fazer o que se diz e dizer o que se pensa
Uma coisa basta: fazer o que se diz e dizer o que se pensa, em verdade…
Uma coisa basta: fazer o que se diz e dizer o que se pensa, em verdade…
A interdisciplinaridade é uma inevitabilidade dos nossos tempos. Transferências de conhecimento entre disciplinas revelam uma característica positiva, uma sociedade mais ligada, onde os vários saberes se relacionam e os conhecimentos não são estanques. O perigo, porém, é que nada se aprofunde e que a interdisciplinaridade seja confundida com tocar muitos instrumentos, ficando-se a saber muito pouco de coisa nenhuma… A especialização, portanto, tem sempre o seu vital lugar…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 14, 1.7-14
«Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»
Jesus utiliza os hábitos sociais do seu tempo para falar de humildade e de uma “lógica diferente”, que Ele veio anunciar. Não obstante a realidade social diferenciada que hoje vivemos, a tentação de tomar o primeiro lugar mantém-se no coração de cada um de nós. Sermos exaltados ou, numa perspectiva psico-afectiva, sermos reconhecidos ou valorizados, não só não é mau como é fundamental. O que é negativo, de facto, é forçar a visibilidade, “armar-se”, fazer as coisas mais pelos dividendos de eventual honra consequente do que por discretas e simples causas de serviço gratuito…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: Sir 3, 19-21. 30-31 (gr. 17-18.20.28-29);
Sal 67 (68), 4-5ac. 6-7ab. 10-11
L2: Hebr 12, 18-19. 22-24a
Ev: Lc 14, 1. 7-14
Convém notar que textos com laivos mais ‘condenatórios’ no Evangelho são prévios ao relato da morte e Ressurreição. Depois desse extremo amoroso, cheio de abundancialidade misericordiosa, tudo é relido. A morte e a Ressurreição de Jesus universalizam esmagadoramente o dom do perdão e reduzem a acidentes insignificantes quaisquer insinuações bíblicas de castigo… Essas ameaças e puniçoes, relidas de frente para trás, simplesmente deixam de o ser…
O cerne da comunicação, sempre precária e tateante, é compreender que comunicar é comungar. Percebe-se porque comun(gamos)icamos ainda tão mal…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 13, 22-30
«Esforçai-vos por entrar na porta estreita»
A “porta estreita”, bem o sabemos, não é a mais fácil de passar. Certo é que a vida nos vai mostrando que o “mais fácil” (porta larga) nem sempre anda de mãos dadas com “o melhor para nós”. Da gestão dos bens materiais, a múltiplos compromissos, à relação com os outros, passando pela saúde do nosso corpo ou pela vivência da nossa sexualidade, vamos experimentando isto mesmo. O facto da “porta ser estreita”, porém, deve ser motivo de gozo e não de drama para nós próprios. Uma fasquia alta vale pelo prazer e pelos frutos de a superar e nunca pela estéril e culpabilizadora sensação de que se não consegue ultrapassar… Porta estreita, portanto, graças a Deus.
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: Is 66, 18-21; Sal 116 (117), 1. 2
L2: Hebr 12, 5-7. 11-13
Ev: Lc 13, 22-30
Vão-se os amigos
com ou sem sangue:
morte
vastidão
desnorte
falta de alimentação.
E vou ficando só
meio à sorte
na vida, como na morte
sou eu e a solidão.
Deus pode ser
mas é incerto.
No desgastar da amizade
mesmo com Deus
há soledade…
Um grande equívoco teológico é associar a não explicabilidade ao “dedo de Deus” (o famoso “deus-tapa-buracos”). Da mesma forma, há quem insista no mundo religioso em associar as coincidências ao “dedo de Deus”. Por exemplo:” coincidências naquele instante – o comboio a partir e apanhei-o in extremis: foi Deus”. Ok, até dou de barato que “foi Deus”, mas a fé parece-me estar num cenário mais amplo: se o comboio tivesse sido perdido e eu não apanhasse… também era Deus… se eu colocasse abertura a crescer com o acontecimento… Deus só É se for em todo o tempo e em toda a parte…
Fica bem! Fica com Deus, que está sempre…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 12, 49-53
«Vim trazer a divisão»
As palavras de Jesus escritas no Evangelho de Lucas parecem um equívoco. O mesmo que diz “Eu dou-vos a minha paz” anuncia também que a sua vida-morte-ressurreição vem trazer uma divisão entre os homens. Este aspecto da proposta de Cristo deve-nos fazer pensar que a postura, afinal passiva, do tipo “está sempre tudo bem”, pode não ser a mais indicada. Por vezes, em nome do amor, importa não ser ingénuo, separar o “trigo do joio” e, nesse sentido, dividir. A liberdade dos homens abre espaço ao bom e ao mau e podemos esperar, face a muitos gestos e posturas, que algumas propostas cristãs, feitas em nome da paz, gerem a divisão dos homens. Saber conflituar, saber ‘separar para clarificar e agir’ são traves mestras da existência cristã.
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
L1: Jer 38, 4-6. 8-10; Sal 39 (40), 2-3. 4. 18
L2: Hebr 12, 1-4
Ev: Lc 12, 49-53