mistério e mergulho
Um mistério pode compreender-se mas não explicar-se. No máximo, podes implicar-te no mistério… Para compreender tens de aceitar, para mergulhares tens de te molhar…
Um mistério pode compreender-se mas não explicar-se. No máximo, podes implicar-te no mistério… Para compreender tens de aceitar, para mergulhares tens de te molhar…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 137
«Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor»
A vida de oração de um cristão, porque é uma relação, pressupõe a petição. Pedir é uma atitude fundamental em qualquer relação, embora pressuponha humildade. Quem entende que tem tudo, é autossuficiente e não pede… Pedir a Deus com um coração puro é certeza de receber. Será importante “não manipular”, isto é, embora colocando explicitamente o que acontece e se elabora, o que preocupa e o que se tece no tempo e no espaço, não deixar de ser sempre um pedir “o que for melhor para mim e para os outros”, o que é, por sua vez, intrinsecamente indeterminado… De alguma forma, pedir em oração, com fé, é passar um cheque em branco. Pedir é rasgar para receber. A quem pedir assim, o Senhor atende…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
Sonho de Deus
Não se trata
de descartar o meu sonho,
de deixar de ser.
É centrar o meu sonho
no sonho de Deus.
Parece óbvio:
o sonho de Deus,
tecido em vida,
será o meu sonho.
É talvez perder…
É talvez ganhar…
É salvar-se…
É ser-se salvo!
2018
A fé é um apoio vivente na convicção de que a carência, a dor, o desassossego, a inquietude, a incompletude e a morte, podem gerar abertura ao Espírito…
Pedir a Deus não é relembrar Deus – que sabe o que preciso, eu e a humanidade. Pedir a Deus é expor-me à graça, a partir da minha abertura, do meu desejo e da minha carência…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 10, 38-42
«Marta, Marta, andas preocupada e aflita com tantas coisas, quando uma só é necessária»
É sobejamente conhecida esta passagem e muito inspiradora para nos auto-acalmarmos quando a azáfama nos toma como prisioneiros. Escrevi de propósito ‘auto’, pois dizer a alguém ‘olha que estás como Marta’ é capaz de não ajudar, como não ajuda a ninguém muito nervoso dizer ‘tem calma’… Mas não há dúvida que o atulhar de coisas para fazer, uma certa excessiva operacionalidade, nos inibe de muitas escutas e essencialidades. Convém, ao mesmo tempo, uma certa auto-condescendência para com as nossas ‘martisses’: as coisas têm de ser feitas e há fases de vida em que ser Maria é mesmo difícil…
L1: Gen 18, 1-10a; Sal 14 (15), 2-3a. 3cd-4ab. 4c-5
L2: Col 1, 24-28
Ev: Lc 10, 38-42
Talvez no Paraíso, apenas aí, se encontrem duas realidades humano-divinas, essenciais e paradoxais, que só em aperitivo ensaiamos, nesta vida, no seu conjunto: destino (amoroso) e liberdade…
Reconheço uma queda, senão mesmo um vício, que se manifesta por espreitar(forçar?) a coisa metafísica. Alguém me dizia: “é fascinante tatear porque os primeiros exemplares homo apareceram aqui (naquela zona de África)…”. Pensei para comigo: removemos uma simples palavra de quatro letras e a afirmação vira metafísica: “é fascinante tatear porque os primeiros exemplares homo apareceram”…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 10, 25-37
«quem é o meu próximo?»
A réplica do doutor da lei, quando Jesus invocou o antigo mandamento (“…e ao teu próximo como a ti mesmo”) é uma pergunta que nos pode server como revisão existencial continua: “Quem é o meu próximo?”. Na teoria, conhecemos já a resposta, sabiamente transmitida por Jesus na parábola do bom samaritano. Mas, na prática, quantas vezes nos esquecemos dos nossos próximos?… Em particular, como pessoa religiosa, pergunto-me: quantas vezes há envolvimento em heroicas missões apostólicas e esquecemos os que vivem em nossa casa, no nosso bairro ou no nosso trabalho, precisando de nós?…
NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.
Se me perguntassem de que fios é feita a minha fé, escolheria três: a graça (prévia), a necessidade e o desejo.