o que posso ser
Se eu me deixasse ser aquilo que posso ser, mais do que aquilo que deveria ser, seria melhor o meu ser…
Se eu me deixasse ser aquilo que posso ser, mais do que aquilo que deveria ser, seria melhor o meu ser…
Há uma afirmação compreensível e universal, que pode ser auto-acolhida e autovalidada: “tenho medo de morrer!”. Esta frase, porém, é radicalmente insuficiente…
É bom fazer por não sofrer a dor do outro num sentido que reduza a zero a distância crítica. A compaixão move mas não seremos chamados a carregar a cruz do outro, a “cobri-lo”, a nos deixarmos tomar por essa dor… Posso acompanhar alguém que sofre e francamente ajudar. Mas a cruz do outro é sagradamente do outro e a minha convocatória não é para a carregar por ele, é para, sendo oportuno e viável, dar contributos para que ele a carregue, para que sinta e esteja acompanhado na sua jornada de luta…
O Deus em quem os cristãos acreditam e confiam e a quem, por isso, dão crédito, pode valer a pena. Os crentes não sabem explicar muito sobre o que a Ele se refere, mas o pouco que sabem é suficiente para fundamentar a sua fé. Mais do que saber explicar, procuram saber viver de acordo com os valores cristãos. Deus tem mais a ver com a sabedoria do que com o saber. Acreditar em Deus relacional, pessoal e comunitariamente, na Igreja Católica (também noutras denominações, com toda a certeza), dá aos cristãos paz e sentido para a vida. Por isso mesmo, dão crédito a Deus e à Igreja, apesar da inalcancibilidade total do primeiro e das fragilidades da segunda… O fundamento desta crença é, pois, simultaneamente, racional e relacional.
Há Deus nos céus, além das estrelas e no palco bíblico da Terra, que Galileu descentrou. Castelos e sopros de éden, que Darwin evolucionou. Um Universo imenso: o da vida, onde se rasga Deus e os Homens, e o da Palavra (nem óbvia, nem literal) onde a transcendência se propõe…
A tradição da ciência é focar-se no mecanismo e esquecer o sentido e o significado. Também por este facto, a ciência pode humildemente incorporar as suas próprias limitações.
Quando não sei o que dizer e como dizer uso a poesia (ou a poesia me usa). É uma inútil e proveitosa dança de palavras, pensamentos e emoções…
A eleição, no sentido que lhe dá a espiritualidade inaciana, é uma ontologia de processo. Tateante, como o discernimento, está a fazer-se e plasma-se no ordinário de todos os dias. Viver é ir elegendo…
O medo do conflito, em muitas circunstâncias, pode ser pior do que o próprio conflito. O equilíbrio a procurar é o de saber conflituar.
Sinto um legítimo horror à precariedade existencial e aceito-me assim. Acompanho a máxima ontológica que, à bolina dum lastro filosófico-teológico, nos situa assim: “ser, é ser para sempre”…