mudita
Há um termo budista que é de si só inspirador: mudita. Significa encontrar a própria alegria na alegria dos outros. Bela agenda…
Há um termo budista que é de si só inspirador: mudita. Significa encontrar a própria alegria na alegria dos outros. Bela agenda…
Há um conflito geracional intrínseco, cuja constatação nos devia impedir, à priori, de sermos pessimistas faces à juventude. Uma expressão interessantíssima, que delicia os velhos do Restelo, nos elucida: «A nossa juventude ama o luxo, é mal-educada, zomba da autoridade e não tem nenhuma espécie de respeito pelos mais velhos. As crianças de hoje são tiranas. Não se levantam quando um ancião entra na sala, respondem aos seus pais e são simplesmente más». A curiosidade, porém, é estas palavras terem sido proferidas pelo filósofo Sócrates, há cerca de vinte e quatro séculos…
O tempo que nos é dado, agora para teclar, imaginar e criar a saudade do futuro, é, desde logo, uma enorme Graça.
Poderá ser um tanto precipitada a satirização básica da procura da eternidade por parte dos alquimistas. É certo que a clarificação da ciência e da sua metodologia não abrem espaço razoável para qualquer alquimia contemporânea. A tentativa de substancializar a eternidade é uma confusão metodológica em si própria. Mas é curioso notar que, em última instância, particularmente por via da biologia, das neurociências, da farmacologia e da medicina, a ciência continua a ter, em certo sentido, uma agenda de evitamento da morte… As biomáquinas e as associações bionanotecnológicas para perpetuação/substituição de órgãos humanos deteriorados leva-nos à noção de ‘amortalidade’ , com toda a sua conflitualidade tensional ética. Uma certa alquimia do século XXI, convenhamos…
Tropecei numa máxima que me pode ajudar muito, apressado que sou. Diz: “o apressado como crú”…
É longa e ampla a tensão entre Deus e o Homem, entre o Cristo Homem e o Cristo Deus. Percebo a necessidade mística mas tenho receio dos seus exageros, incluindo em mim próprio. É que na procura do Eu Absoluto o Homem não pode esquecer que, se vivencia Deus, o faz dentro de si mesmo, não em Deus, mas, por Sua ação e graça, no próprio Homem.
A decepção é garantida para quem alimenta expectativas de mãos cheias. Depois de alcançarmos os pequenos sonhos, todos o experimentamos, nasce em nós uma estranha ilusão.
Vamos tentando surfar no tempo, em vez de lutar contra o tempo…
Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se II Tg 5, 1-6
as vossas riquezas estão apodrecidas e as vossas vestes estão comidas pela traça
O texto da epístola de Tiago alude à precariedade da materialidade e à fragilidade da acumulação. A Bíblia, no Antigo e no Novo Testamento, aponta, em inúmeras passagens, para a fragilidade do ter, face à força do ser. Para aqueles que leem estas palavras e já possuem alguma cultura espontânea de austeridade e a quem a vida já ensinou que vale muito pouco a pena acumular, convém abrir uma outra porta, que nos conserva sempre uma positiva inquietação: é que há ainda muitos humanos no nosso planeta que não têm os mínimos e a quem seria imoral pedir qualquer desprendimento. É legítimo que esses desejem ter o mínimo que nunca tiveram e de que precisam. Não chega, portanto, sermos modestos e austeros (embora seja um ponto de partida importante). Parte do movimento de todos nós, mesmo dos menos materialistas, é incentivar e empreender genuínas partilhas, à escala global. Essa partilha, sim, é garantia que a traça não corrói…
Não desgosto da palavra mistério. Não que o mistério sirva para pararmos, para nos afogarmos ou para perdermos o norte da tentativa da razão. Mas o mistério é a óbvia constatação de que somos uma casa especial: com muitas janelas, mas algumas, imanando luz, pelo menos para já, não se podem entreabrir.