Fátima…

No que se refere às aparições de Fátima ou a quaisquer outras, não há nenhum documento da Igreja que obrigue à sua aceitação. Os fiéis são livres de acreditar ou não nessas aparições. O que a Igreja Católica faz é verificar se, pelo facto de alguém dizer que teve uma aparição, se gerou uma determinada prática devocional que se vai revelando significativamente positiva para as pessoas, em coerência com o corpo doutrinal da Igreja e em obediência às autoridades dessa mesma Igreja. Também a qualidade de vida da pessoa que relata aparições é fundamental para a sua credibilidade. Quando estas condições se verificam, a Igreja Católica encoraja esse culto e essa devoção pois tem potencialidades para levar as pessoas a uma vida de maior autenticidade humana e cristã. Há muitas manifestações à volta de aparições e respectivos santuários que a Igreja Católica desaconselha precisamente porque vão numa linha que não responsabiliza a pessoa por uma vida mais autêntica. Por vezes, as pessoas que vão a Fátima também visitam as bruxas, as quais lhes dizem que ir a Fátima acender três velas à Virgem Maria vai afastar o mau-olhado de uma vizinha que lhe produz cólicas no fígado! Ora, seria um equívoco culpar a Virgem Maria, ou as suas aparições, ou a Igreja Católica, de práticas como estas e outras semelhantes. Estamos num dos problemas centrais da prática religiosa de muitas pessoas: uma mistura do cristianismo com elementos de antigas crenças nas quais a relação das pessoas com Deus era baseada no medo e no desejo de aplacar a ira dos deuses e obter os seus favores em proveito pessoal e em prejuízo dos inimigos. O que se passa com Fátima é que a experiência dos que lá vão tem a potencialidade de encorajar as pessoas a mudar de vida num sentido mais humanizante. Este é, aliás, o cerne da mensagem de Fátima: «Que os homens se convertam e se tornem bons», no sentido do evangelho de Jesus Cristo.

JP in Espiritualidade Frases 10 Maio, 2021

a vossa alegria seja completa

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 15, 9-17

a vossa alegria seja completa

A alegria que Jesus nos propõe, a mesma que experimenta na confiança de um amor garantido, é a alegria completa. Todos nós já experimentámos alegrias incompletas, isto é, superficiais e provisórias. Há coisas que nos dão satisfação fazer, que nos dão contentamento, mas, passado algum tempo, nos trazem nostalgia ou mesmo vazio, porque parecem trazer o selo de alguma superficialidade e porventura, também de autocentralidade. Estar numa festa, por exemplo, pode ser palco de dois tipos de alegria: se se cultiva certo prazer, mais ou menos excêntrico, mas autocentrado, sem preocupação com os outros, gera-se contentamento… mas depois, possivelmente, solidão. Se se goza, igualmente, se se faz festa na festa mas pensando nos outros, filtrando os gestos e palavras pela peneira do amor, talvez haja alegria…completa!

JP in Espiritualidade Frases 8 Maio, 2021

toda a vara que em mim não dá fruto…

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 15, 1-8

toda a vara que em mim não dá fruto…

A linguagem da videira, do fruto e da poda, tem uma coerência interna
interessante e pode com grande facilidade ser antropoligizada. Sabemos que damos fruto se estivermos ligados à videira, que, na linguagem da nossa fé, é Deus-amor. A poda que é necessário fazer, nos ramos que precisamos de deitar fora, é uma constatação importante. Quando alguém nos aponta um defeito, uma atitude menos correta, um vício, temos natural tendência de “deitar as garras de fora”, de nos defendermos e até de contra-atacar. Inspirados neste Evangelho podemos ter um entendimento e um acolhimento diferentes das críticas que nos são feitas: possam ser (nem sempre são, bem entendido) instrumentos de reflexão para crescimento, para eventual poda e para dar mais fruto.

JP in Espiritualidade Frases 2 Maio, 2021

neurónios e coração

Confesso-me de pendor racional, com as vantagens e desvirtudes disso mesmo. Digo de mim que até o meu coração é tecido de neurónios ligados à cabeça (e assim é). São alguns neurónios, talvez rarefeitos (…) e oxalá me levem a outra essência que os supere…

JP in Frases 28 Abril, 2021

Aprender criativamente e o esforço necessário…

Para aprender há que ter em conta que «não se fazem omeletas sem ovos». Não se criam textos sem conhecer as palavras, nem se é criativo matematicamente sem saber a tabuada. Aprender deve e pode ser agradável, mas sem «sangue, suor e lágrimas», sem esforço e sem alguma mecanização, não se vai muito longe…

JP in Educação Frases 26 Abril, 2021

Eu conheço as Minhas ovelhas e elas seguem-Me

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Jo 10, 11-18

Eu conheço as Minhas ovelhas e elas seguem-Me

Os apóstolos têm no Apóstolo dos apóstolos, o Bom Pastor, o
seu modelo. Jesus conhece as suas ovelhas, o que no sentido metafórico pastorício é de uma grande relevância e dá um tom muito personalista à nossa Fé. Entendemos que Deus, em Jesus, conhece, “está com” e ama cada um de nós. Inspirador também para os cristãos, eles próprios apóstolos, é conhecer os outros: ouvir, “perder tempo” com eles, saber da sua vida, interessar-se pelos seus problemas (sem invasões, claro…). Esta atitude – e escreve quem a deseja mas quem reconhece inúmeras dificuldades – não pode ser voluntarista e superficial. Esta atenção ao outro terá de brotar de uma atenção ontológica, ao que se é, onde se está e ao que se vive… Ninguém ama o desconhecido e conhecer os outros humanosé um aspeto incontornável da vida de todos. Conhecer os outros e interessar-se genuinamente por eles é, além de um mandato humano, um estilo agudamente cristão…

JP in Espiritualidade Frases 24 Abril, 2021

eternidades

Os meus raros momentos (dádivas) de quase vivência esmagante de eternidade são tecidos, apesar de tudo, de entregas plenas a instantes de presença agradecida.

JP in Espiritualidade Frases 22 Abril, 2021

assim está escrito, que o Messias havia de sofrer e ressuscitar

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Lc 24, 35-48

assim está escrito, que o Messias havia de sofrer e ressuscitar

A frase do evangelho: “assim está escrito, que o Messias havia de sofrer e ressuscitar” é curiosa e muito sintética da nossa fé. Poderíamos resumir aquilo em que acreditamos na ideia vivida de que, como Jesus, entendemos (mais ainda, acreditamos e vivemos) que todo o sofrimento que a existência acarreta não é a última palavra. Convínhamos que em alguns redutos, incluindo religiosos, esta frase aparece truncada e apenas: “Assim está escrito, que o Messias havia de sofrer…”. Ora é uma afirmação não truncável, porque a Páscoa está a acontecer. Agradeçamos e vivamos em alegria a última parte não descartável, que ilumina a primeira: “…e ressuscitar”.

JP in Espiritualidade Frases 18 Abril, 2021

prciso que precisem de mim?

Há uma pergunta que nos deve ocupar, principalmente aos mais ativos na (pseudo)caridade: “faço isto porque os outros precisam ou porque preciso que os outros precisem de mim?…”

JP in Frases 16 Abril, 2021