solidão

SOLIDÃO

Estou sozinho

com meio coração

pendurado

no destino.

Não escondo

a tentação.

Tenho ar para respirar.

Tenho tudo

agora, aqui

neste lugar!

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

acessível aqui

 

JP in Poemas 28 Junho, 2018

a minha poesia

A MINHA POESIA

A minha poesia

é cíclica,

fechada,

conclusiva.

Fria!

Igual!

A minha poesia

não é poesia,

como eu,

A minha poesia

é forçada,

procurada,

construída.

Estranhamente,

por detrás

destas grades,

espreito um

prado onde

gosto e

desejo

… estar.

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

sem chave

SEM CHAVE

Chego a casa

sem chave.

Procuro por entre

as pingas da noite

a sombra da solução.

Traço pelo passeio

as melodias.

Uma história

sem destino

um destino

sem destino,

uma casa

na memória.

A paixão por esta vida

tal e qual

na confusão.

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

sonho esquecido

SONHO ESQUECIDO

Sonhei

com um poema

que esqueci.

Como o estrume

que alimenta

a terra para

dar fruto.

Assim

eu trabalho

o barro

bruto e feio.

Assim esculpo.

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

poema sem nada para dizer

POEMA SEM NADA PARA DIZER

Até sem nada para dizer

se pode escrever um poema.

Como o silêncio fala

e o branco é cor.

Como sem forma há forma,

como sofrer é amor.

Como o curto é comprido

e o rejeitado é querido.

Como a morte é vida

e o detestado apetecido.

Como quem julga na alma

não ter nada para dizer.

Pega na tinta e papel

e acaba sempre por ter…

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

sopram ventos

SOPRAM VENTOS

Sopram ventos

em imensas

direcções.

Ecoam vozes

de tons diferentes

em cada

linha do horizonte.

Forças várias

empurram-me

para muitos

sentidos.

A luz.

A cor.

A água

são o deserto

em que me encontro.

Não tenho tudo

mas sei o caminho.

Sei que depende

muito de mim…

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse, Coimbra.

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JP in Poemas

este gesto de ser

Livro (on line) editado pelas Edições Sagesse.

Pode ser acedido abaixo

paiva-Este gesto de ser – texto

Referência: Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.

Para adquirir o livro contactar: www.palimage.pt

Nota: neste blog, há poemas constantes do livro, com etiquetas, disponibilizados ‘avulso’.

esta coisa

ESTA COISA

Esta coisa

de não ser ninguém.

nem poeta

nem químico

nem professor

nem homem

nem pai.

Tudo raso, pouco

quase nada.

Desejo

ser coisa

nenhuma.

Criado do criador.

Serpente voadora,

insignificante criatura,

como dizia

meu Pai

… isso herdei

 

in Paiva, J. C. (2000), Este gesto de Ser (poesia), Edições Sagesse.

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fantasma

Fantasma

  

O fantasma

Bateu à porta

Sem avisar.

Assustou e levou

O medo, que era ela.

O fantasma perdeu,

Pelo perdão

Pelo amor,

Em vitória eterna.

Tu, grande,

Enormemente generosa

Cresceste e venceste.

Entre nós

(quem diria?)

Subiu ao rubro

A ligação.

Paradoxo, ou talvez não

A verdade é essa:

Não menos,

É mais uma peça!

 

2005

JP in Poemas