para quem sou?
Gastei e gasto algum tempo com a pergunta: “porque sou?”. Ganho mais com a sua congénere: “para quem sou?”…
Gastei e gasto algum tempo com a pergunta: “porque sou?”. Ganho mais com a sua congénere: “para quem sou?”…
Diz bem Javier Melloni, antropólogo jesuíta contemporâneo, que depois de todos os positivismos e outros ‘ismos’ de fechamento ao transcendente, vivemos um tempo novo de ressurgimento da ‘sede espiritual’. Mas este sede, num mundo globalizado, só tem água na confluência de síntese da pluralidade cultural e da diversidade religiosa…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 3, 15-16
«O Espírito Santo desceu sobre Ele como uma pomba»
O sinal com que Deus sela o baptismo de Jesus é uma pomba branca. Esta pomba representa o Espírito Santo, o legado divino que também nós recebemos. O Espírito Santo, para os cristãos, “sopra” (sentido muito amplo…) nas entranhas da realidade. A pomba branca é o símbolo da paz. Podemos refletir na cumplicidade existente entre o Espírito Santo e a paz. Ligar-se ao Espírito Santo é ligar-se à paz. Ouvir o Espírito Santo, é ouvir a paz. Dar o Espírito Santo é dar a paz. Viver o Espírito Santo é viver a paz!
PS: Pode usar-se a propósito deste texto uma ironia quase cómica, para reforçar a não literalidade bíblica: é que o espírito santo, se fossemos literais, punha ovos… como as pombas…
Uma coisa (claramente positiva) é a culpa, como abertura humilde e positiva à assunção de fragilidades várias, vertidas em ações. Outra coisa é a culpabilidade, assim entendida como algo auto-corrosivo, desgastante e desgastador, culpabilizante, no poior sentido dos termos… sem rasgos de perdão…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 2, 1-12
«regressaram à sua terra por outro caminho»
Em celebração de “dia de Reis”, já depois do Natal, há vestígios ainda de “conversão”, no melhor sentido dos termos, isto é, como mudança de vida. O simbolismo dos Reis Magos terem “regressado por outro caminho” é forte: significa que aquele encontro especial (com um sentido, com O sentido…) os fez mudar trajetórias. Talvez uma das maiores riquezas da ritualização espiritual seja o radical e sistemático convite à novidade, ao confronto, à mudança de trajetória, ao “regresso por outro caminho”. Era bom cultivarmos interiormente a disponibilidade de nos tocarmos, de nos co-movermos, quando visitamos alguém, quando ensaiamos novos cenários, quando nos entregamos a novos encontros. E diante, dessas novidades, das novidades da vida, alvitrar outros regressos…
A plenitude, que não é a totalidade, não pode ser possuída. É próprio da plenitude não se fechar nem se conter, antes irradiar. Nesta linha, as religiões terão grande ‘trabalho de casa’ para fazer, pois, não raras vezes, se entendem a si próprias e se vivem como um monpólio, que nunca é nem será seu…
Vendo bem, costumamos celebrar e desejar as Boas Festas do Natal, antes do Natal…
Simbolismos à parte, o Natal é DESDE JÁ, embora AINDA NÃO JÁ.
Excelente metáfora de todos os nossos (re)nascimentos e da nossa própria vida, plena de encontros sonhados e em construção.
O Natal é um encontro antecipável…
Bom Natal 2019!
A autoridade não é desprezível em todos os dinamismos humanos. Sabemos que o cerne da autoridade, porém, é a autenticidade e a inteireza. Em termos espirituais (e isto é relevante para a Igreja) é discutível a metáfora da ‘condução’, pela pedagogia pobre e dirigista que encerra. Para a (recomendável) prática da entreajuda espiritual, é bem melhor a colocação de “acompanhamento espiritual” do que a de “direção espiritual”. Na primeira trabalha o Espírito e na segunda manipula a criatura…
Há uma arte própria de viver os momentos de felicidade. Refiro-me às experiências em que ‘corre tudo bem’, como desejado e previsto. Tais momentos, se caírem no saco do egocentrismo e da insaciabilidade, tornam-se cinzentos, fugazes e até paradoxalmente pesados.
“A insustentável leveza da incompatibilidade entre ciência e religião”
O deus em que não acredita Peter Atkins é inacreditável: ainda bem que ele é não crente nesse deus e eu, com entusiasmo, acompanho-o nesse ‘ateísmo’.
Artigo completo em
https://www.publico.pt/2018/12/09/ciencia/opiniao/-insustentavel-leveza-incompatibilidade-ciencia-religiao-1853629