a minha poesia
A MINHA POESIA
A minha poesia
é cíclica,
fechada,
conclusiva.
Fria!
Igual!
A minha poesia
não é poesia,
como eu,
A minha poesia
é forçada,
procurada,
construída.
Estranhamente,
por detrás
destas grades,
espreito um
prado onde
gosto e
desejo
… estar.
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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sem chave
SEM CHAVE
Chego a casa
sem chave.
Procuro por entre
as pingas da noite
a sombra da solução.
Traço pelo passeio
as melodias.
Uma história
sem destino
um destino
sem destino,
uma casa
na memória.
A paixão por esta vida
tal e qual
na confusão.
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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sonho esquecido
SONHO ESQUECIDO
Sonhei
com um poema
que esqueci.
Como o estrume
que alimenta
a terra para
dar fruto.
Assim
eu trabalho
o barro
bruto e feio.
Assim esculpo.
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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poema sem nada para dizer
POEMA SEM NADA PARA DIZER
Até sem nada para dizer
se pode escrever um poema.
Como o silêncio fala
e o branco é cor.
Como sem forma há forma,
como sofrer é amor.
Como o curto é comprido
e o rejeitado é querido.
Como a morte é vida
e o detestado apetecido.
Como quem julga na alma
não ter nada para dizer.
Pega na tinta e papel
e acaba sempre por ter…
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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sopram ventos
SOPRAM VENTOS
Sopram ventos
em imensas
direcções.
Ecoam vozes
de tons diferentes
em cada
linha do horizonte.
Forças várias
empurram-me
para muitos
sentidos.
A luz.
A cor.
A água
são o deserto
em que me encontro.
Não tenho tudo
mas sei o caminho.
Sei que depende
muito de mim…
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.
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sabor do tempo que passa
Livro editado pela Editora AO
Pode ser acedido abaixo
Referência: Paiva, J. C. (2005), Sabor do Tempo que passa, Editorial AO, Braga.
Para adquirir o livro contactar:
http://livraria.apostoladodaoracao.pt/produto/sabor-do-tempo-que-passa/
Nota: neste blog, há textos constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.
este gesto de ser
Livro (on line) editado pelas Edições Sagesse.
Pode ser acedido abaixo
paiva-Este gesto de ser – texto
Referência: Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.
Para adquirir o livro contactar: www.palimage.pt
Nota: neste blog, há poemas constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.
esta coisa
ESTA COISA
Esta coisa
de não ser ninguém.
nem poeta
nem químico
nem professor
nem homem
nem pai.
Tudo raso, pouco
quase nada.
Desejo
ser coisa
nenhuma.
Criado do criador.
Serpente voadora,
insignificante criatura,
como dizia
meu Pai
… isso herdei
in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.
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fantasma
Fantasma
O fantasma
Bateu à porta
Sem avisar.
Assustou e levou
O medo, que era ela.
O fantasma perdeu,
Pelo perdão
Pelo amor,
Em vitória eterna.
Tu, grande,
Enormemente generosa
Cresceste e venceste.
Entre nós
(quem diria?)
Subiu ao rubro
A ligação.
Paradoxo, ou talvez não
A verdade é essa:
Não menos,
É mais uma peça!
2005