‘auto-centrada’…

JP in Sem categoria 6 Julho, 2023

escuta…

Reconheço-me com alguma voracidade no falar. Permito-me interromper o outro…

JP in Sem categoria 4 Julho, 2023

Quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 10, 37-42

«Quem ama o filho ou a filha mais do que a Mim não é digno de Mim»

Principalmente para quem tem filhos ou filhas as palavras do Evangelho podem parecer chocantes. De facto, é difícil imaginar que se possa amar algo mais do que um filho. Pelos filhos, realmente, dão-se noites, dá-se o corpo, dá-se tudo, dá-se a vida! Poder colocar o amor por Jesus num outro patamar pode ter sentido na crença. Aqui Jesus “usa” a realidade do amor paternal e do amor maternal para colocar a fasquia da entrega transcendente como expressão de liberdade. A entrega a Deus nunca poderia ser um holocausto de diminuição. O apontamento cristão será sempre do tipo ‘quanto mais humano, mais cristão, quanto mais cristão, mais humano’. Há uma coerência humanizante e que, de alguma forma, se pode transformar num ato de fé para os pais que são cristãos: a convicção de que nesta (difícil e exigente) proposta em relação aos filhos todos, incluindo os próprios descendentes, podem ganhar. É que amando assim a pessoa de Jesus e inquietantemente repousados nos seus critérios e no seu horizonte de liberdade, ama-se mais e melhor, de facto, os próprios filhos e as filhas… Se quisermos – e generalizando para todos, tenhamos filhos ou não – estamos numa metáfora em que certo desapego (em relação aos filhos e não só), sem prejuízo de cuidado e entrega radical, pode qualificar o amor…

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

DOMINGO XIII DO TEMPO COMUM


L 1 2Rs 4, 8-11. 14-16a; Sl 88 (89), 2-3. 16-17. 18-19
L 2 Rm 6, 3-4. 8-11
Ev Mt 10, 37-42

JP in Sem categoria 2 Julho, 2023

exame de consciência

Uma boa interpretação do exame de consciência, sem excluir a razão e a memória, é entendê-lo como “re-cordar” = re-viver com o coração…

JP in Sem categoria 30 Junho, 2023

confiança…

A primazia da confiança, na existência humana, na ciência e nas religiões, é uma pedra angular. O Beneditino Santo Anselmo, já no século XII, afirmava não buscar conhecer para acreditar mas antes crer para conhecer. Percebe-se que ninguém consiga existir sem confiar em alguém. Percebe-se que a ciência só se desenvolve na rede fiduciária duma realidade existente e cognoscível. Percebe-se que a fé é mais crer para ver do que ver para crer…

JP in Sem categoria 28 Junho, 2023

gente importante…

A fé bem nos poderia ajudar a uma espontânea descrição e não “pavonice”: é que, em rigor, não precisaríamos de dizer que somos importantes porque o somos garantidamente à luz de um Deus-Bondade que nos ama à cabeça, que nos encontra como únicos… e importantes… Boa malha para evitar as nossas autopromoções…

JP in Sem categoria 26 Junho, 2023

nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 10, 26-33

«nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se»

A frase do Evangelho de Mateus é acutilante para nos colocar centralmente na preferência óbvia pela verdade, pela luz, pelo esclarecimento, pela transparência. Uma das mais radicais fragilidades da Igreja, das famílias cristãs, dos grupos católicos e de muitas relações humanas é a ignorância vivencial deste convite pela luz em cima da mesa. O resultado é catastófrico: porventura “embalados” com leituras parciais e enganosas das escrituras (como a inspiração de ‘não dar escândalo’), tantos de nós não vamos por aqui: ocultamos, jogamos, escondemos, dissimulamos, contemos, omitmos… enganamos e enganomo-nos… Tudo rebenta, mais tarde ou mais cedo, com danos muitas vezes irreparáveis. Que as dores de gestos e heranças de omissão e finta da realidade nos recordem e façam viver tendendo à verdade, mesmo que doa…

DOMINGO XII DO TEMPO COMUM


L 1 Jr 20, 10-13; Sl 68 (69), 8-10. 14-15. 33-35
L 2 Rm 5, 12-15
Ev Mt 10, 26-33

JP in Sem categoria 24 Junho, 2023

Matrioskas

Matrioskas

A avó, a Mãe e a filha

estão concêntricas no mesmo barco.

São úteros dentro de úteros

como as matrioskas.

Estão presas e cúmplices

mas desejam liberdade.

Espreita uma janela de fuga

que se quer mas que se não quer.

Isto marca o mundo todo,

o delas e o dos outros…

JP in Sem categoria 22 Junho, 2023

Providência divina…

Se me perguntassem o que era a Providência divina, talvez respondesse assim: é uma teimosia de Deus, que se centra no Seu ‘disco riscado’ que grita “só sei amar”, mas que quis que a música tocasse no gira discos que somos nós. É aqui que toda a crença se refunda constantemente.

JP in Sem categoria 20 Junho, 2023

Ele nos fez, a Ele pertencemos

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 99

«Ele nos fez, a Ele pertencemos»

Lemos no salmo 99 um verso forte: “Ele nos fez, a Ele pertencemos”. Aderir a este verso pressupõe um golpe de Fé, o de fazer corresponder à pergunta/desejo “eu, embora carente, existo” com uma aposta do tipo “fui e sou criado”. Esta frase tem, pelo menos, duas focagens possíveis: uma diz respeito a nós próprios, à nossa consciência de que somos “barro nas mãos do oleiro”, que somos seu templo e, portanto, nos devemos respeitar e cuidar, no corpo e no espírito, como tal. A outra implicação, não menos importante, é que este salmo é universal e, assim, todos os nossos irmãos são de Deus e a Ele pertencem. Filhos, cônjuges, familiares e amigos, bem como os mais distantes e até os “nossos inimigos”, pertencem a Deus. E se os outros não me pertencem, eu não os posso manipular como um joguete!…

Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto

DOMINGO XI DO TEMPO COMUM


L 1 Ex 19, 2-6a; Sl 99 (100), 2. 3. 5
L 2 Rm 5, 6-11
Ev Mt 9, 36 – 10, 8

JP in Sem categoria 18 Junho, 2023