cultura e fé

Há quem não aprecia o conceito de “cultura”, precisamente por ser vago e poder dizer quase tudo. Mas não encontro melhor semântica para esta geografia cruzada de saberes e de vivências. Mais ainda, enquanto crente judaico-cristão, vejo com grande dificuldade a possibilidade de extrair com proveito algo da potencialidade bíblica, sem a respetiva configuração cultural. E como membro de uma Igreja, não consigo igualmente vislumbrar como será possível caminhar e estar atento aos sinais dos tempos, sem um mergulho no empapado cultural em que nos movemos. Cultura e Fé, pois claro!

JP in Frases 12 Setembro, 2022

Ele ficou ressentido e não queria entrar

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 15, 1-32

Domingo 24 tempo comum

«Ele ficou ressentido e não queria entrar»

A parábola do filho pródigo é muito rica e permite múltiplas abordagens para nos fazer reflectir e crescer. Centremo-nos na pessoa do irmão do filho pródigo: a sua reacção é natural e todos nós temos um pouco da lógica deste irmão ressentido. Quantas vezes achamos injusto que aquela pessoa tão rude tivesse tantos benefícios… Quantas vezes pensamos ser injusto a saúde ou a vida fugir a “gente boa”, deixando outras pessoas “menos boas”, segundo os nossos critérios, sorrindo ao sol? Mas, mais subtil e auto-provocador, é o facto deste filho mais velho ser um ‘bem comportado’ (talvez “fosse à missa”, num linguajar contemporâneo). Ele ‘fazia bem’, mas ‘não fazia o Bem’, por isso, não queria entrar…

NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO XXIV DO TEMPO COMUM



L1: Ex 32, 7-11. 13-14; Sal 50 (51), 3-4. 12-13. 17 e 19
L2: 1 Tim 1, 12-17
Ev: Lc 15, 1-32 ou Lc 15, 1-10

JP in Sem categoria 10 Setembro, 2022

mistério prescindível

A palavra mistério é usada e abusada pelos crentes. Está bem invocá-la para aquilo que não sabemos nem podemos dizer, neste tateamento da transcendência. Seria prescindível (a invocação de mistério) quando usada para esconder ignorância e contradizer a racionalidade desnecessariamente.

JP in Espiritualidade Frases 8 Setembro, 2022

desejo

O desejo é das mais paradoxais realidades: move, co-move e mobiliza. Ao mesmo tempo, o mesmo desejo, pode dilacerar em autêntica escravatura…

JP in Frases 6 Setembro, 2022

…não pode ser meu discípulo

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 14, 25-33

«Quem não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo»

Poderíamos pensar que estas palavras seriam apenas ou principalmente para aqueles (religiosos) que têm voto de pobreza. A verdade é que, também noutros estados de vida religiosos, se pode e deve ser radical. Bens como casas, carros, tecnologias, etc. podem ser renunciados, isto é, não são absolutamente para possuir, mas, em vez, administrar, usar e partilhar, precisamente na medida de ser discípulo, amigo dos homens e, no prisma cristão, “amigo de Jesus”. Notar que quem tem votos de pobreza não tem a renúncia dos bens como facto consumado. A maioria dos ‘sins’ são para redizer, alimentar e afirmar quotidianamente, a vida toda…

NOTA: Este artigo é repetido/adaptado de um outro já publicado neste blog

DOMINGO XXIII DO TEMPO COMUM



L1: Sab 9, 13-19 (gr. 13-18b); Sal 89 (90), 3-4. 5-6. 12-13. 14 e 17
L2: Flm 9b-10. 12-17
Ev: Lc 14, 25-33

JP in Sem categoria 4 Setembro, 2022

para castigo, tiro-te a internet…

Sabemos que muitos pais ou professores castigam os seus filhos ou alunos proibindo-os de usar a internet. Percebe-se a preocupação: redes sociais,  sítios suspeitos, jogos fúteis, tempo excessivo em frente ao computador e outras tentações, são um desafio fácil para os filhos e difícil para os educadores… Mas há que aceitar que proibir hoje alguém de usar a internet seria equivalente a proibir ontem alguém… a ler livros… Há ainda que discutir os frutos dos ditos castigos. Podem funcionar a curto prazo, mas terão frágil eficácia no futuro. É fácil adivinhar que, daqui a uns anos, tais jovens de hoje, sem a pressão e a trela dos educadores, mais livres, se dispersarão na Web, em duvidosa autonomia. Já sabemos desse difícil e desafiante mundo educativo: o crescimento pessoal estabelece-se muito mais com mudanças interiores do que com condicionamentos externos… Mas isto é teoria (educativa). O resto – e o mais importante – é criativa ação pedagógica.

JP in Educação 2 Setembro, 2022

faço-te a ti…

Uso (e abuso) daquele diálogo imaginado, pleno de sabedoria e verdadeira responsabilidade vivente. Um (des)crente pergunta ao seu Deus, diante de uma criança que sofre: “meu Deus, esta criança a sofrer, e Tu não fazes nada?”. Responde Deus: “sim, faço-te a ti…”.

JP in Frases 30 Agosto, 2022

Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 14, 1.7-14

«Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado»

Jesus utiliza os hábitos sociais do seu tempo para falar de humildade e de uma “lógica diferente”, que Ele veio anunciar. Não obstante a realidade social diferenciada que hoje vivemos, a tentação de tomar o primeiro lugar mantém-se no coração de cada um de nós. Sermos exaltados ou, numa perspectiva psico-afectiva, sermos reconhecidos ou valorizados, não só não é mau como é fundamental. O que é negativo, de facto, é forçar a visibilidade, “armar-se”, fazer as coisas mais pelos dividendos de eventual honra consequente do que por discretas e simples causas de serviço gratuito…

NOTA: Este texto é repetido/ajustado a partir de evento já publicado neste blog anteriormente.

DOMINGO XXII DO TEMPO COMUM



L1: Sir 3, 19-21. 30-31 (gr. 17-18.20.28-29);
Sal 67 (68), 4-5ac. 6-7ab. 10-11
L2: Hebr 12, 18-19. 22-24a
Ev: Lc 14, 1. 7-14

JP in Sem categoria 28 Agosto, 2022

Deus e as explicações…

Não procuramos Deus para explicar as causas físicas do que acontece, mas sim para ir procurando o mistério último do significado do mundo e da vida.

JP in Sem categoria 26 Agosto, 2022

prudência nos compromissos


Para dores da vida (que nos fazem crescer) bastam as dores que a vida tem. Não precisamos de precipitar dores de crescimento porque a realidade encarrega-se de nos proporcionar tal. Da mesma forma, analogicamente, para aborrecimentos, tensões, cenários de constrangimento e de “ter que fazer sem grande motivação”, bastam as situações imprevistas. É prudente, portanto, discernir e decidir todos os convites e solicitações. Para que se diga sim ao que é mais carregado de motivação intrínseca, sentido e, assim fecundidade (mesmo que “doa”). E para que se diga não se “cheirar a esturro”, a prisão, a peso excessivo, pura obrigação exterior ou manipulação e, assim, menos ou nada fecundo…

JP in Sem categoria 24 Agosto, 2022