espera da Primavera
Gosto muito da espera da Primavera. Mas gosto, talvez ainda mais, de gostar de gostar da espera da Primavera. Gostar de gostar é desejar o desejo. Será isto voar?
Gosto muito da espera da Primavera. Mas gosto, talvez ainda mais, de gostar de gostar da espera da Primavera. Gostar de gostar é desejar o desejo. Será isto voar?
De quando em vez, vale a pena atualizar o esforço de tentar dizer em poucas palavras a nossa fé cristã. Por exemplo: “arriscar apoiar-se vivendo na base de um Deus-Amor, revelado em Jesus, em imersão comunitária”.
Emprego a palavra «missão» aqui com particular acutilância. Trata-se da empreitada de ser construtor de um mundo melhor, só atingível através da entrega apaixonada, empática e voluntariosa, quase ao jeito sacerdotal de outras missões. Não colhi nos livros esta convicção, apesar dos textos que conheço sobre a problemática da qualificação associada ao desenvolvimento. Radica antes na experiência sensível, que associo a trabalhos de solidariedade social onde me vi envolvido com famílias degradadas, jovens toxicodependentes ou crianças delinquentes. Depois de largas horas empregues a recuperar a casa, outras infra-estruturas e alguma dignidade a pessoas carenciadas a vários níveis, regressei à minha vida anterior. Foi curioso ver o resultado do «lustro» puxado a essas pessoas. Mas, muitas vezes, voltei mais tarde e vi… muitas coisas na mesma. Não fora tempo desperdiçado; algo ficara, porque muito não se vê, mas havia em mim um vazio que, ironicamente, me mostrava a importância da escola: a raiz mais óbvia daquelas fragilidades era, precisamente, a baixa educação. O caminho deveria ser, em absoluto, esta «missão»: mais e melhor educação.
A Igreja, no seu confronto autocrítico sistemático, tem de se atravessar constantemente na pergunta: estamos a ser instrumento de sinal eficaz de Cristo para o mundo?
Nunca foi tão urgente como hoje a abertura francamente dialogante às outras linguagens e aos outros olhares sobre o mundo. Diz bem Justin Smith, grande historiador das religiões: “quem só conhece a sua religião não sabe o que é a religião…”
Os educadores, bastantes vezes, terão de ‘puxar da arma da autoridade’ e impor o que tem que ser. Mas, da minha experiência de professor e principalmente de Pai, entendo que devemos ser muito económicos com este ‘armamento’. O abuso do poder, o autoritarismo, saem muito caros às relações pedagógicas: enquanto os educandos são pequenos e frágeis e há poder, parecem valer (não sem causar sofrimento). Quando os educandos ficam maiores, com mais força e discernimento, o poder é insuficiente ou mesmo estéril e a relação (que era baseada no poder), simplesmente termina.
Durante a colonização americana os índios nativos deram uma lição à nossa cultura, a propósito do parcelamento e sentido de propriedade da terra, que tanto nos mobiliza, ainda hoje. Diziam eles: “pertencemos à terra mas a terra não nos pertence…”
A primeira pergunta do “ajudador” é: onde estás? Não é “quem és?”, “para onde vais?” ou, menos ainda, “para onde deves ir?”…
As críticas que tenho vindo a fazer ao fundamentalismo cientificista não devem sombrear as potencialidades da ciência e da tecnologia no progresso da humanidade. Há questões muito sensíveis e cruciais nos nossos tempos para as quais grande parte dos caminhos solucionais pode passar pela ciência. Inovações científico-tecnológicas que nem sonhamos, podem alavancar a resolução de problemas muito reais e fraturantes como a questão energética, o aquecimento global, o problema alimentar ou a escassez de água potável.
Podem apontar-se três sínteses fundamentais para os nossos tempos: a síntese da transcendência, por via da mística, a síntese da humanidade, por via da ética e a síntese cósmica, por via ecológica. A visão do Papa Francisco sobre a nossa “casa comum”, de alguma forma, faz a síntese destas três sínteses: é que o apontamento ecológico de Francisco contém mas supera a ecologia natural, incluindo, por isso, no “ser ecológico”, o “ser humanista”, o “ser transcendente”, o “ser social” e, assim, o “ser cósmico”.