Hibridização
Hibridização
Na química,
os aromas mais nobres
são com eletrões de ninguém.
É tal ressonância
que emana
e se espalha em doação.
Na química,
como na química da vida,
é a partilha,
é a não pertença
que nos perfuma…
2019
Hibridização
Na química,
os aromas mais nobres
são com eletrões de ninguém.
É tal ressonância
que emana
e se espalha em doação.
Na química,
como na química da vida,
é a partilha,
é a não pertença
que nos perfuma…
2019
Reduzido
Toma lá,
dá cá,
electrão
já cá está.
Eu fico,
reduzo,
tu perdes,
oxidas,
tu largas
eu uso
electrão,
saltitão.
Reduzi,
oxidei-te
e daqui em
diante
serás oxidado,
e eu
oxidante.
Recebi,
reduzi,
mas também
te oxidei,
lei da vida
é assim:
recebi,
também dei…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
OÁSIS
O céu abriu-se
ainda antes
de eu saber
a forma do meu viver.
Ar fresco,
banhos de azul,
e outras coisas belas
que reaparecerão
depois da noite.
Toquei este oásis
quando me pus de lado,
me importei
que aquele outro
fosse feliz.
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
acessível aqui
SENSUAL AVULSO
Um seio,
um olhar,
um sorriso,
uma sedução.
Um corpo,
um sexo
escravidão.
Apalpar
fazer e tocar
em provocação.
O que era belo
o que é belo
em liquidação!
…in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
acessível aqui
Titulada
Pim, pim
cai,
assim,
na solução,
pim, pim
rumo
à neutralização.
No fim,
se indicador
se intromete,
nem sempre
vale
o pH sete.
Gráfico
escada,
subida,
escala andante.
Valor encontrado:
Sabia-se o titulante
Sabe-se o titulado…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
Cobre
Com sulfato
emparelhado,
em pedra
ou solução,
é belo de
azul
metal,
descrição.
Condutor
abraçado
isolante,
corrente
aqui
aparece
adiante.
Maleável,
valioso,
industrial,
abundante.
Ancestral
precioso
em moedas,
vibrante,
polido,
brilhante.
Não sei quem
é mais duro,
se sou eu
ou se és tu.
Gosto mais
do meu nome
pois teu
é feio
…é Cu…
in Paiva, J. C., Quase poesia quase química (2012) (e-book). Lisboa, Sociedade Portuguesa de Química.
acessível aqui (porventura enriquecido com uma ilustração)
Autoilusão consentida
Assumo esta
autoilusão
…consentida
até desesperada.
Daqui, da sede
calada que grita,
invento Alguém.
Corro
…como se fosse
real
esta mesma criação.
Vivo
…como se fosse
vida
a minha imaginação.
Avanço
…e num vazio pleno
sinto, experimento
e confirmo
que Alguém me abraça!
Quem diria:
o que inventei existia
… e era Graça!
Fornos, 20 de dezembro de 2017
Há ou não há?
Há ou não há
um vestígio de
eternidade no mar?
Há ou não há
Uns laivos de
Esperança na dor?
Há ou não há
Um pequeno
Cato verde no deserto?
Há ou não há
Um subtil
Milagre quando
Alguém nasce?
Há ou não há
Azul vindouro
No céu cinzento?
Há ou não há
Um sentido positivo
Para as misérias
Da história?
Há ou não há
Um traço de mistério
Nos bastidores da ciência.
Há ou não há
Um coração
Que bombeia
A mente não linear?
Há ou não há
Um caminho estreito
Na minha escuridão?
Há ou não há?…
Coimbra, 12 de Abril 2004