encontro de liberdades…

A liberdade de Deus e a liberdade do homem encontram a sua convergência no paradoxal lugar do tempo e do espaço. Aí, na história, na minha história, na nossa história, na história de Deus, se tece o dom da vida.

JP in Sem categoria 20 Novembro, 2023

foste fiel em pequenas coisas

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 25, 14-30

O texto de Mateus aponta-nos um caminho pequeno-grande, mas vital para compreender o Evangelho: a importânica do pequeno, do insignificante, do que se vê menos, do espalhafatoso, do badalado, do muito grande, do que tem muitos “likes”… A fidelidade nas pequenas coisas é aquilo que, experimentado, nos permite aceder ao magis da liberdade. Todos os místicos se detiveram aqui, no detalhe, no instante sagrado do pouco tomado como tudo. O grande talento é o pouco dado, que se torna enorme.

NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.

DOMINGO XXXIII DO TEMPO COMUM



L 1 Pr 31, 10-13. 19-20. 30-31; Sl 127 (128), 1-2. 3. 4-5
L 2 1Ts 5, 1-6
Ev Mt 25, 14-30 ou Mt 25, 14-15. 19-21

JP in Sem categoria 18 Novembro, 2023

o que é a vida?

A ciência tem tentado operacionalizar o conceito de vida, mas não está fácil… autorreprodução, continuidade genética, funções de permuta energética/material, etc. Para mim, a palavra mais perto de vida alimenta tanto a tentativa epistemológica coma a existencial. Essa palavra é “relação”. Quanto à vida… teima em ser uma problemática física…, mas metafísica…

JP in Sem categoria 16 Novembro, 2023

sofrimento

Há sofrimentos extremos, já com cheiro de morte, com aquele lado de «solicitação de silêncios»… Sobra descalçar as sandálias e também uma certa esperança de essencialidade espiritual e alguma purificação. Pode-se estar e usufruir (…) e talvez «dizer» isto mesmo, sem palavra alguma…

 

JP in Espiritualidade Frases 14 Novembro, 2023

portanto, estejam sempre atentos

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 25, 1-13

Seguir (encontrar-me com o noivo), implica decisão (candeia) e compromisso alimentado (azeite). Alimentar uma candeia com azeite neste convite metafórico riquíssimo implica: trabalhar, persistir, ser fiel, acompanhar o processo. É importante ser perseverante nas empreitadas e propósitos pessoais, profissionais e apostólicos em detrimento de ser imprudente (candeia bonita mas sem azeite…). Seria interessante um confronto com os nossos rótulos de potencial conformista: “sou católico”; “vou à missa”; “sou consagrado”; “pertenço a estruturas da igreja e de movimentos”, “sou amigo de…”; “sou casado com”; “sou Pai…”; “sou professor” etc. Isto são candeias! E o azeite?… E o combustível da alimentação da chama?…

NOTA: Este texto repete em parte ou no todo palavras já escritas neste blog, noutro contexto.

DOMINGO XXXII DO TEMPO COMUM


L 1 Sb 6, 12-16; Sl 62 (63), 2. 3-4. 5-6. 7-8
L 2 1Ts 4, 13-18 ou 1Ts 4, 13-14
Ev Mt 25, 1-13

JP in Sem categoria 12 Novembro, 2023

compaixão

Jesus é para mim muito inspirador na relação com os outros, principalmente porque fita a fragilidade e o sofrimento de cada humano. Jesus não mobiliza o pecado… esse, que existe, é para redimir pela compaixão, não para agudizar pela acusação… É isto, libertar(-me) na compaixão, o que nem sempre faço, que desejo ardentemente ser.

JP in Sem categoria 8 Novembro, 2023

ainda Jornada Mundia da Juventude

Ainda a propósito da JMJ elaborei uns dizeres na publicação abaixo*.

“Sou daqueles que não ferve de entusiasmo por grandes eventos, com grandes multidões. Por
isso mesmo, acompanhado das mesmas limitações que me autocoibem de ir a jogos de futebol,
grandes espetáculos musicais ou feiras, acompanhei de casa e a distância a Jornada Mundiais da
Juventude. Para mim, valeu assim. Sei até que, sem corresponder à experiência indizível de quem
esteve em Lisboa, fruí de algumas vantagens na perceção das mensagens e na captura detalhada de algumas performances.
(…)

