sempre
Fica bem! Fica com Deus, que está sempre…
Fica bem! Fica com Deus, que está sempre…
Karl Rahner, um dos mais brilhantes teólogos do século XX, arriscou um intervalo numérico percentual quando disse, com alguma ironia: “o que 60% a 80% dos homens entendem e dizem sobre Deus, não existe, graças a Deus” (louvo esta nota de otimismo final “graças a Deus…”). A este propósito, recordo, também com ironia, algumas homilias a que assisti…
O credo cristão católico romano tem, logo no seu início, um potencial ecuménico e inter-religioso, que costuma passar despercebido. “Creio em um só Deus”, levado a sério, é uma profecia radicalmente inclusiva, também religiosamente.
A não literalidade bíblica é uma conquista na catolicidade que não é absolutamente nova (tem muitos séculos de caminho). Tal não literalidade não está ainda defenitivamente entranhada na vida dos crentes. Embora podendo chocar um pouco, talvez se possa afirmar: “a Bíblia não é a palavra de Deus”. Pode dizer-se, melhor: “a Bíblia contém a palavra de Deus… que dela se pode extrair, dinamicamente e com fé…”
Podemos ter uma boa sistematização da narrativa cristã se a entendermos nas suas três grandes dimensões, a programática, a performativa e a interpretativa. Seria assim, na fé: Deus precede a história, Deus intervém no rumo da história e Deus revela o sentido da história.
Qualquer criatura humana pensante, crente ou não crente, se perguntará porque é que a revelação a todos os povos não é mais óbvia. Na posição de fé há que assumir que não será por Deus não poder ou não querer. Este ‘ainda não’ da revelação plena é uma inevitabilidade criatural. Resulta da tensão entre a transcendência e a contingência da finitude humana e pode ter uma resposta nossa: assumirmo-nos como revelação em acontecimento.
Saboreio muito uma tentativa de vida Cristã que funde o Céu e a Terra, no horizonte da humanidade divinizada. A teologia atual suporta: procura a convergência da imanência e da transcendência.
Invoco com frequência a teologia negativa de Ekart e de tantos outros. Na teologia, como na vida, “Deus livrou-nos de (ter) Deus (no bolso)”…
Uma certa ambiguidade de Deus, que intuímos e experimentamos, não é arbitrária: é uma necessidade estrutural inerente à relação entre o Criador e a criatura.
Martin Buber distingue no seu trilho dialógico a relação 1) eu-ele (ou isso) e a relação 2) eu-tu. A primeira tem perigos de posse, de manipulação, de chantagem e até de exploração. A segunda tem potencial maior, pelo horizonte de aceitação radical. Para os crentes, há um Tu(do)-absoluto, precisamente no seu incondicional acolhimento. Este Tu é inspirador para todas as fecundidades eu-tu…