desejo
O desejo é das mais paradoxais realidades: move, co-move e mobiliza. Ao mesmo tempo, o mesmo desejo, pode dilacerar em autêntica escravatura…
O desejo é das mais paradoxais realidades: move, co-move e mobiliza. Ao mesmo tempo, o mesmo desejo, pode dilacerar em autêntica escravatura…
Uso (e abuso) daquele diálogo imaginado, pleno de sabedoria e verdadeira responsabilidade vivente. Um (des)crente pergunta ao seu Deus, diante de uma criança que sofre: “meu Deus, esta criança a sofrer, e Tu não fazes nada?”. Responde Deus: “sim, faço-te a ti…”.
Nem a não certeza da fé é uma desgraça pois há graça neste processo de acreditar ser precisamente… um processo…uma graça…
Perante o (complexo e universal) problema do mal (latus sensus) arrisco uma metodologia:
1- Aceitar como condição intrínseca à vida humana.
2- Ao mesmo tempo que “me rendo”, pois também “luto” e interpreto a minha existência como certo combate ao mal, promotor do bem, em mim e à minha volta.
3- Faço por distinguir entre o mal (em mim e nos outros) que tem o selo da minha responsabilidade e o que francamente me supera. Posso trabalhar mais o primeiro…
4- … Mas sinto-me convocado em promover o bem num dinamismo que me ultrapassa, focado em sarar as feridas do ‘nós’.
Nota: pessoalmente, teria dificuldade em protagonizar os itens acima sem: esperança, contemplação da beleza que espreita… e paciência…
Muitos equívocos de fronteira entre ciência e religião e o seu ensino prejudicam uma ciência moderna e contextualizada e podem contribuir para uma religião infantilizante. Do lado religioso, muita ignorância e inflexibilidade têm alimentado imagens de Deus menos boas, incapazes de serem compreendidas e acolhidas na nossa cultura de conhecimento. Do lado da ciência, por outro lado, existem também inúmeros fundamentalismos, como se a ciência fosse resposta a todas as questões da Humanidade. A par da abordagem científica que interroga e tenta entender o cosmos, está sempre em cima da mesa a questão do sentido da vida, para o qual a religião trilha caminhos.
Se eu fosse genuinamente vadio, como quereria, não teria lugar nem hospedaria. Andaria na estrada a procurar quem me habita…
O vazio, na sua vertente científica, é sempre provisório. Depende fortemente da detetabilidade, quer instrumental quer teórica. Dizemos que é vazio, face à física e à matemática que ainda não temos para perceber o que talvez exista e a que, provisoriamente, chamamos nada…
Um mistério pode compreender-se mas não explicar-se. No máximo, podes implicar-te no mistério… Para compreender tens de aceitar, para mergulhares tens de te molhar…
A fé é um apoio vivente na convicção de que a carência, a dor, o desassossego, a inquietude, a incompletude e a morte, podem gerar abertura ao Espírito…
Pedir a Deus não é relembrar Deus – que sabe o que preciso, eu e a humanidade. Pedir a Deus é expor-me à graça, a partir da minha abertura, do meu desejo e da minha carência…