Por Vós suspiro, como terra árida, sequiosa, sem água

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 62

Encontramos no Salmo uma imagem muito real de nós próprios:
“terra árida, sequiosa, sem água”. De facto o nosso coração tem uma sede eterna do eterno e esse desejo e essa carência que nos move, na fé e na vida. Quando as nossas apostas se dirigem ao provisório, ao precário, ao passageiro, a terra é regada mas logo seca com o Sol árido da própria vida. É a secura que se torna constante. Há que procurar, pois, para esta terra sedenta que somos, uma fonte, uma fonte de água viva. Para os cristãos, é Cristo esta nascente contínua, que nos rega a cada instante, que nos mata a secura, que nos torna carentes-desejantes-saciados, agora e para sempre.

JP in Espiritualidade 30 Agosto, 2020

poema só para mim

Poema só para mim

 

Eu pedalava

a quarenta graus

de Sol

e de grau.

Vi-te perdido,

sem nome

sem norte.

Dei dez e subi,

continuei.

Mais graus,

mais suor.

Desci e dei mais.

Carreguei-te,

a ti, ao saco,

aos graus.

Dei-te mais.

deste-me água.

Sem saberes,

davas-me o elixir

que foi a minha

chave

para o dilema de Espinosa.

Foi este o poema

do dia

das poesias.

 

 

Coimbra, 28 de JuNho 2010 – dia do lançamento do livro «este gesto de ser».

JP in Poemas 28 Junho, 2018

samaritana

Samaritana

A verdadeira pérola
não é a água
mas procurar a sede
de uma fonte
certa e abundante.
A verdadeira riqueza
não é a água,
é a sede de a querer.
É este vazio,
esta hospitalidade
de crer beber
que me convoca
a construir.
A graça que peço
é a da sede,
que a água é certa!

 

18-11-2013

água destilada

 Água destilada

Ser água limpa
transparente
fresca
e lavadora.
A destilada
não é boa para beber.
Perfeita quimicamente
faltam-lhe os iões
…e outros elementos

fundamentais.
A água destilada
da vida
chama-se perfeição

e é perigosa para a saúde.
Sejamos inteiros
e não perfeitos,

…que a alma agradece…

 

janeiro 2015