palavras…
A ironia de Shakespeare “words, words, words” diz duas coisas contrárias, ao mesmo tempo, onde certamente nos revemos: a força e a percariedade das palavras…
A ironia de Shakespeare “words, words, words” diz duas coisas contrárias, ao mesmo tempo, onde certamente nos revemos: a força e a percariedade das palavras…
Não há nenhuma prova científica de que a nossa mãe nos amou desde que fomos concebidos dentro dela (pode ou não ter sido o caso…). Não temos nenhuma prova científica de que somos o fruto de uma relação de amor autêntico entre o nosso pai e a nossa mãe. Não temos nenhuma prova filosófica ou científica de que Picasso foi um pintor excepcional, ou de que a música de Beethoven é superior à de Wagner, ou de que a poesia de Sophia de Mello Breyner tem um enorme valor. Não há nenhuma prova científica de que a eutanásia é a melhor opção para quem quer terminar a sua vida em determinadas circunstâncias. Os críticos de arte não fazem qualquer apelo a testes empíricos realizados segundo a metodologia científica quando têm de atribuir um prémio ao melhor filme no festival de Veneza, ou ao melhor romance, ou livro de poemas num concurso literário. Poderíamos continuar a enumerar as áreas da vida humana nas quais a racionalidade científica não tem nem a única nem a última palavra. Em síntese, a ciência e a prova científica são muito valiosas mas há outras provas por provar. Destas provas, destaco povar a vida, vivê-la como ela é…
Na salvação da proposição do outro, um conhecido estímulo da espiritualidade inaciana, pode ajudar, quando se fala da pessoa x, antecipar sempre a explicitação: “a pessoa x, que, como eu, tem defeitos e virtudes…”
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 1, 29-39
retirou-Se para um sítio ermo e aí começou a orar
Jesus tem um dia estafante… Sentiu necessidade de se retirar para rezar, escondendo-se, de tal forma que os discípulos O procuravam… Este dia de Jesus pode inspirar-nos a nós, que tantos dias estafantes vivemos. Podemos, como Ele, dedicar-nos aos doentes, doentes do corpo, doentes do espírito ou doentes de amor. Convém, contudo, não cair no ativismo, que nos esgote fisicamente para além do possível e que nos des-centre do essencial. É importante estarmos atentos ao ser e ao agir do estilo de Jesus. É bom, pois, retirarmo-nos para descansar e orar e, se for preciso, “escondendo-nos” de algumas provocações e azáfamas…
No jogo limitado das palavras, vendo bem, ironicamente, há uma coisa que Deus não supera: o Amor. Porquê? Porque Ele mesmo é o Amor.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mc 1, 21-28
ensinava-os como quem tem autoridade
A forma como Jesus ensinava, segundo as escrituras, espelhava autoridade. É bom retermo-nos no potencial pedagógico deste estilo de Jesus, que não seria, com toda a certeza, autoritarismo nem prepotência. A autoridade de Jesus, bem entendido, vinha-Lhe da coerência entre o que dizia e o que vivia. Sabemos que, por sua vez, essa autenticidade era a consequência da Sua unidade filial com uma confiança amorosa estrutural. Inspirador para nós, principalmente quando estamos em papéis educadores…
Hegel coloca-nos no fulcro da importância da experiência: “não se pode aprender a nadar sem entrar dentro de água…”
Uma boa graça a pedir – sempre melhor que pedinchar – é a de me assustar menos face ao que falta, dentro de mim, fora de mim e no mundo. A confiança reside aqui: o que falta é matéria prima da obra que se vai esculpindo…
A Química é mesmo uma ciência dual: empírica mas racional, pragmática mas puxando pela imaginação. A Química, ao mesmo tempo, estuda objetos mas cria objetos, aproxima-se de leis gerais mas pulvilha-se de excepções. Talvez por isto goste de Química… porque também eu sou assim…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 1, 35-42
Que procurais? (…) Vinde ver. (…) Encontrámos o Messias
O diálogo que Jesus trava com os discípulos de João Baptista resume, em certo sentido, a história da revelação de Deus por intermédio de Jesus Cristo. Esta prosa alimenta-se da tríade procurar-ver-encontrar que, de alguma forma, resume também a nossa sede, a nossa história e a nossa vida pessoal: o desejo de alegria de alegria faz-nos procuraralgo que dê sentido à existência. Jesus, pela forma como vive, como perdoa e como ama, faz-nos verum estilo de vida que tem sentido e nos torna gente encontrada. Se houver um trilho de caminho no cristianismo (depois, pleno de variantes), talvez seja por aqui: procurar, ver, encontrar…