lava pés
Este Deus que nos lava os pés é o serviço divinizado. A inspiração é óbvia: despoderiza-te, lava os pés do teu irmão e sê livre!
Este Deus que nos lava os pés é o serviço divinizado. A inspiração é óbvia: despoderiza-te, lava os pés do teu irmão e sê livre!
Quando pais e as mães forem atacados por escrúpulos na sequência de se cuidarem a si mesmos (e namorarem…), vale a pena tirar da cartola a metáfora analógica do avião: em acidente aéreo, talvez contrariando um instinto primeiro, o adulto deve colocar a máscara a si mesmo primeiro e apenas depois colocar a máscara na criança. A mensagem é clara: sem estares bem não serves bem!
O nosso desejo, a nossa fome de nos completarmos, é estrutural. Este desejo consubstancia-se, agudamente, no instante do corte umbilical. Essa falha de útero que nos confirma finitos e sedentos, nos marcará. E o que falta em nós marca esse desejo que nos move e comove. É complexo, este desejo, e talvez paradoxal: sem desejo não há movimento mas um regresso infantil ao útero, que só consome alimento, aproxima-se da perdição…
Há sofrimentos extremos, já com cheiro de morte, com aquele lado de «solicitação de silêncios»… Sobra descalçar as sandálias e também uma certa esperança de essencialidade espiritual e alguma purificação. Pode-se estar e usufruir (…) e talvez «dizer» isto mesmo, sem palavra alguma…
Uma simples nuance semântica no lema ‘poder para servir’, em simples acrescento de duas letras, dá conta do avesso da virtude: ‘poder para servir-me’…
Ao jeito da chamada “teologia negativa”, pode ajudar-nos a tatear o amor, elaborar, pensar e rezar “o que não é o amor”.
Às vezes não é óbvio mas muitos de nós não amamos julgando amar. Por exemplo:
a) uma Mãe diz amar um filho mas manipula, não acolhe e, com palavras e gestos, não aceita nem valida radicalmente a descendência…
b) um namorado diz com palavras que ama a sua amada mas, na prática, estabelece condições (se não fizeres isto, então…);
c) um Pai diz querer o melhor para os seus filhos e amá-los (pseudo)gratuitamente. Mas, na primeira curva, cobra e expressa a sua não gratuitidade (“tanta coisa que fiz por ti e agora…”), etc.
O que não é o amor? Manipular? Possuir? (pode completar-se com mais verbos…).
O erotismo tem um toque adicional face a outras direções coisificantes e de duvidosa beleza como a pornografia: no ‘eros’ do desejo há um encantamento que sintetiza o belo da exterioridade com o fascínio duma interioridade vivida…
Como pessoas de fé, aspiramos a SER eternamente, começando pelo agora…
Os momentos de fragilidade e deceção são propícios a certo silêncio (um estar sem dizer) mas permito-me apenas imaginar a tensão entre o que eu chamaria ‘o primado da luta’ e o ‘primado da aceitação’.
Baixar braços não é caminho mas a aceitação pode ser liberdade.
Talvez a ‘luta’ a empreender seja a luta do renascimento e da recriação.
Não há nada mais sagrado que a realidade (seja qual for) e vale a pena fazer vida de qualquer morte, como a semente de trigo que cai na terra.
Reconheçamo-nos disponíveis para ajudar no que for preciso, talvez e principalmente com esta garantia da amizade que robustece.
A Segunda Lei da Termodinâmica, na sua interpretação simples e qualitativa, diz-nos que a entropia (medida de desordem dos sistemas) está sempre a aumentar. De alguma forma, esta lei dá-nos «a seta do tempo», o que é bem curioso, pois a ciência responde assim a uma pergunta que um filósofo tem grande dificuldade em encarar: “o que é o tempo?”. O tempo é então uma função que aumenta quando a entropia aumenta. Por outras palavras, hoje é hoje e não é ontem, porque há mais desordem no universo. E ontem era ontem e não hoje porque ontem havia mais ordem no universo…