teimosias da Ressureição…
Deus estar a ressuscitar é, tão só, uma teimosia divina pela vida, oferecida aos humanos…
Deus estar a ressuscitar é, tão só, uma teimosia divina pela vida, oferecida aos humanos…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 20, 19-23
Recebei o Espírito Santo
Na triangulação da fé cristã, o Espírito Santo é a transcendência amorosa que sopra, dinâmica e constante. Na passagem do Evangelho que escutamos, Jesus anuncia o Espírito Santo depois de insistências de desejos de paz. Pode ser muito inspirador para os cristãos que o Espírito Santo e a paz se entrelacem numa dialética de vida: como se um (o Espírito Santo) não fizesse sentido sem a outra (a paz). A abertura ao reconhecimento de uma Presença interior em nós quase se confunde com o encontro da paz interior. Esta paz interior, por sua vez, só pode manifestar-se em fecundos e concretos gestos de paz para os outros.
Deus, seja lá o que for, é a interrogação que teima diante de todas as respostas.
Há quem entenda que a ciência nasce na europa judaico-cristã, não por acaso. O monoteísmo cristão ajustava-se, então, aos objetivos da construção dos chamados três pilares de que a empresa científica necessitou para se edificar: o ontológico (a realidade existe), o espistemológico (é possível conhecer a realidade) e o ético (é bom conhecer a realidade).
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Slm 46
fortaleza da minha salvação
No salmo que hoje se reza ressalta Deus como “fortaleza da minha salvação”. Saboreie-se um Deus que torna forte a nossa fraqueza e que nos salva, que dá sentido à nossa vida e que vai além das nossas angústias. No evangelho são notadas muitas curas – pontuais e insuficientes (até porque os curados não deixarão de morrer…). Mas com mais relevância, Jesus salva, abre portas, dá sentido de ressurreição. Podemos agradecer – em dinamismo de fé – Ele ser nosso refúgio e, também por isso, pedir-Lhe a graça de, no tempo da nossa vida, sermos nós também eventuais refúgios e sinais de salvação para as pessoas com quem nos relacionamos. Sermos tónicos…
Inscrevi-me recentemente para vacinação covid. É um privilégio imenso. Valorizei essa sorte: ser europeu, estar num sistema de ‘fila’ em que ninguém é mais que ninguém, surfar na alavanca da ciência, começar a espreitar maior mobilidade e abraços mais físicos. É curioso o convite a especializar o que é, ao mesmo tempo, tão ordinário e comum mas tão extraordinário e significativo.
Das várias máximas do tipo “penso, logo existo”, “experimento, logo existo”, “sinto, logo existo (para nos situarmos mais no século XXI…)”, escolheria uma outra: “amo, logo existo”.
No que se refere às aparições de Fátima ou a quaisquer outras, não há nenhum documento da Igreja que obrigue à sua aceitação. Os fiéis são livres de acreditar ou não nessas aparições. O que a Igreja Católica faz é verificar se, pelo facto de alguém dizer que teve uma aparição, se gerou uma determinada prática devocional que se vai revelando significativamente positiva para as pessoas, em coerência com o corpo doutrinal da Igreja e em obediência às autoridades dessa mesma Igreja. Também a qualidade de vida da pessoa que relata aparições é fundamental para a sua credibilidade. Quando estas condições se verificam, a Igreja Católica encoraja esse culto e essa devoção pois tem potencialidades para levar as pessoas a uma vida de maior autenticidade humana e cristã. Há muitas manifestações à volta de aparições e respectivos santuários que a Igreja Católica desaconselha precisamente porque vão numa linha que não responsabiliza a pessoa por uma vida mais autêntica. Por vezes, as pessoas que vão a Fátima também visitam as bruxas, as quais lhes dizem que ir a Fátima acender três velas à Virgem Maria vai afastar o mau-olhado de uma vizinha que lhe produz cólicas no fígado! Ora, seria um equívoco culpar a Virgem Maria, ou as suas aparições, ou a Igreja Católica, de práticas como estas e outras semelhantes. Estamos num dos problemas centrais da prática religiosa de muitas pessoas: uma mistura do cristianismo com elementos de antigas crenças nas quais a relação das pessoas com Deus era baseada no medo e no desejo de aplacar a ira dos deuses e obter os seus favores em proveito pessoal e em prejuízo dos inimigos. O que se passa com Fátima é que a experiência dos que lá vão tem a potencialidade de encorajar as pessoas a mudar de vida num sentido mais humanizante. Este é, aliás, o cerne da mensagem de Fátima: «Que os homens se convertam e se tornem bons», no sentido do evangelho de Jesus Cristo.
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 15, 9-17
a vossa alegria seja completa
A alegria que Jesus nos propõe, a mesma que experimenta na confiança de um amor garantido, é a alegria completa. Todos nós já experimentámos alegrias incompletas, isto é, superficiais e provisórias. Há coisas que nos dão satisfação fazer, que nos dão contentamento, mas, passado algum tempo, nos trazem nostalgia ou mesmo vazio, porque parecem trazer o selo de alguma superficialidade e porventura, também de autocentralidade. Estar numa festa, por exemplo, pode ser palco de dois tipos de alegria: se se cultiva certo prazer, mais ou menos excêntrico, mas autocentrado, sem preocupação com os outros, gera-se contentamento… mas depois, possivelmente, solidão. Se se goza, igualmente, se se faz festa na festa mas pensando nos outros, filtrando os gestos e palavras pela peneira do amor, talvez haja alegria…completa!
A morte de Jesus na cruz já levava o selo de muita vida: a vida do amor até à morte…