adiar um poema
Adiar um poema
Não vou
adiar
este poema.
Haja o que houver,
serei poema.
Rindo ou
chorando,
teço versos.
Todo o poema,
mesmo o da esperança,
se escreve
agora e aqui.
não vou
adiar este poema.
2011
Adiar um poema
Não vou
adiar
este poema.
Haja o que houver,
serei poema.
Rindo ou
chorando,
teço versos.
Todo o poema,
mesmo o da esperança,
se escreve
agora e aqui.
não vou
adiar este poema.
2011
Pai Nosso alternativo
Pai nosso
Que estás no Universo
Especial é o Teu Ser.
Abra-me à
Relação conTigo.
Se realize,
Por mim e
Com todos,
O Teu sonho.
Agradecemos-te
Todos os dons
Da vida.
Agradecemos-Te
O amor maior
Do perdão
E pedimos a graça
De também nós
Amarmos assim
Todos os nossos
Irmãos.
Dá-nos a graça
De crescer
Na tentação
E salva-nos
…apesar do mal.
Soutelo, 11 de dezembro de 2016
Pontaria
A paternidade tateia o cuidado.
O direito tateia a justiça.
O professor tateia a educação.
O matemático tateia o rigor.
O pedreiro tateia a construção.
A engenharia tateia a tecnologia.
A ciência tateia uma verdade.
O discernimento tateia a pontaria…
Prosa relevante sobre o sonho
Há um primeiro e fundo instinto: o de viver, ou sobreviver, quanto mais tempo e em qualidade melhor.
Um segundo sonho me auto-transcende, me contém e me sustenta: o de dar a vida, quanto mais tempo e em qualidade melhor.
Não deixo de ser o primeiro mas a liberdade é do segundo.
A sobrevivência existencial do primeiro sonho é rasteira e choca no absurdo das mortes e incompletudes.
O Segundo sonho faz daquilo que falta ao mundo e que me falta a mim, a matéria prima da própria escultura que a transcendência esculpirá em mim e por mim.
Por isto, de manhã, acordo e agradeço. E procuro oferecer ao tempo e ao espaço que tenho essa essência, que nunca agarro mas que tateio em cada gesto amoroso.
06 de fevereiro de 2016
Laboratório químico
Uma pipeta
pipeta a
bureta.
Outra
bureta
torneira
na mão.
Pego no
copo
faço solução,
mexo
com a
vareta
em rotação.
Aqueço
no disco
ou no
bico a gás
dissolvo
e verto
para uma
matráz.
Agito assim,
diluir solução
metendo
com água
para um
simples balão.
É lindo
ver e pensar
mas sempre
seguro,
com muita
atenção.
A química
andando
com muita
emoção…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
Viajo
num comboio
pleno de gente.
Cada rosto
cada vida
cada olhar,
me comovem
profundamente.
A paisagem
move a gente
e a riqueza
que se sente.
Verto sal
de alegria,
plenitude,
de repente:
estes rostos
estas vidas
estes olhos
desta gente…
2011
Tabela Periódica
Que Tabela!
Quem pintou
esta tela?
Quem a criou?
Que tabela!
Quem sou,
no meio dela?
Onde estou?
Basta uma vintena
de teus elementos
para compor a cena
dos meus pensamentos.
Carbono e outros que tais
cálcio, ossos, dentes…
elementos iguais
combinações diferentes…
Que tabela
engraçada
o russo
inventou.
Deixou
-lhe
buracos
que a ciência
ocupou.
Há colunas
e linhas
sem ser
linear.
E o mundo
criado,
contando comigo,
tem lá seu lugar
tem lá seu abrigo…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
Hino à química
Quão
Útil
Incrivelmente
Mágica
Interrogante
Curiosa
Abrangente…
Quão
Universal
Imprevisível
Monumental
Impressionante
Concorrida
Ampla…
Quão
Utópica
Inatingível
Mito
Invenção
Colorida
Alquimia…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
ETERNIDADE
Alguém aqui veio…
confundir o Céu.
Tudo é contínuo
no infinito!
O Céu começa aqui.
No pôr do Sol,
o horizonte não existe:
o Mar é o Céu!
…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
acessível aqui