ética e religião
O conflito ético no interior da Igreja Católica e na sua relação com a sociedade em geral atingiu um ponto de ruptura com a encíclica Humanae Vitae, de Paulo VI, que levou muitos católicos a deixarem a Igreja. Desde então, os problemas relacionados, por exemplo, com a fecundação in vitro e com diversos tipos de experimentação no campo da genética continuam a ser fonte de tensão no interior da tradição católica. Uma análise cuidadosa destes e de outros conflitos revela imediatamente a persistência de vários elementos que, no passado, estiveram na raiz das tensões de natureza filosófico-teológica provocadas por novos dados da cosmologia, há alguns séculos, com Galileu, e, mais recentemente, dos conflitos de natureza biológica e antropológica com a nova visão do ser humano proposta por Darwin. Tais elementos são, por exemplo, o recurso, nem sempre consciente, a pressupostos filosóficos e teológicos tradicionais considerados intocáveis na discussão de questões de natureza ética, e a interpretação, por vezes incorrecta, dos textos bíblicos a propósito dessas questões.