O evento superou o programa e também as minhas expectativas. Esteve bem quem organizou, esteve bem quem colheu e, claro está, deu luz muito expressiva o Papa Francisco. Os discursos do Papa e os gestos de simplicidade foram de uma Igreja em saída. Mas também as celebrações, as danças, a estética global. A Igreja, porque se abriu e foi o que é chamada a ser, falou para fora e foi reconhecida pelos mais variados quadrantes como uma casa porosa, capaz de congregar para a paz, para a humanidade, para a essência das coisas.
‘Chamando os bois pelos nomes’, para dentro e para fora da barca que somos, Francisco soube
apontar enganos, recentrar a vida e apresentar sinais de muita esperança. Poderemos elencar os
highlights muito fortes do Papa, que valem por si e apresentam futuro: a Igreja de todos, todos, todos, o olhar para baixo apenas para ajudar a levantar, o encorajamento à superação do medo, o combate ao clericalismo, a devolução que nos é devida pelos privilégios da formação e da educação, a assunção da fragilidade, a atenção aos mais pobres, o último lugar como sítio cristão, etc. Mas, no meio de tantos elogios à Jornada em geral e aos dizeres e ao ser do Papa Francisco, vou destacar um elemento, que pode ter passado mais despercebido e que se revela muito inspirador: o Papa fala pouco de cada vez e na mancha temporal dos discursos, fala uns bons noventa por cento ou mais, diria eu, de forma simples e para toda a gente, para fora (e assim para dentro), com muito pouco paleio beatífico, desse que ainda abunda na barca e que quase ninguém entende (nem fora nem dentro) … e que está gasto, desgastado, cansado…

(…)

Diz a sabedoria veiculada na espiritualidade inaciana que em tempos de desolação não se
tomam grandes decisões. Ora, na Igreja em Portugal e no mundo, depois desta Jornada Mundiais da Juventude em Lisboa, sopram ventos de consolação. Ótimo tempo de mudança, abertura e arejamento, portanto, como profetizado por Francisco no nosso país. Trabalho sério, prolongado, mas urgente. Nada precisa de ser inventado pois já temos um nome para este caminho: sinodalidade vivida, de forma autêntica e aberta. Vamos a isto!”

*

Não temos medo. Refelexões sobre a JMJ e o caminho sinodal

Perfácio de Paulo Portas e coordenação de Rui Sariava. Paulinas. 2023.

JP in Sem categoria 6 Novembro, 2023

impõem leis difíceis de cumprir e obrigam os outros a suportá-las, mas eles próprios não fazem nada para as cumprir

Na liturgia católica romana deste fim de semana escuta-se Mt 23, 1-12

O trecho do Evangelho que este fim de semana se lê nas missas merece ser colocado na forma de espelho da Igreja. Bastaria que ministros e outros leigos às vezes mais clericais que muitos clérigos, escutassem, interiorizassem e auto-criticassem como mola de transformação, algumas das palavras diretas de Jesus, sempre muito “de pé atrás” com a hipocrisia religiosa: “Gostam de ocupar os lugares mais importantes nos banquetes e os assentos de mais destaque nas casas de oração” ou “é que eles dizem uma coisa e fazem outra. Impõem leis difíceis de cumprir e obrigam os outros a suportá-las, mas eles próprios não fazem nada para as cumprir”. Ganhemos todos lucidez crítica sobre o que a Igreja não deve ser e tentemos aberturas outras, mais verdadeiras, humildes e, assim, radicalmente amorosas…

DOMINGO XXXI DO TEMPO COMUM


L 1 Ml 1, 14b – 2, 2b. 8-10; Sl 130 (131), 1. 2. 3
L 2 1Ts 2, 7b-9. 13
Ev Mt 23, 1-12

JP in Sem categoria 4 Novembro, 2023

mortes…

Tenho vindo a realizar que deverá ser certo que Deus acolha no seu amor todos os que partem deste mundo (sem prejuízo de poder haver quem, até pós-morte, por imperativo de liberdade, possa recusar esse Abraço). Nas nossas liturgias fúnebres, em particular, ainda estamos muito na teologia de mérito quando o que verdadeiramente salva é a teologia da graça. A misericórdia rasga-se e será excessiva, mais ainda do que já é. Que nós mesmos, enquanto andamos a tentar realizar o sonho de Deus por aqui, nos animemos com o Alegria que já se antecipa.

JP in Sem categoria 2 Novembro, 2023

Igreja aberta

Javier Melloni, no seu livro “Cristo interior” lança um lastro tão cristão quanto radicalmente aberto e ecuménico, que me descansa, enquanto crente católico Romano: “A Igreja é um jardim de surpresas onde germinam sementes antigas que não germinaram na sua altura mas não morreram, e onde árvores de outrora são hoje lenha esquecida. A Igreja á maior que ele própria, mas não o sabe. Põe limites às suas possibilidades. Sempre o fez e continua a fazê-lo. Mas as sementes do evangelho não sabem destas demarcações e por isso há Igreja para lá da Igreja, como há evangelho para lá do texto e há Cristo a nascer em todo o coração desalojado de si mesmo. O Cristo nascente está albergado em cada interior humano. Há sementes de divindade – o chamamento a viver a existência como plenitude do receber e do dar-se, tal como acontece no interior de Deus – espalhadas por toda a parte. Jesus de Nazaré veio despertar-nos e, desde então, estamos a amanhecer apesar de tanto adormecimento nosso.”

JP in Sem categoria 30 Outubro, 2023