onde estás?
A primeira pergunta do “ajudador” é: onde estás? Não é “quem és?”, “para onde vais?” ou, menos ainda, “para onde deves ir?”…
A primeira pergunta do “ajudador” é: onde estás? Não é “quem és?”, “para onde vais?” ou, menos ainda, “para onde deves ir?”…
As críticas que tenho vindo a fazer ao fundamentalismo cientificista não devem sombrear as potencialidades da ciência e da tecnologia no progresso da humanidade. Há questões muito sensíveis e cruciais nos nossos tempos para as quais grande parte dos caminhos solucionais pode passar pela ciência. Inovações científico-tecnológicas que nem sonhamos, podem alavancar a resolução de problemas muito reais e fraturantes como a questão energética, o aquecimento global, o problema alimentar ou a escassez de água potável.
Podem apontar-se três sínteses fundamentais para os nossos tempos: a síntese da transcendência, por via da mística, a síntese da humanidade, por via da ética e a síntese cósmica, por via ecológica. A visão do Papa Francisco sobre a nossa “casa comum”, de alguma forma, faz a síntese destas três sínteses: é que o apontamento ecológico de Francisco contém mas supera a ecologia natural, incluindo, por isso, no “ser ecológico”, o “ser humanista”, o “ser transcendente”, o “ser social” e, assim, o “ser cósmico”.
A pergunta é vital, em particular nas relações humanas, na filosofia e na ciência. Em certo sentido, morremos em formato de pergunta… como Cristo…
Graças a Deus (aconteça o que acontecer)! Em rigor, com uma fé sólida, não se prescinde do parêntesis, que é, a bem dizer, o fulcro da própria fé.
Cem mil milhões, como escala de grandeza, é um número simbólico no Universo: há (cerca de…) cem mil milhões de galáxias, cada uma com (cerca de) cem mil milhões de estrelas. Há (cerca de) cem mil milhões de neurónios num cérebro humano. Há (cerca de) cem mil milhões de conformações possíveis (orientações relativas dos átomos) em muitas proteínas…
No seu mistério amoroso, permito-me imaginar que o nosso Deus, que não quis ser marioneteiro, arriscou tecer – está a tecer – em fios de acaso e necessidade.
O astrónomo Jesuita George Coyne, disse a este propósito: “Dois átomos de hidrogénio encontram-se no início do universo. Por necessidade (leis da combinação química), eles estão destinados a tornarem-se uma molécula de hidrogénio. Mas por acaso, as condições de temperatura e pressão naquele momento não são as que permitem a combinação. Os dois átomos movem-se no universo até que finalmente se combinam. E há triliões e triliões destes átomos no mesmo processo. Pela interacção de acaso e necessidade forma-se muitas moléculas de hidrogénio as quais, finalmente, se combinam com moléculas de oxigénio tornando assim possível a água, e assim por diante, até chegarmos a moléculas muito complexas e, finalmente, aos organismos mais complexos que a ciência conhece: o cérebro humano”.
Tudo passa e tudo é quase vaidade. Fica apenas o que foi marcado pelas pontes de relações autênticas… e isso dá um aroma quase eterno à existência!
Muita tinta correu e vai correr sobre o problema do mal. Pouco futuro para as teses catastrofistas e castigantes do mal. Partamos da sua evidência. Não há vida humana, tal qual se nos apresenta na realidade, sem atrito de liberdades, sem sofrimento e sem morte. A inevitabilidade do mal não é, portanto, um subterfúgio teológico mas uma necessidade ontológica (…de partida).
Gastei e gasto algum tempo com a pergunta: “porque sou?”. Ganho mais com a sua congénere: “para quem sou?”…