Lawrence e o universo do nada…
Lawrence desenvolve a famosa tese não crente do “universe from nothing”. Mas o que será o nada para Lawrence? O nada físico? O nada filosófico? Flutuações quânticas? Para mim, talvez ignições de amor criativo…
Lawrence desenvolve a famosa tese não crente do “universe from nothing”. Mas o que será o nada para Lawrence? O nada físico? O nada filosófico? Flutuações quânticas? Para mim, talvez ignições de amor criativo…
Muitas pessoas e famílias têm (temos) agendas intensas de mais, com ‘sins a tudo’, sobrando menos tempo para o descanso, o lazer, o encontro connosco próprios, a oração, a alimentação do ‘carisma de família’, etc. Principalmente na vida urbana, há uma agenda muito carregada. Falo das (múltiplas, talvez de mais…) atividades dos filhos, dos aniversários de amigos e filhos de amigos e familiares, dos eventos que, embora sociais, têm ‘insinuações’ profissionais, de outros até de natureza apostólico-religiosa (para quem os tem), de funerais e velórios, de reuniões de associações de pais, etc, etc. (até cansa a invocação…). A pergunta tensional seria: temos de ir a todas? Suspeito que a resposta é “não”. Cada um terá um trabalho de casa interior para explorar porque, em nome de bens maiores, como o descanso, a estabilidade familiar ou outros motivos, poderá dizer menos ‘sins’ e deixar de estar em todo lado, porventura não estando bem em sítio nenhum… Estou consciente que este é um discernimento complexo e dinâmico. O que estou a partilhar e a convidar-me a praticar, tem um perigo: a instalação, o conforto egocêntrico ou a ausência de compromisso. Trata-se de uma ameaça que está no outro extremo do fazedismo e do ‘ir a todas’, que estou a especular… e é igualmente desinteressante e perigoso, para o próprio e para a humanidade. Muitas vezes move-nos um enganador ‘e o outro – que convidou – fica ofendido(a)…’. Mas a esse argumento costumo auto-responder: se fica ofendido(a), sem querer saber, confiar ou compreender os meus argumentos, é também porque tem pouco potencial de amizade… No seio desta complexidade, para nós que queremos ser coerentes e honrar os nossos compromissos, está muito o facto de, precisamente, nos comprometermos com coisas de mais. E depois do compromisso, segue-se a compreensível fidelidade… mas que às vezes atinge limites imensos, como se houvesse super-homens ou super-mulheres. E nesses casos poderá também ter de se ganhar coragem e arrepiar caminho, recuando. Há que contar bem as armas antes de aceitar certos compromissos… E uma vez comprometido, pois sejamos fieis…
Interessantes e quase práticas as três dicas oferecidas por Thomas Halik face às feridas da vida: a) o outro feriu-me, então aceitar (ainda que me possa defender e evitar continuidades); 2) eu feri e posso reparar, então pedir perdão e trabalhar para emendar; 3) eu feri e não posso reparar, então pedir perdão e continuar a viver como pessoa melhor.
Reconhecer-se reconhecido ultrapassa a autoestima. Para este processo é condição necessária uma dádiva prévia, uma confiança, um ato de amor, desde a barriga da Mãe, ao afecto de alguém, a poder mamar e agarrar. Quando reconhecer-se reconhecido se torna existencial, aí estamos no ventre do Cosmos, no centro da Graça, no essencial de um grande Encontro, que nos contém mas nos transcende…
Gosto de pedir emprestado a Whitehead a sua máxima de “Deus em processo”. Talvez por isso, sempre que posso, evito chamar o Deus omnipotente e privilegio o Deus omnitransformante…
Se Deus fosse um estímulo criativo, a nossa realidade seria uma tela branca e cada um de nós um pincel colorido…
Compreendem-se, nos planos teológico e místico, as invocações ao ‘silêncio de Deus’. Também a vida crente se depara com essa metáfora. O que há que averiguar, contudo, é se é silêncio de Deus ou se é surdez humana…
O diálogo pode ser um verdadeiro encontro com a plenitude, uma teofania. Talvez por isso, também por isso, o diálogo inter-religioso não é um apêndice facultativo da teologia que temos à nossa mercê: esse diálogo é, verdadeiramente, um fecundíssimo lugar teológico!
Para a cultura yoga o desapego material expressa-se em ideias como a possibilidade de atingir a sensação plena e vivida de que o ouro não vale mais do que uma pedra. Inspirador…
O teólogo ortodoxo Olivier Clément faz referência às inspirações bíblicas de um “corpo animado” e de uma “alma vivente”. Este “dois em um”, no sentido inverso ao da dualidade corpo/alma, tão negativamente marcada na tradição cristã, é um convite à integração: (a menos de melhores termos) é corpo E alma. Também espreita certa ontologia essencial: não temos corpo e alma, SOMOS CORPO (relações) e ALMA (vida).